terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Natal


Natal 

Outro Natal.
Outra comprida noite
De consoada,
Fria,
Vazia,
Bonita só de ser imaginada.


Que fique dela, ao menos,
Mais um poema breve,
Recitado
Pela neve
A cair, ao de leve,
No telhado. 

Miguel Torga

Diário, 
S. Martinho de Anta, 24 de dezembro de 1975

Óbidos Vila Natal

Para acabar em beleza as atividades letivas




Para acabar em beleza, as atividades letivas, nada melhor que uma visita à encantadora Vila Natal, situada em Óbidos. Um dia solarengo foi a moldura meteorológica que prenunciava uma viagem de sucesso. O sol brilhava, baixo, sem grande poder calorífico, mas aquecia a alma. A paisagem de outono oferecia-se, aos nossos olhos, sedentos da tranquilidade, como um calmante, nos tons quentes, vermelhos, acobreados e castanhos. 
A vila medieval de Óbidos conduz-nos, nesta quadra natalícia, a um mundo mágico e encantador que envolve a festa do nascimento do Menino Jesus. Com decorações e cenários coloridos, onde impera a imaginação, é recriada, para os mais novos, a mística do Natal.
Por toda a parte, existe animação com teatro de rua, marionetes, em atuações sucessivas e com adereços muito apelativos.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A festa do Menino Jesus anima a nossa comunidade


Cortejo dos Reis — 12 de janeiro 


O nosso Menino Jesus


A festa do Menino Jesus vai realizar-se na nossa paróquia no dia 12 de janeiro, um pouco depois do que era habitual, por razões compreensíveis, que se prendem com a programação da unidade pastoral constituída pelas paróquias das Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo. Este ano, por isso, os cortejos foram agendados para os dias 5 de Janeiro (Encarnação), 12 (Nazaré) e 19 (Carmo).
Seja em que dia for, porém, a festa do Cortejo dos Reis, que tem por tema de fundo o nascimento do nosso Salvador, é sempre uma bela expressão da religiosidade do nosso povo, alicerçada no espírito comunitário que desde o início da ocupação dunar tem perdurado.
O Menino Jesus, pela candura que irradia, merece bem este cortejo e tudo quanto o envolve, nomeadamente, os autos que lhe estão associados, os cânticos natalinos, a alegria vivenciada por todos os participantes e as prendas que são, indubitavelmente, uma expressão de amor e de carinho. 
O Cortejo dos Reis apresenta-se, este ano, com uma inovação, já que a partida, com o anúncio do Anjo de que nasceu o Salvador, não será em Remelha mas na Igreja da Cale da Vila, que tem por patrono São Pedro, pelas 8.30 horas. Tudo o mais continuará como dantes. Os preparativos já começaram, com a organização dos mais diversos grupos que hão de apresentar-se com os seus carros enfeitados, carregados de presentes, e com o ensaio de músicas e cantares para animar o povo. E para além dos grupos, não faltarão os jovens de todas as idades que, vestidos à moda antiga, marcarão uma presença significativa, ou não merecesse o Menino tudo isto e muito mais.


Liberdade

«Aqueles que negam a liberdade 
aos outros não a merecem»


Abraham Lincoln,
1809-1865, 16.º Presidente dos Estados Unidos

no PÚBLICO de ontem

Natal

Ilustração de João Batel



Presépio

Nesta noite
De tanta acalmia interior
Fico-me a olhar o presépio
Absorto, por certo maravilhado.
Brota em mim um enlevo da inocência
Que julgava já perdida,
O sol já se escondeu.
O silêncio estreme
Convida-me a aproximar da fronteira do sonho.
Fico pasmado com tamanha transparência
Da cristalina doçura daquele menino risonho.

AH!
Só uma criança pode sorrir assim…,
Na imaculada pureza original.
Olhar para o mundo,
E crédulo,
Dar-se para O humanizar.

Apetece-me soerguê-lo das palhas
E levá-lo para longe do mundo, comigo
Para juntos passearmos no jardim da primavera
Não para falarmos de poderosos nem reis
Nem chorar penas das guerras, ou do medo que
já era

Ou da fome das crianças,
Ou da pomba do mundo substituída por feroz
fera.
Mas da chama de um novo sonho que remoça
Que nos leve à reconquista da distância
O mar, o mar de novas areias, o mar das ilusões
Navegar é preciso…
Para encontrar a alma de um mundo novo:
Ser Povo
De novo.


Senos da Fonseca


Em “MARESIAS”    

domingo, 15 de dezembro de 2013

O advento da terceira Igreja

A Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO de hoje

Frei Bento Domingues


1. Nasci numa época em que muito do clero português cultivava mais o medo do pecado do que o amor da virtude. A sua pregação – sobretudo a dos padres da vinagreira – estava centrada na ameaça do inferno e a confissão oscilava entre um precário alívio, a tortura e o escrúpulo.
As insólitas atitudes do Papa Francisco, a forma e o fundo da sua Exortação Apostólica recusam fazer da fé cristã uma tristeza. Estão a irritar não só a alta finança, mas também os movimentos que tentam recuperar esse tipo de práticas religiosas – contra o Vaticano II –, com o auxílio de eclesiásticos vestidos e calçados a preceito.
Estamos no Domingo da Alegria, como se todos os Domingos não fossem para celebrar a Páscoa, a vitória sobre a morte. Não foi por acaso que o Papa sentiu necessidade de recordar o que esquecemos e está escrito para sempre, em S. João: isto vos escrevemos para que a vossa alegria seja completa 1) – Evangelii Gaudium.


Uma conversa com Deus




"Uma conversa com Deus" saiu na Revista do EXPRESSO deste fim de semana. É uma entrevista muito bem conseguida, na minha modesta opinião,  em que José Tolentino  Mendonça ousa interrogar  Deus sobre diversos assuntos. E diz no final da conversa: «Quando me desafiaram a fazê-lo, comecei a construir imediatamente uma estratégia: iria falar das conversas de outros com Deus. Na tradição mística, por exemplo, abundam colóquios, êxtases, arrebatamentos, visões... O meu plano era falar disso, escondendo-me confortavelmente atrás desses exemplos. Mas percebi depois que não tinha qualquer saída, pois esperavam que este texto fosse construído  com perguntas e respostas. A única coisa que considerei então sensata foi arquitetar um texto em que as perguntas fossem respondidas dando lugar a perguntas maiores. Foi o que tentei e não sei se consegui. É mais fácil conversar com Deus sem outros ouvidos a ouvir.»




Conversando com Deus não se dá pelo tempo...



Como é que Deus se pode contar? Se é que se pode contar... 

Falem de mim por aquilo que vos está mais próximo, é a melhor maneira Oiçam as crianças e os poetas. Oiçam as montanhas, os oceanos. Oiçam as árvores e as folhas de erva. Um poeta escreveu: «Creio que uma folha de erva não vale menos do que a jornada das estrelas,/ E que a formiga não é menos perfeita.../ E que o sapo é uma obra-prima para o mais exigente,/ E que a vaca ruminando com a cabeça baixa supera qualquer estátua,/ E que um rato é milagre suficiente para fazer vacilar milhões de infiéis». Ele tem razão.

Mas falar de Deus assim, dessa forma tão próxima, também confunde... 

Gosto de observar a vossa irrequíetude. Nada vos parece suficiente. Nada serve como definitivo. Pergunto-me, por vezes, se isso é defeito ou feitio.

E chega a alguma conclusão?

(Rindo-se) Uma das vantagens de ser Deus é não precisar de chegar a sítio algum, porque já estou em toda a parte.

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