terça-feira, 22 de agosto de 2017

Como os fotógrafos da National Geographic viram o Eclipse Solar






Aprecie a beleza e o rigor da oportunidade dos fotógrafos da revista National Geographic no dia do recente eclipse solar. Os autores estão referenciados junto aos seus registos.

Henrique Raposo — E se a barriga de aluguer for um útero artificial?


Não, não é um delírio à Frank Herbert ou à Philip Dick. O útero artificial deixou a estratosfera da ficção científica e aterrou na realidade. Uma gestação mecanizada e sem a necessidade do corpo da mulher já não é uma impossibilidade. Já estão a ser feitas experiências com bezerros criados em úteros artificiais que se assemelham às máquinas que suportam as pessoas em coma: bombas mecânicas, tubos e seringas bombeiam ar e injectam os nutrientes que permitem o crescimento do feto.

Mas a pergunta fundamental não está no campo da possibilidade, está no campo da legitimidade. A questão “é possível criar um ser humano num útero artificial?” é insignificante ao pé do dilema “é legítimo criar um ser humano num útero artificial?”. A ciência não se legitima a si própria.
Se servir para salvar ou proteger de forma mais tranquila a vida dos chamados bebés prematuros, esta máquina pode ser uma dádiva, um avanço notável da medicina. Contudo, se for usada como barriga de aluguer dos caprichos dos Ronaldos e das Kardashians, esta máquina pode ser uma porta para um inferno pós-humano onde o ser humano passa a ser uma mercadoria como outra qualquer.

Neste cenário, o útero artificial deixa de ser medicina e passa a ser distopia, deixa de ser um instrumento que auxilia uma vida já criada (o bebé prematuro) e passa a ser um portal para a criação de seres humanos ex nihilo. Ou seja, estamos à beira de um pesadelo ético (o negócio das barrigas de aluguer torna-se ainda mais fácil porque a “mãe” passa a ser uma relíquia), de um pesadelo político (um útero mecânico é o sonho molhado dos nazis) e de um pesadelo criminal - se o comércio de seres humanos e de órgãos já é uma realidade, como será no dia em que as máfias poderão simplesmente criar seres humanos para vender ou para servirem de estufas de órgãos humanos para colher e vender?

Sem grande alarme colectivo, estamos a caminhar para uma sociedade em que o ser humano pode ser comercializado ao abrigo das leis do mercado. O que não deixa de ser curioso: a resistência ao comércio de bens inertes (vulgo “capitalismo”) coabita lado a lado com a indiferença perante o comércio de seres humanos. Mas, já que invoco o conceito de “ser humano”, convém prosseguir com uma pergunta: será que um bebé criado ex nihilo numa máquina ainda pode ser considerado um “ser humano”? Uma pessoa que entra neste mundo através de uma máquina e não através de outro ser humano ainda pode ser considerado “ser humano”?

Até Jesus precisou de Maria para entrar neste mundo. O Salvador não apareceu do nada num portal de metal à ficção científica; Ele precisou de Maria, portal humano. Julgo que até os não crentes percebem este ponto de forma intuitiva. E também não é preciso acreditar no conceito cristão de “alma” para perceber que nós não somos apenas matéria, não somos compostos apenas de carne e fluidos. Durante a vida intra-uterina, a nossa personalidade começa a ser formada através da interacção com a nossa mãe. No vácuo da máquina, que tipo personalidade pode ser desenvolvida?

Este debate devia estar a ser feito, mas o tema tem sido desprezado. Porquê? A meu ver, a razão para o silêncio é a seguinte: o útero artificial desarruma os termos actuais do debate do aborto. Os defensores da “IVG” tentam tudo para desumanizar o nascituro, tentam reduzir ou menosprezar a vida intra-uterina, para assim retirar a carga odiosa do acto. Ora, o útero artificial vem mostrar é que “aquilo” não é um “mero amontoado de células”. Moral da história? Paradoxalmente, o útero artificial vem mostrar que os críticos do aborto sempre tiveram razão. O problema é que abre uma nova caixa de Pandora.

