segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Natal

Ilustração de João Batel



Presépio

Nesta noite
De tanta acalmia interior
Fico-me a olhar o presépio
Absorto, por certo maravilhado.
Brota em mim um enlevo da inocência
Que julgava já perdida,
O sol já se escondeu.
O silêncio estreme
Convida-me a aproximar da fronteira do sonho.
Fico pasmado com tamanha transparência
Da cristalina doçura daquele menino risonho.

AH!
Só uma criança pode sorrir assim…,
Na imaculada pureza original.
Olhar para o mundo,
E crédulo,
Dar-se para O humanizar.

Apetece-me soerguê-lo das palhas
E levá-lo para longe do mundo, comigo
Para juntos passearmos no jardim da primavera
Não para falarmos de poderosos nem reis
Nem chorar penas das guerras, ou do medo que
já era

Ou da fome das crianças,
Ou da pomba do mundo substituída por feroz
fera.
Mas da chama de um novo sonho que remoça
Que nos leve à reconquista da distância
O mar, o mar de novas areias, o mar das ilusões
Navegar é preciso…
Para encontrar a alma de um mundo novo:
Ser Povo
De novo.


Senos da Fonseca


Em “MARESIAS”