quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Incoerência gera indiferença


António Marcelino


«O que de mais grave se passa hoje em comunidades amorfas e a desertificar, é a incoerência de muitos, sempre contrária às exigências evangélicas e à verdade que a fé não dispensa. A incoerência gera indiferença perante o essencial e o importante, e esta tornou-se a maior calamidade, social e religiosa, da atualidade. O indiferente, nem procura, nem acolhe. Cheio de si, dispensa Deus e os outros e nem se preocupa em perceber os sinais da sua presença. Para o indiferente só ele próprio conta. 
Vemos, entretanto, gente dita religiosamente indiferente, atenta às palavras e gestos do papa Francisco. Isto quererá dizer que quando se toca o coração e se expressa verdade e coerência, a indiferença entra em solavancos. Quererá dizer ainda que um estado de total indiferença não é coisa normal numa pessoa séria e equilibrada.»

António Marcelino

terça-feira, 3 de setembro de 2013

“Gafanha da Nazaré: Memória Histórico-Antropológica”

Um livro de Júlio Cirino




No próximo dia 6, sexta-feira, pelas 21 horas, na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, vai ser apresentado um livro de Júlio Cirino, cujo título — “Gafanha da Nazaré: Memória Histórico-Antropológica” — não deixará de despertar vivo interesse, ou não fosse o nosso povo, das mais diversas proveniências, curioso pelo nascimento e desenvolvimento da nossa terra.
A sessão pública conta com um momento cultural, enriquecido pelo “Grupo Portas d’Água”, Coral da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré e Coral da Associação do Porto de Aveiro. Haverá ainda leitura de alguns textos e a apresentação da obra ficará a meu cargo.
O mais recente livro de Júlio Cirino (escreveu outros sobre temáticas desportivas) aborda as mais variadas vertentes desta região que começou a ser habitada porventura no século XVII, apresentando uma “Visão Retrospectiva da Vida da Gafanha da Nazaré”. Passa depois por “Espectáculos e Divertimentos”, “Traquinices da Infância e Adolescência” e  culmina com um capítulo sobre “Chás e Mezinhas de outros tempos”.
Pelo que já li, confirmo que se trata de um trabalho que sintetiza oito anos de pesquisas, conversas, encontros, debates e registos dignos de nota, justificando, por isso, o relevo que lhe é devido.
No prefácio, Dinis Ramos salienta, referindo-se ao autor, que sempre foram «companheiros do quotidiano, almocreves da mesma estrada da infância e juventude, até aos dezassete anos, altura em que por imperativos pré-profissionais» se afastaram. Mas logo acrescenta que nos últimos anos fizeram questão de «ir pondo a conversa em dia». 
Dinis Ramos adianta, noutro passo do Prefácio: «Dotado de memória invulgar, o Júlio lá vai desfilando todo um rosário de aventuras da nossa juventude, com pormenores que já havíamos esquecido por insignificantes, ou porque o passar dos anos se encarregou de os arrecadar no sótão do nosso conhecimento…»
Os amantes das nossas tradições, os apaixonados pela história de nossa terra e suas gentes, os que aceitam, como mola-real da vida, a importância do passado nos alicerces do presente e do futuro, decerto marcarão presença na apresentação do livro “Gafanha da Nazaré: Memória Histórico-Antropológica”. 

Fernando Martins

O Marnoto Gafanhão — 6

Um texto póstumo de Ângelo Ribau


“Valha-nos Deus, que já não será sem tempo”


“Valha-nos Deus, que já não será sem tempo”, pensava eu, “ao menos aquelas temperaturas tórridas, a que não faltava sequer a falta de vento irão acabar. Oxalá o meu pai também acerte desta vez!”
Assim foi. Passados que foram cerca de dois dias, logo se notou pela manhã a temperatura a refrescar. O dia já foi menos quente e pela tarde, ao regressarmos a casa, chegados à “boca” do Esteiro dos Frades, foi dada ordem de içar a vela, que puxada pela “ustaga” se fez chegar ao cimo do mastro. Orientada pela escota de acordo com a direção do vento, lá ia a bateira em direção ao seu ancoradouro, junto à seca do Egas. O marnoto, sentado no “cagarete”, governava a bateira e ia orientando a vela, puxando ou largando a escota, que era presa na borda de sotavento. Com vento fresco a viagem era rápida e o esforço praticamente nulo. Era só içar a vela e arreá-la ao chegar ao ancoradouro.
Com a falta de temperaturas muito elevadas a produção de sal ia lentamente baixando. Mas, mesmo assim, trabalho nunca faltava. Os tabuleiros onde o sal escorria, para depois ser transportado para o monte, os “machos” por onde passávamos com as canastras cheias de sal, não eram mais lama dura. O sal tinha-se entranhado na lama e aqueles locais eram autênticas máquinas de lixar as solas dos pés. Só quem andou naquela vida pode fazer uma ideia correta dos sacrifícios que o pessoal das marinhas passava.

