sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Diz Jesus: Quem faz o bem, age em meu nome


Georgino Rocha

"É preciso um novo olhar e uma nova compreensão. Gente anónima faz muito bem, realiza a solidariedade activa na vizinhança e nas grandes causas da humanidade, especialmente quando se abate a tormenta fustigante. Os discípulos, que somos também nós, estão chamados a reconhecer esta onda de generosidade anónima e de a promover e iluminar com o sentido de um são humanismo redimensionado pela fé cristã."

João, o amigo de Jesus, aproxima-se d’Ele e faz uma declaração realista seguida de um pedido urgente. De facto, estava queixoso, bem como o grupo de discípulos, seus companheiros. No andar pelos caminhos da Galileia, deparam-se com o impensável: Gente estranha e desconhecida a agir em nome de Jesus e a expulsar demónios, Era demais para o seu modo normal de pensar, pois a eles estava confiado tal serviço. (Mc, 6, 6-13). Se outros o fizessem, sem andar na escola do Mestre, seriam igualados em tais práticas e privados daquilo que consideravam seu exclusivo. Por isso, havia que tomar posição: nada menos do que uma proibição formal, sem apelo nem agravo.

Marcos, autor do relato, refere em estilo claro e sem rodeios: “Mestre, nós vimos um homem a expulsar demónios em teu nome e procurámos impedir-lho, porque ele não anda connosco”. (Mc 9, 38-48). João recorre a Jesus, porque os discípulos não tinham sido capazes de fazer valer a sua pretensão e sentiam uma certa frustração. Estavam incomodados e tecem comentários. E o exorcista anónimo continuava a exercer a sua função na prática do bem, de libertação de males diabólicos.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Notas do Meu Diário — Senhora de Vagos




No próximo dia 5 de outubro, vai realizar-se a romagem à Senhora de Vagos, como lhe chama o povo, mas o seu verdadeiro título é Santa Maria de Vagos, como bem lembrou, há anos, o Pe. Carvalhais, prior de Vagos, com obra publicada sobre o tema. A dinamização da romagem é da responsabilidade da ADIG (Associação para a Defesa dos Interesses da Gafanha da Nazaré), presentemente liderada pelo Humberto Rocha, um familiar e amigo cujo dinamismo bastante aprecio. 
O programa da romaria está no blogue da Paróquia de Nossa Senhora da Nazaré e precisa de ser lido, sobretudo por quem quer e pode participar, até porque há fortes motivos que justificam a visita, em grupo, a Santa Maria de Vagos, onde não falta espaço para o convívio, para a festa, para o piquenique e até para a meditação. 
Esta Nota do meu Diário, dedicada ao tema, visa lembrar a importância de cultivarmos as nossas tradições, homenageando, de forma simbólica, os nossos antepassados, originários, há séculos, de terras de Vagos, como pode ser confirmado por pesquisas genealógicas e ainda pelos apelidos e alcunhas que perduram até aos nossos dias. 
É certo que a Gafanha da Nazaré (como as demais Gafanhas) acolheu, ao longo dos tempos, gentes das mais variegadas paragens, que nos cumpre honrar, pois também foram construtores da nossa sociedade e alicerces do nosso progresso a vários níveis.
Os meus parabéns pela iniciativa com votos de sucesso.

Fernando Martins

O Google está em festa: Parabéns

Timor-Leste passa a Estado-membro da ONU

Xanana Gusmão, um herói da
independência de Timor-Leste

No dia 27 de setembro de 2002, Timor-Leste foi admitido como Estado-membro da ONU. Já lá vão 16 anos e os mais velhos recordam, como se fosse hoje, o nascimento de um Estado, que Nação já o era há muito, com a sua identidade própria, marcadamente cristã. 
Passados estes anos, é justo lembrar os que se bateram, em Timor-Leste e em Portugal, pelo direito de um povo a ser dono do seu futuro, depois de um longo período de séculos sob a bandeira portuguesa, com o estatuto de colónia. 
Não importa tanto falar hoje dos políticos e outras organizações, mas também dos heróis timorenses que lutaram, por todas as formas, pela independência da sua pátria. Permitam-me citar a dignidade e operacionalidade possíveis e impossíveis da Igreja Católica, que sempre apoiou, com a fé indesmentível dos timorenses, a libertação daquele povo sofredor.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

PALABRAS CO BENTO NO LEBA de Domingos Cardoso

Um livro para todas as famílias de Ílhavo, e não só 


Domingos Cardoso dedica ao Povo de Ílhavo e aos seus familiares, “passados e atuais”, da boca de quem ouviu, “muitas destas palavras e expressões que o Tempo ainda não levou” da sua memória 