Li na Renascença 

Olhos sobre o Mar 2017 — Preto e Branco e Cor


1º Prémio e Melhor do Município de Ílhavo:

Autor: Leonardo Mendes de Oliveira Ferraz Vieira
Titulo: Que me consuma a maré
Local: Praia da Barra | Ílhavo


2º Prémio:

Autor: Lisia Graciete Martins Pereira Lopes
Titulo: Todos querem ver o mar
Local: Praia da Granja | Gaia




3º Prémio:

Autor: André Pina Moreira Boto
Titulo: Reza
Local: Montegordo


1º Prémio:

Autor: Ana Filipa Scarpa
Titulo: Olhos sobre o Mar
Local: Cascais


2º Prémio

Autor: Ernesto Orlando da Costa Matos
Titulo:Aos pés do Mar
Local: Praia do Meco

3º Prémio

Autor: Ana Filipa Scarpa
Titulo: A festa
Local: Costa da Caparica

«Aberto a todos os fotógrafos profissionais ou amadores, o tema do Concurso é “O Mar” em todas as suas vertentes, e tem caráter territorial exclusivamente nacional (terrestre ou zona marítima exclusiva). Este Concurso conta com o apoio da Direção-Geral das Artes e do Diário de Aveiro.
Os 50 melhores trabalhos estarão expostos, durante o mês de agosto, no Navio Museu Santo André.
A entrega dos prémios decorrerá neste navio em data a informar brevemente.»

Fonte: Ver mais na CMI

domingo, 20 de agosto de 2017

A justiça em Portugal é “mais dura” para os negros

Meninos (foto da rede global)
"A sensação que tive quando fiz trabalhos de inspecção nas comarcas de Lisboa Oeste e Norte foi que, para os mesmos crimes, as penas eram mais leves para cidadãos portugueses. Parece que há um código para uns e um código para outros”

João Rato, procurador

A reportagem que li no PÚBLICO deixou-me revoltado pela injustiça com que a Justiça Portuguesa trata quem enfrenta os tribunais. Afinal, a cor da pele dita a sentença: amarga para os negros e branda para os brancos. Quem havia de dizer que alguns magistrados cometem crimes desta natureza, num país que há mais de 40 anos vive em democracia, onde os cidadãos têm, ou devem ter,  os mesmos direitos e as mesmas obrigações. 


sábado, 19 de agosto de 2017

Uma passagem por Mira — Há males que vêm por bem




Há males que vêm por bem. Há dias, mais concretamente em 3 de agosto, eu e a Lita resolvemos visitar a praia de Mira, para apreciar o ambiente, refrescar as ideias e almoçar por ali, de preferência com mar à vista. Fomos cedo porque era preciso arrumar o carro, de forma que eu não tivesse de caminhar muito. Os propósitos eram bons, mas tivemos azar. Estacionar tornou-se impossível. Corremos um sem-número de ruas e ruelas, largos e parques de estacionamento, mas tudo estava abarrotado. Regressar a casa era impensável. Vai daí, rumámos à vila de Mira por onde temos passado inúmeras vezes, mas sem tempo suficiente para olhar o velho burgo que vem de tempos pré-históricos. E afinal valeu a pena. Carro arrumado, acolheu-nos um largo arborizado com lago florido, estátuas a homenagear quem serviu a terra e quem dela foi senhor, o Infante D. Pedro, da “Ínclita Geração”, no dizer certeiro do poeta. Almoço simples, como simples somos nós. No fim de tudo, importa reconhecer que, realmente, há males que vêm por bem, sendo certo  que vale bem a pena parar, porque a pressa, quantas vezes, nada nos dá.

"Mas, pera defensão dos Lusitanos,
Deixou, quem o levou, quem governasse
E aumentasse a terra mais que dantes:
Ínclita geração, altos Infantes."

