segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Na Figueira da Foz, de passagem, há 50 anos

No dia do nosso casamento 
— 7 de agosto de 1965

Na Figueira, hoje de manhã, com esplanada à vista
Há 50 anos mais uns dias, eu e a Lita passámos, apressados, pela Figueira da Foz. Foi no dia do nosso casamento, 7 de agosto de 1965, no Bunheiro, depois da boda que se realizou em Pardilhó em casa das tias Zulmira e Aidinha, quais mães solícitas como a tia Lurdes. Íamos a caminho da lua de mel numa residencial das Irmãs Concepcionistas, por sugestão de um casal amigo. 
Não importa agora falar do casamento, cuja cerimónia foi presidida pelo nosso comum amigo Padre Lé. Isso ficará para outra ocasião. Hoje quero tão-só recordar o motivo por que a Figueira da Foz ficou nas nossas memórias. 
A madrinha Zulmira, atenta, preocupada e solícita, havia preparado um bom farnel para a viagem e, eventualmente, para o jantar, com um pouco do muito que havia na mesa da boda. Ela garantiu-nos que nada faltaria e estou em crer de que assim seria.
Saímos de Pardilhó no velho Skoda, carro duro mas sempre operacional. Naquele tempo não se dava tanta importância a pormenores de luxos dos carros. Preciso era que andassem e nos levassem onde fosse necessário sem avarias. Nunca me recordo de aquele automóvel nos ter dado qualquer incómodo. Mas adiante.
A dada altura da viagem, que não era tão rápida como hoje, optámos por  parar para lanchar qualquer coisa e estacionámos à beira da estrada. De autoestradas ainda não se falava. Dizia-se com graça que uns franceses se queixaram de ter perdido a autoestrada ao sair de Lisboa com destino ao Porto e de só a terem encontrado perto da Invicta.
Tentámos encontrar o farnel e nada. Mas como diabo aconteceu isto? Talvez com a pressa, esquecemo-nos de conferir a carga do carro. Nem a madrinha Zulmira, tão organizada e extremamente cuidadosa, se apercebeu do nosso esquecimento. Soubemos depois que nunca mais se perdoou pelo que aconteceu. É claro que lhe dissemos que não morremos à fome…
Chegados à Figueira, ao fim da tarde, e estacionámos facilmente junto ao Mercado Municipal. Nessa altura ainda não se pagava pelo estacionamento, fosse onde fosse. E na esplanada do café, voltado para o rio Mondego, lá comemos umas sandes. 
É curioso que recordamos bem esse momento das sandes ajudadas por algum pirolito ou refrigerante parecido. Mas o que mais se fixou na minha memória foram os olhares da malta que por ali estava. Era sábado e devem ter reparado que éramos um casal especial, provavelmente casados de fresco. Vestidos de roupa nova, eu garantidamente de gravata, tudo indicaria uma certa anormalidade para um mês de agosto naquela estância balnear ainda com vestígios cosmopolitas. Olhares de través, sorrisos interrogativos, cochichos naturais como quem percebe que íamos de núpcias. E lá seguimos viagem até à hospedaria da Irmãs Concepcionistas, em Fátima, que muito bem nos acolheram e nos trataram como se príncipes fôssemos. E éramos, realmente, naquele dia.


domingo, 23 de agosto de 2015

Subir... Subir sempre


Aprecio gente que gosta de subir na vida, deixando para trás comodismos e melancolias. Subir, subir sempre, é desafio que deve ser assumido por todos, mesmo que isso implique esforço e coragem. A minha mulher, a Lita, mostra aqui que aceita desafios e tentou chegar ao cimo desta torre, pequena embora, na Serra da Boa Viagem. E não deixou de sorrir por ter chegado onde chegou. E prometeu mais.... Fica para a próxima.

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sábado, 22 de agosto de 2015

As mulheres nas religiões

Crónica de Anselmo Borges 




«Que caminho longo a percorrer 
até à dignidade na igualdade 
e à igualdade na dignidade!»


O Papa João Paulo I disse que Deus tanto é Pai como Mãe e, estando para lá do sexo, também poderia ser representado como mulher. O Vaticano não gostou. Mas é neste contexto do feminino e Deus que se conta uma estória. Ao contrário do que se lê e diz, Deus criou primeiro Eva e não Adão. Eva aborrecia-se, sentia-se só e pediu a Deus alguém semelhante a ela, com quem pudesse conviver e partilhar. Deus criou então Adão, mas com uma condição: para não ferir a sua susceptibilidade, Eva nunca lhe diria que foi criada antes dele. "Isso fica um segredo entre nós..., entre mulheres!"

