segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Notas do Meu Diário – O Porto

A Aidinha no terraço da sua  casa no Porto

Ontem, passei pelo Porto, a correr, que o destino era a festa de aniversário da minha filha Aidinha. Uns percalços, com avaria no carro, ensombraram a nossa pressa de chegar ao “Parabéns a você nesta data festiva”. A gentileza dos convidados que nos aguardaram tranquilamente mostrou o sentido de proximidade que nos une. Mas chegámos e saboreámos a alegria da aniversariante, da família e amigos. À volta da mesa, os percalços foram atirados para trás das costas. Pena foi, sentida por todos, a ausência do nosso Fernando, que teve de regressar a casa com o reboque da Assistência em viagem, para assinar a declaração da entrega do veículo na Gafanha da Nazaré. Obrigado, Fernando, pela tua boa disposição, posta à prova na hora própria, sem hesitações. Na próxima vez, se é que haverá uma próxima vez (para longe vá o agoiro!), sou eu quem se sentará ao lado do condutor para, no final da corrida, assinar o documento de entrega do carro no sítio certo. 
Nos intervalos dos comes e bebes e das conversas normais nestes casos, onde a boa disposição reinou, saltaram do meu subconsciente os anos que vivi no Porto, na juventude, com ruas e ruelas calcorreadas nas horas vagas. Gente que corre, conversa, ri e trabalha, e que fala do seu Porto, o FCP, com paixão. De cada canto se via a Torre dos Clérigos, a Câmara ao fundo da larga avenida. A Estação de São Bento, o trânsito, a meus olhos caótico, sem nunca registar qualquer acidente.  E os cinemas de tantos e tão variados filmes, e o Coliseu de grandes espetáculos, e os concertos para a juventude dirigidos pelo maestro Silva Pereira, e as livrarias modernas, e os alfarrabistas que visitava regularmente, e a Ponte da Arrábida a cujo fecho do arco assisti espantado, com manobras de alto risco sob comando de um aveirense, o Eng. Zagalo. 
O Porto onde encontrei grandes amigos que o tempo fez esmorecer. O Porto de sonhos, o Porto do São João, em cuja noitada nem tempo há para dormir. Na única festa em que participei, sentei-me, esgotado ao máximo, na soleira de uma porta. Meio acordado meio a dormir assisti ao entusiasmo do povo com o alho-porro para acariciar cabeças loiras ou morenas, penteados de risco-ao-lado ou carecas, sem zangas que incomodassem o Santo Popular do Porto e de outras bandas. 
Vejam lá o que uma simples passagem pela Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta cidade do Porto me fez recordar. 

Fernando Martins 

24 de setembro de 2018

1 comentário:

  1. Bom dia Prof. Fernando!

    De facto, admiro cada vez mais o senhor Fernando!Não somente por tudo o que nos deu e dá a conhecer sobre a nossa terra e arredores, mas principalmente pela capacidade que sempre revelou no seu blog (certamente e sem dúvida com o apoio da sua querida esposa "Lita") de manter a família unida e fazer dela o mais importante que a vida tem. Eu também gostaria imenso que a minha fosse assim... Tentamos mas os feitios das pessoas são difíceis de gerir, mesmo tentando transmitir valores e atitudes desde muito cedo: diálogo, respeito, humildade, solidariedade, espírito de sacrifício... mas é por vezes tão, tão difícil!Os telemóveis, a internet, têm um poder destrutível sobre os jovens, se não aprenderem a controlar-se...
    Que Deus conserve a sua família junta e harmoniosa durante muitos e muitos anos!
    Obrigada por partilhar assuntos de foro pessoal que, embora sinta alguma tristeza por a minha não ser tanto assim (apesar do esforço), incentiva-me a continuar a pensar que poderemos lá chegar um destes dias e isso reconforta-me o coração.
    Gostei de ver a sua filha e de saber que mora no Porto. Parabéns para ela!

    Respeitosos cumprimentos
    Uma anónima

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