sábado, 31 de agosto de 2013

Uma manhã na Praia da Barra



Os meus amigos e leitores já devem ter percebido que não sou um gafanhão que aprecie pisar as areias das praias. Mete-me impressão, pronto! Porquê? Não sei. Mas gosto de passear pelos acessos empedrados, de respirar o ar iodado, de sentir o sol forte no corpo, de ver as pessoas que correm, saltam e mergulham. Na Praia da Barra montaram um biblioteca, no afã de dar prazer aos leitores. Não vi por ali ninguém a ler a sério. O pessoal queda-se mais numas revistas ligeiras, daquelas que não dão muito que pensar. Também, quem é que se dá ao luxo de pensar muito numa praia? Mas não reprovo, antes aprovo, a possibilidade dada às pessoas que gozam com boas leituras.
Quem passa pela Praia da Barra, não resiste a fixar para a posteridade o nosso farol, o mais alto de Portugal e um dos mais altos da Europa. Com a moldura humana, mais apetite cresce por uma boa fotografia. Uma boa fotografia não estará muito nas minhas capacidades fotográficas, mas prezo-me de mostrar ao mundo, como posso e sei, imagens destas nossas terras e suas belezas.
Ontem, quando fui à Barra, a moldura humana estava bem composta. abrigos cheios para quem, como eu, detesta o vento, que por sinal não era forte, e muitos a enfrentar ondas mansinhas, que nem meninos davam por elas. O fim do mês de férias por excelência está a chegar ao fim, contradizendo os que, maníacos pelas notícias bombásticas, nos bombardearam com prenúncio de que o verão só o teríamos lá para outubro ou novembro. Esquecem-se de que, previsões com algum crédito, não duram mais do que 24 ou 48 horas. E o verão vai continuar conforme o calendário. O dia 23 de setembro, com dias iguais à noites, ditará o princípio do outono.

Deus respeita a cultura dos povos

O que pensa Francisco: 3. sobre as religiões


«Porque há várias religiões? "Deus faz-se sentir no coração de cada pessoa. Também respeita a cultura dos povos. Cada povo vai captando essa visão de Deus, tradu-la de acordo com a cultura que tem e vai elaborando, purificando, vai-lhe dando um sistema."»


Anselmo Borges


Uma sociedade desigual

Amigo, vem mais para cima

Família à mesa (imagem google)

«Estar à mesa e comer juntos tem um grande significado familiar, social e religioso: encontro amigo e fraterno, conversa e partilha de notícias e saberes, reforço de laços de proximidade, afirmação de estima mútua e de próxima ou igual categoria. Assim o entendiam todos os participantes. Por isso se observam mutuamente. Jesus não foge à regra.»

Georgino Rocha 


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O drama dos fogos florestais



Em Portugal, os verões não são apenas épocas de lazer, praias, campo, descontração e preparação para um novo ano de trabalho. São, quase sempre, épocas de fogos florestais, que destroem tudo o que encontram à sua frente, sem dó nem piedade. As altas temperaturas, alimentadas pelo calor sufocante e pelos chãos de folhas ressequidas, qual pólvora à beira da explosão que tudo mata, não perdoam nada. Nem vegetação, nem casas, nem pessoas e seus bens, nem animais. Tudo fica em cinza. 
As mortes de bombeiros, os soldados da paz e apaixonados pela solidariedade fraterna, sem nada esperarem em troca, fazem-nos pensar nos dramas que os fogos provocam e na incapacidade das nossas sociedades para encontrarem soluções de prevenção que minimizem o sofrimento das populações e a destruição da nossa riqueza florestal.
Nesta hora de luto pelos bombeiros falecidos, pelos bombeiros que combatem até à exaustão, pelas pessoas que se veem de um momento para o outro sem nada, mas também de tanta gente que direta e indiretamente apoia os que sofrem, importa reclamar, com urgência, soluções mais eficazes para erradicar, ano após ano, esta calamidade nacional. Os Bombeiros precisam da nossa colaboração? Então não olhemos para o lado.

Fernando Martins


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