quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Efeméride: Evocando D. Júlio Tavares Rebimbas

1959 - 27 de janeiro 


«O Padre Júlio Tavares Rebimbas, então pároco de Ílhavo, foi nomeado, pela primeira vez, vigário-geral da Diocese de Aveiro; mais tarde viria a ser escolhido, sucessivamente, para bispo do Algarve, arcebispo de Mitilene e auxiliar do Cardeal-patriarca de Lisboa, arcebispo-bispo de Viana do Castelo e arcebispo-bispo do Porto (Correio do Vouga, 31-1-1959) – J.»

"Calendário Histórico de Aveiro"
de António Christo e João Gonçalves Gaspar


NOTA: Nas vésperas da sua nomeação para ser ordenado bispo, encontrei-o em Fátima, no café mais frequentado, o tal que fazia e faz  esquina com duas ruas. Era agosto de 1965 e eu andava por ali em lua de mel com minha esposa. Ele estava com o Padre João Paulo da Graça Ramos que viria a ser seu secretário, ao que julgo. 
O nosso conhecimento devia-se ao facto de eu ser da Ação Católica e gafanhão, e ele prior de Ílhavo. Nessa altura, Mons. Júlio Rebimbas era Vigário-geral da Diocese de Aveiro. 
Estávamos na conversa e nesse ínterim chega um indivíduo amigo do Padre João Paulo que fez as apresentações devidas, esclarecendo: 
— Mons. Júlio Rebimbas é o Vigário-geral da Diocese de Aveiro. 
De imediato, Mons. adianta: 
— Calma, sou o prior de Ílhavo.

Regressámos da lua de mel e dias depois, qual não foi o meu espanto, noticiava um diário que D. Júlio tinha sido nomeado Bispo do Algarve. É claro que antes da nomeação se refugiou, decerto para meditar, em Fátima, Não estaria ali para outra coisa, julgo eu.
Guardo dele o bom humor, a graça no falar, o jeito para criar  amizades e a proximidade que cultivava com todos, em especial com os mais simples.

Burnout

Crónica de Maria Donzília Almeida




«O nosso jovem Ministro da Educação 
será a luz ao fundo do túnel?»

A aposentação é um patamar na vida do cidadão trabalhador, muito desejada por muitos, uma miragem para tantos. É o corolário de toda uma vida de trabalho.
Agora, à distância, permito-me fazer a retrospetiva…
Durante o período de vida ativa, qualquer cidadão, seja homem ou mulher, vive assoberbado com compromissos profissionais e familiares que lhe saturam o tempo.
O desgaste, a fadiga crónica, o stress da profissão, levam até, ao síndrome do Burnout. Este ocorre em profissionais que lidam com pressão constante no seu dia-a-dia, por longo período de tempo. Estão nesse grupo, os profissionais de saúde, forças de segurança, agentes educativos, nomeadamente os professores.
Hoje, em dia, o professor desempenha muitos papéis, que transcendem as suas competências. Tem de ensinar jovens que não querem aprender e boicotam, sistematicamente, o trabalho da aula. A indisciplina grassa nas escolas.
Foram muitos anos a lecionar, a conviver diariamente com os problemas de alunos, pais e comunidade escolar. 

domingo, 24 de janeiro de 2016

Uma honra jamais esperada


XVII Capítulo da Confraria 
Gastronómica do Bacalhau

Se há surpresas na vida, o convite para participar no XVII Capítulo da Confraria Gastronómica do Bacalhau de Ílhavo, ontem, sábado,  foi uma delas. E a surpresa maior, inimaginável para mim, modesto cidadão que assim me considero neste mundo de confrarias e equivalentes, reside no facto de ter sido entronizado como Confrade de Honra. Tanta gentileza de amigos confrades sensibilizou-me, e lá fui para a festa, que o foi realmente a vários níveis. Um discurso do Grão-mestre bem concebido a abrir com arte, graça e realismo, que só lamento não o ter gravado, o convívio fraterno de diversas confrarias, todas apostadas em defender algo de típico das suas gastronomias, a Patanisca de Honra para estimular os apetites, a investidura de três Confrades de Honra, a D. Ana Maria Lopes, o Senhor João Nunes Cavaz e eu próprio, no belíssimo cenário da Faina Maior do Museu Marítimo de Ílhavo, a visita ao Aquário dos Bacalhaus, a serenata cheia de sentimento, decerto de quem alimentou saudades nos bancos de pesca ou no mar revolto, e a saída para o almoço no Hotel de Ílhavo ficaram como retrato colorido para memória futura. 

Grão-mestre, João Nunes, Ana Maria Lopes e Fernando Martins
A mesa do XVII Capítulo respeitou rigorosamente a tradição, tanto quanto sei, com entradas diversas, tudo com o fiel amigo a dar sabor e realismo que dignificaram a nossa confraria, não faltando as carinhas fritas, línguas fritas com açorda, feijoada de samos, bolos de bacalhau, ovas, pataniscas, chora (porquê chora? Qual a origem ou razão deste nome para designar uma sopa pobre?) e o já famoso bacalhau à confraria do saudoso cozinheiro Silva, que bem conhecemos da televisão.
Vinhos a condizer, que ali marcaram presença entendidos no assunto, prova de azeite, e sobremesas tão variadas e desafiantes que me obrigaram a fugir. A consciência diabética avisou-me para não tentar. 
Contemplei serenamente a alegria esfusiante de uns, as palavras certas e estimulantes de muitos amigos e conhecidos, o saber receber e estar com os convidados, a partilha de saberes e de vivências em capítulos semelhantes nas mais variegadas regiões do país e de estrangeiro. Percebi facilmente quanto pesam estas experiências na formação das pessoas com gosto pelas tradições gastronómicas das nossas terras que urge preservar, não vá dar-se o caso do fast food invadir e adulterar os gostos das nossas matrizes.