As primeiras figurações da divindade foram femininas, por causa da fertilidade e maternidade. Depois, explica o filósofo F. Lenoir, com a sedentarização segundo um modelo maioritariamente patriarcal, aconteceu com as religiões o mesmo que com as aldeias e as cidades: "Os homens tomaram o seu controlo, relegando a mulher para um papel secundário ou até para uma ausência de papel, a não ser no seio do lar e sob a tutela do marido. As justificações teológicas vieram posteriormente." E o que é facto é que a maior parte das religiões têm "uma forte tendência para a misoginia". O taoísmo é significativamente diferente, porque é essencial nos seus ensinamentos a fusão do yin e do yang, do feminino e do masculino, como "penhor de acesso à imortalidade".

Acreditamos que Tu és o Santo de Deus


Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha


O discurso do pão da vida atinge o auge, no desabafo de Jesus, que João formula na pergunta dirigida aos Apóstolos: “E vós também quereis ir-vos embora?” A sinceridade denota um sabor de amargura. A preocupação manifesta um receio fundado. O risco é evidente e virá a ser concretizado na paixão. A circunstância, aliada ao tom da voz e ao brilho do olhar, provoca a resposta eloquente de Pedro: “A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”. Jo 6, 60-69. 

A crise atinge o auge: as multidões deixam de andar na sua companhia e perdem o gosto de o ouvir; os nobres judeus, após discussões intensas, “viram-lhe as costas”, deixando palavras mordazes; os discípulos, “escandalizados” pela vivacidade crescente e realista da mensagem anunciada, cansam-se e desanimam, dispersando-se. Resta o grupo dos Doze. Jesus sente o abandono, mas não cede em nada, não suaviza o alcance do discurso, não faz uma religião à medida do gosto de cada um nem das tradições legalistas. E seria tão fácil. Como ainda hoje se pode verificar.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Figueira da Foz — Poesia na Cidade




No Jardim Municipal da Figueira da Foz encontrei hoje poesia nos bancos onde por vezes descanso das caminhadas. Boa ideia para nos desafiar a buscar a harmonia da vida, que sem ela ficamos mais pobres e mais indiferentes às belezas que nos cercam. Boas leituras neste período do ano, com destaque para a poesia.

O sábio é sempre rico


"O rico nem sempre é sábio, 
mas o sábio é sempre rico"

Tales de Mileto (624 a.C.- 546 a.C.)

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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Partida do Padre Francisco Melo

Uma dívida 
que eu tinha para saldar

Padre Francisco Melo


No passado dia 16 de agosto, na Eucaristia de tomada de posse do novo pároco da Gafanha da Nazaré, pelas 10.30 horas, Padre César Fernandes, e consequente despedida oficial do Padre Francisco Melo, não pude estar presente por motivos de saúde. Tive muita pena pela saída de um amigo e gostaria de marcar presença na entrada de outro para a nobre missão de timoneiro desta mais que centenária barca da comunidade católica, que tem por padroeira Nossa Senhora da Nazaré.

Se não tive a oportunidade de pessoalmente dizer ao Padre Francisco, na hora certa, quanto apreciei o seu labor pastoral e a sua intervenção cívica, social e humana, não quero deixar cair em saco sem fundo essa minha obrigação. Faço-o, pois, agora e aqui, em espaço de férias, muito embora pudesse ter outro sabor a palavra amiga de viva voz. 

Desde há muito que nutro pelo Padre Francisco muita estima e consideração, vendo nele um padre frontal, justo, dinâmico e compreensivo, mas acima de tudo um apaixonado pelas promessas que assumiu na sua ordenação presbiteral. 

Pessoalmente senti e agradeço a simpatia e amizade com que me distinguiu em tantos momentos, a disponibilidade com que me ouvia, a serenidade e a maneira como compreendia as minhas limitações, os incentivos generosos com que me desafiava na minha ação pastoral e humana. Por tudo isto, o meu muito obrigado, com votos de que em Roma — onde vai especializar-se em Teologia Pastoral, junto ao túmulo de S. Pedro e sob o olhar terno, luminoso e desafiante do Papa Francisco — se deixe envolver pela beleza de artes, símbolos e testemunhos de santos e mártires que enformaram a nossa civilização e a fé de milhões e milhões de crentes e homens e mulheres de boa vontade, através de séculos.

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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