Palabras co bento no leba é o mais recente livro do ilhavense Domingos Freire Cardoso. É um livro que nos brinda com um trabalho excelente, muito diferente dos que tem por costume oferecer-nos. Dele já conhecemos a sua poesia, que muito apreciamos, em várias edições, marcadamente no tom dos sonetos camonianos, que cultiva com esmero. Não foi por acaso que exerceu funções como responsável pelo pelouro da cultura da Confraria Camoniana de Ílhavo. E para além da poesia, brindou-nos a todos com uma outra obra — Pedras sem Tempo do Cemitério de Ílhavo —, onde levou à prática a sua rara sensibilidade, em estudo meticuloso e cuidado que o engrandece pela riqueza do conteúdo que legou aos seus concidadãos, e não só. 
Desta feita, Domingos Cardoso dedica ao Povo de Ílhavo e aos seus familiares, “passados e atuais”, da boca de quem ouviu “muitas destas palavras e expressões que o Tempo ainda não levou” da sua memória, como se lê na Dedicatória. Palavras e expressões das gentes de Ílhavo que são um desafio a todos, para que não deixemos cair no saco do esquecimento o legado riquíssimo do linguajar dos nossos ancestrais. 
No Prefácio, assinado por Augusto Nunes, lê-se que “Escrever um livro é uma forma de amar… de amar a vida e o que a rodeia”, garantindo que tem a certeza de que não leu “uma única linha que não fosse escrita com paixão”. E acrescenta: “O livro é uma maravilha de erudição, fruto decerto do seu labor intenso e apaixonado”. 
Augusto Nunes ficou fascinado com a leitura desta obra, porque Domingos Cardoso fez as palavras “lidarem com as vozes, aquelas vozas tão castiças dos nossos avoengos… aquela divina oralidade que já não volta mais”.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Notas do Meu Diário – O Porto

A Aidinha no terraço da sua  casa no Porto

Ontem, passei pelo Porto, a correr, que o destino era a festa de aniversário da minha filha Aidinha. Uns percalços, com avaria no carro, ensombraram a nossa pressa de chegar ao “Parabéns a você nesta data festiva”. A gentileza dos convidados que nos aguardaram tranquilamente mostrou o sentido de proximidade que nos une. Mas chegámos e saboreámos a alegria da aniversariante, da família e amigos. À volta da mesa, os percalços foram atirados para trás das costas. Pena foi, sentida por todos, a ausência do nosso Fernando, que teve de regressar a casa com o reboque da Assistência em viagem, para assinar a declaração da entrega do veículo na Gafanha da Nazaré. Obrigado, Fernando, pela tua boa disposição, posta à prova na hora própria, sem hesitações. Na próxima vez, se é que haverá uma próxima vez (para longe vá o agoiro!), sou eu quem se sentará ao lado do condutor para, no final da corrida, assinar o documento de entrega do carro no sítio certo. 
Nos intervalos dos comes e bebes e das conversas normais nestes casos, onde a boa disposição reinou, saltaram do meu subconsciente os anos que vivi no Porto, na juventude, com ruas e ruelas calcorreadas nas horas vagas. Gente que corre, conversa, ri e trabalha, e que fala do seu Porto, o FCP, com paixão. De cada canto se via a Torre dos Clérigos, a Câmara ao fundo da larga avenida. A Estação de São Bento, o trânsito, a meus olhos caótico, sem nunca registar qualquer acidente.  E os cinemas de tantos e tão variados filmes, e o Coliseu de grandes espetáculos, e os concertos para a juventude dirigidos pelo maestro Silva Pereira, e as livrarias modernas, e os alfarrabistas que visitava regularmente, e a Ponte da Arrábida a cujo fecho do arco assisti espantado, com manobras de alto risco sob comando de um aveirense, o Eng. Zagalo. 
O Porto onde encontrei grandes amigos que o tempo fez esmorecer. O Porto de sonhos, o Porto do São João, em cuja noitada nem tempo há para dormir. Na única festa em que participei, sentei-me, esgotado ao máximo, na soleira de uma porta. Meio acordado meio a dormir assisti ao entusiasmo do povo com o alho-porro para acariciar cabeças loiras ou morenas, penteados de risco-ao-lado ou carecas, sem zangas que incomodassem o Santo Popular do Porto e de outras bandas. 
Vejam lá o que uma simples passagem pela Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta cidade do Porto me fez recordar. 

Fernando Martins 

24 de setembro de 2018

domingo, 23 de setembro de 2018

Não varrer a casa ao diabo (1)


"O Papa não é o diabo como os tradicionalistas pensam, 
nem vai deixar o diabo à solta na Igreja, como desejam."

1. As narrativas do Novo Testamento insistem em dizer que a linguagem que o Nazareno preferia era a das parábolas. É muito incómoda porque não se lhe pode fixar um sentido único. Muitos cristãos lamentaram, e ainda lamentam, que os autores dos textos dos Evangelhos tenham perdido tempo com histórias enigmáticas. Seria preferível um catecismo, com uma mensagem bem precisa e um catálogo de deveres e proibições, válidos para todos os tempos e lugares. A história da Igreja seria construída de forma linear, sem altos nem baixos, serena como uma pedra. O zero seria o seu único número.
Não foi assim que aconteceu. Jesus abriu uma nova Era de criatividade. Não fechou a história dos povos e das culturas. As parábolas são contra a clausura do sentido dos gestos e das palavras. Todas, porém, encerram inesgotáveis possibilidades de construir a vida humana, individual e social, no horizonte da busca da felicidade, encontrando-a não só na alegria que se recebe, mas, sobretudo, na que se dá. Os Actos dos Apóstolos atribuíram a Jesus uma expressão incrível: há mais alegria em dar do que em receber. Nos Evangelhos já existia uma lei paradoxal: quem ganha (à custa dos outros), perde e quem perde para que os outros possam viver, ganha.

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue

Arquivo do blogue