Olhei para os ilhavenses e gafanhões 

Olhei para os ilhavenses e gafanhões ali bem representados e de repente ocorreu-me um texto do saudoso D. João Evangelista de Lima Vidal, um insigne aveirense e primeiro bispo da restaurada Diocese de Aveiro, que aconteceu em 11 de dezembro de 1938. Um texto poético escrito em 8 de novembro de 1952.

Diz D. João:

«Eu nasci em Aveiro, ao que suponho na proa de alguma bateira. Fui batizado à mesma hora nas águas da nossa Ria. Abriram-se-me os ouvidos ao som cadencioso dos remos no mar, ao pio estrídulo das famintas gaivotas, ao praguedo inocente dos pescadores.
(…) 
Nós, os de Aveiro, somos feitos, dos pés à cabeça, de Ria, de barcos, de remos, de redes, de velas, de montinhos de sal e areia, até de naufrágios. Se nos abrissem o peito, encontrariam lá dentro um barquinho à vela, ou então uma boia ou uma fateixa, ou então a Senhora dos Navegantes.»

Eu, porém, ao fixar os confrades da CGB, para tentar entrar na alma de cada um, divisei  claramente, dentro do peito de todos, não já os montinhos de sal, mas, garantidamente, um lugre à vela, um bote e um bacalhauzinho a tentar livra-se do anzol.
Obrigado a todos os que me proporcionaram este encontro.

Fernando Martins

Os antibióticos do Papa

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

«Para certas gripes 
não bastam aspirinas e chá de tília»

1. Dizem-me que a Igreja Católica, em Portugal, está a cair de sono. Alguns acrescentam: pode dormir à vontade porque só quando Fátima entrar em crise é que será preciso algum cuidado. Ainda não chegamos aí.
Bocas são bocas e má-língua é má-língua. Para o confronto com a realidade, talvez fosse preferível promover algumas sondagens e iniciativas de jornalismo de investigação para responder às seguintes questões:
Como reagem, que dizem e fazem os católicos portugueses – sejam eles leigos, religiosos, padres e/ou bispos – perante as atitudes, as intervenções, os gestos e as declarações do Papa Francisco?
Qual a influência das suas orientações no modo de viver a fé cristã nas paróquias, nas dioceses, nos movimentos, nas congregações religiosas, nos colégios e na universidade católica?
Como é recebida na vida pessoal, familiar, profissional, na intervenção social e política o seu exemplo e as suas propostas?

sábado, 23 de janeiro de 2016

O pesadelo do teólogo

Crónica de Anselmo Borges 
no DN

Existimos porquê e para quê?


1. Bertrand Russell, para lá de ser um dos grandes matemáticos do século XX e filósofo, foi um escritor brilhante e irónico, Prémio Nobel da Literatura. No seu livro de Contos, há um, célebre, com "o pesadelo do teólogo". Vou resumir.
"O teólogo eminente Dr. Thaddeus sonhou que tinha morrido e seguido rumo ao Céu. Os estudos haviam-no preparado e não teve dificuldade em encontrar o caminho. Bateu à porta do Céu e foi recebido com um escrutínio maior do que esperava. Disse: - Peço admissão porque fui um homem bom e dediquei a vida à glória de Deus. - Homem? - exclamou o porteiro. - O que é isso? E como podia uma tão estranha criatura como o senhor fazer alguma coisa para promover a glória de Deus?
O Dr. Thaddeus ficou espantado. - O senhor decerto que não ignora o homem. Deve saber que o homem é a obra suprema do Criador. - Quanto a isso - tornou o porteiro - lamento magoá-lo, mas o que está a dizer é novo para mim. Duvido que alguém cá em cima já tivesse ouvido falar dessa coisa chamada "homem". No entanto, uma vez que parece tão desapontado, pode consultar o nosso bibliotecário.

Vive a liberdade que Jesus anuncia

Reflexão de Georgino Rocha

Outro mundo é possível


Jesus escolhe a sua terra natal para fazer a proclamação oficial da sua missão. Vai à sinagoga, participa na celebração, pega no livro que lhe é apresentado, lê com clareza o texto, enrola o pergaminho (fecha o livro), entrega-o ao ajudante, senta-se e declara com serena firmeza: “ Cumpriu-se, hoje mesmo, esta passagem da Escritura que acabais de ouvir”. Movimenta-se livremente na assembleia que, nele, tinha os olhos fixos. Adopta atitudes rituais de mestre reconhecido. E Lucas, o autor do relato, adianta uma observação pertinente: “Todos aprovavam Jesus, admirados com as palavras que saíam da sua boca”.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Evocando o segundo bispo 
da restaurada Diocese de Aveiro

Recordo hoje D. Domingos da Apresentação Fernandes, o primeiro bispo com quem falei. Faleceu há 54 anos e quem o conheceu sabe que foi um prelado que viveu o seu ministério episcopal com muito entusiasmo, apesar da fragilidade da sua saúde. 

Ver as minhas memórias aqui

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