domingo, 28 de abril de 2019

Loja dos “+Afetos” na Gafanha da Encarnação


A Junta de Freguesia da Gafanha da Encarnação inaugurou a Loja Social “+Afetos”, com o objetivo, muito louvável, de promover a solidariedade na comunidade. Trata-se, no fundo, de uma resposta social, direcionada para as necessidades imediatas de famílias em situação de risco, que vai funcionar na sede da autarquia, entre as 10h e as 13h, dos primeiros e últimos sábados de cada mês. 
Nessa linha, recolhem bem usados ou novos em bom estado, para posterior utilização, necessariamente doados por particulares, comerciantes e empresas, sendo garantido, assim cremos, uma imediata distribuição, não muito comum em algumas instituições que se apoiam, por vezes, em burocracias incompatíveis com as urgências. A fome e outras carências não podem esperar. 
Felicito a Junta de Freguesia da Gafanha da Encarnação, com votos dos maiores êxitos nesta tarefa tão fundamental em pleno século XXI, apesar dos avanços tão notórios a nível económico, social e cultural.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

MaDonA - Fragmentos...

Cãezinhos

Vendedora
Circulava eu, tranquilamente, pela Avenida da Força Aérea, sempre a velha tendência de andar com a cabeça no ar, quando me aproximo da passadeira para a atravessar. Como mandam as regras da segurança rodoviária, devemos esperar pela cor verde dos semáforos, para uma passagem segura. Ao meu lado, estava um jovem casal, em que a senhora segurava uma trela dupla com dois caniches vivaços e irrequietos. 
Como é típico nos portugueses muito apressados (!?) se não vier um carro próximo, olha-se para ambos os lados da via e atravessa-se mesmo com o sinal vermelho. Confesso, mea culpa, que faço parte deste grupo transgressor. 
O jovem senhor que partilha deste mau comportamento, aventurou-se como eu, a atravessar com sinal vermelho, tomando-me até a dianteira. A senhora que ficara no início da passadeira, aguardando o momento de passar, exclama com reprovação “Olha que exemplo estás a dar aos cães! 
Sorri, complacente e prossegui viagem, em direção ao quartel da GNR, não para fazer nenhuma denúncia, apenas de passagem... 
Nesse percurso, junto À Oficina da Saúde, cruzo-me com um grupo de três pessoas, um deles um cavalheiro, bem-trajado e engravatado, (parecia uma testemunha de Jeová!) e apanhei de relance “Um homem quando se ajoelha, fica reduzido a um terço da sua estatura!” “um terço?”, contesta uma interlocutora. “Ah...a dois terços, vistas bem as coisas”....Ouvi, curiosa e prossegui a matutar naquilo “Um homem fica diminuído?”

Georgino Rocha: O Ressuscitado convive connosco

Domingo da Misericórdia 2019 

  
  É ao cair da tarde. Em Jerusalém, cidade onde há dias havia ocorrido a morte por crucifixão de Jesus de Nazaré. A noitinha está prestes a chegar. Começam a rarear os últimos clarões de luz. A hora do tempo marca o ritmo do coração e indicia o estado de ânimo dos discípulos: Esperança muito em baixo. Refugiados em casa, estão cheios de medo e com as portas trancadas. Sobretudo as do espírito encerrado no futuro imediato. O desfecho dos seus sonhos, que duraram quase três anos, deixou-os em estado de choque. O Rabi, o Mestre em quem haviam depositado total confiança, teve morte trágica. E agora, que vai ser de nós? Será conhecido o nosso refúgio e esconderijo? Virão à nossa procura? Que nos farão? E muitas outras dúvidas e perguntas enchiam a sua imaginação.
Jesus apresenta-se no meio deles. De modo simples. Sempre Ele a tomar a iniciativa, a surpreender. E saúda-os amigavelmente: “A paz esteja convosco”. João, o narrador do episódio (Jo 20, 19-31), não faz alusão a qualquer censura pelo passado recente. Apenas refere que lhes mostra as mãos e o lado, com as cicatrizes da paixão, sinais da sua identidade de crucificado. Não haja dúvidas. É Ele mesmo. Está à vista.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Senos da Fonseca - 45 Anos de Abril.



 45 Anos de Abril

Sobre a verde bruma do dia
Vê-se no céu pardacento
Um sol sem brilho nem fulgor.
A ria corre sombria.
Parece triste por nenhum barco
Sobre ela, a novo futuro rumar.

Dia de melancolia carpida,
Naquele que foi
Um dia,
O dia de todas as alegrias vividas.
A minha alma de hoje
Não é igual à alma de ontem.

Na minha alma de ontem soava
Num tambor feito de prata
Do tamanho do meu país,
a liberdade, então conquistada.
Hoje bate um trémulo tlim-tlam
Soando triste, na madrugada.

SF - 25 abril 2019


25 de Abril - Do discurso do Presidente da República



“Dir-se-ia que foi ontem, mas passaram já 45 anos. E há 45 anos quais eram as expectativas, os anseios, os desafios, as causas dos jovens de Portugal? Desse Portugal também jovem, apesar do milhão que havia votado com os seus pés, emigrando, recusando a vida sem liberdade, sem mais desenvolvimento, sem maior justiça social. Lembramos bem o que nos unia, a nós jovens, dos mais opostos pensamentos na alvorada da mudança. Unia-nos democracia em vez de ditadura. Liberdade em vez de repressão. Desenvolvimento integral e justiça social mais partilhada em vez de desigualdade económica, descriminação social, taxas confrangedores de mortalidade infantil, de escolaridade e de infraestruturas básicas. Paz em África em vez de empenhamento militar sem solução política. Isto nos unia.”
 
E mais...

“Muito do mais nos dividia. Os contornos concretos do regime político, o sistema de governo, a visão sobre a Europa e do Mundo, o papel do Estado, pessoas e organizações, o caminho, o fim, o ritmo da Revolução, o alcance da Constituição e como ela se devia conjugar com a Revolução, prolongando-a, moderando-a ou conformando-a. E como sempre acontece com as revoluções, cada qual cadinho de muitas, muito diversas, uns veriam os seus desígnios triunfar no instante inicial. Alguns, em vários trechos do percurso. Outros, na primeira versão da lei fundamental, outros ainda no somatório das revisões que a foram moldando a novos tempos e a novos modos. Em rigor, dos jovens de 74 nenhum pode dizer ter visto vencer tudo o que queria para o seu e nosso futuro.” 

25 de Abril

25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen,

In "O nome das coisas"