"Os Lusíadas", Canto IV

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Fui hoje à praia — Uma surpresa



Anuindo ao convite da minha filha, Aida Isabel, Aidinha para nós, fui hoje à praia da Barra. Tempo assim-assim, com nevoeiro a ensombrar e a roubar-nos o sol benfazejo, lá fomos. Gente por todos os lados, passos apressados para arranjar um cantinho no areal. Trouxas às costas, com sacos, saquinhos e saquetas, mais para-ventos e guarda-sóis, arcas frigoríficas portáteis, chapéus de todos os tamanhos e feitios, em estilo de quem vai para ficar por ali o dia inteiro… a iodar os corpos e a lavar o espírito com a aragem da maresia.
A Aidinha às voltas para estacionar o carro… tudo cheio. E para não me forçar a longa caminhada, dita a sentença: «Ficas por aqui junto ao farol, que eu vou arrumar o carro.» E fiquei tranquilo a presenciar o espetáculo do povo em férias na praia da Barra.
Demorou um pouco, mas de tão divertido, por ver tanta gente apressada, velhos e novos, famílias inteiras, nacionais e estrangeiros, residentes e emigrantes, estes identificados pela algaraviada da conversa com expressões de linguajares mistos, nem senti o tempo passar. E lá chegou a minha filha.
«Vamos para a praia, que te quero oferecer uma surpresa”, disse ela. E lá fomos, eu com a máquina fotográfica e um livro, “Nação Crioula”, de José Eduardo Agualusa, angolano, mas com origens ilhavenses, que ando a reler (li-o em 2003), graças à oferta da Revista LER, pela renovação da assinatura. Ela levou os seus apetrechos pessoais.
Alérgico como sou a pisar o areal, apesar de estar de sandálias, procurei os passadiços de cimento e a dada altura ela apontou-me o caminho certo, para me dirigir, admiti, para a tal surpresa. «É por ali», disse a Aidinha. E pisei então a praia, pé ante pé, para a areia não me incomodar. De repente, dei de caras com a minha cadeira de encosto do nosso relvado, guarda-sol vermelho, toalha estendida. Tudo preparado, a correr, para me receber. E fiquei sem fala por uns instantes, para depois me rir com gosto. Os filhos são assim.

Fernando Martins

Os Fogos Florestais



Os fogos florestais fazem parte indelével das nossas  memórias. Sempre existiram associados ao calor dos verões. E disso tem dado conta a comunicação social, conforme a época. Inicialmente, apenas os jornais e rádios e a seguir as televisões. Na era do Estado Novo, os fogos e outras calamidades eram camuflados, quando não bloqueados, por razões próprias da ditadura. Era preciso manter a ilusão de que tudo no país era um mar de rosas. Depois, ditaram as leis da transparência democrática, muitas vezes, porém, com jogos de cintura para fugir às críticas e às responsabilidades.
Hoje, toda a gente sabe tudo na hora exata. E a partir daí, a competição entre órgãos de comunicação atinge extremos que arrepiam, quando ao vivo plasmam cenas de dramas pungentes, sem respeito algum pela dor de quem vê toda uma vida levada pelo fogo devorador. A moderação na reportagem, na minha ótica, deve ter carta branca, sem fugir à verdade dos factos. 
De muito positivo, destaco sobremaneira as manifestações de solidariedade do povo português, que nunca virou costas ao sofrimento alheio. E destaco ainda, para além dos responsáveis governamentais e autárquicos, a Proteção Civil, Bombeiros, GNR e variadíssimas instituições que se deram aos que foram fustigados pela violência dos fogos. Evocamos sentidamente os que faleceram e  os feridos, bem como os seus familiares, mas também os desesperados que tudo perderam, numa perspetiva de nos motivarmos para todas as ações solidárias que vierem a ser implementadas. 
Permitam-me ainda uma palavra de apreço ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que, em nome de todos nós, esteve nos momentos de dor junto de tantos destroçados. 

Fernando Martins

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