segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sonata de outono

Por José Tolentino Mendonça 



E o outono vai-se instalando. A princípio nem parece uma estação. É quase um estado de alma, este tempo assim um pouco vago, em declive delicado, com a chuva ainda rala (mesmo se em alguns dias chega por aí aos tropeções) e o vento que parece um miúdo a aprender a assobiar. Olhamos com íntima estranheza para a brevidade destes primeiros dias, dos quais já não nos lembrávamos. Nas árvores, as folhas tremeluzem, indecisas e iluminadas, transmutadas em incríveis tonalidades. Os frutos têm perfume e sabores densos, tão diferentes daqueles que se saboreiam no verão. 
Lembro-me de um poema de Miguel Torga, que gosto de pôr a tocar como uma pequena sonata de outono: 

O que é bonito neste mundo e anima,
é ver que na vindima
de cada sonho
fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura que se não prova
se transfigura
numa doçura
muito mais pura
e muito mais nova

sábado, 22 de setembro de 2012

Bento XVI no Líbano

Por Anselmo Borges,
no DN



As circunstâncias podiam não aconselhar a viagem do Papa ao Líbano. Por um lado, o conflito sangrento - 27 000 mortos - na Síria, com o risco de reabertura de tensões no próprio Líbano, já com combates em Trípoli. Por outro, a violência dos radicais no mundo islâmico, indignados com um vídeo de um extremista copta americano -Inocência dos Muçulmanos -, ridicularizando Maomé.

Mas a Bento XVI, que tem o sentido de missão e do dever, não faltou coragem, aproveitando precisamente o momento tão delicado da região, para levar aí a mensagem da paz e encorajar os cristãos a não abandonar o Médio Oriente, onde o seu número tem caído constantemente ao longo do último século, podendo o cristianismo desaparecer. Como disse ao Público o antigo arcebispo católico de Argel H. Teissier - ele sabe por experiência de que é que está a falar -, "é nas situações de tensão que a Igreja deve estar presente, mesmo que tenha de assumir riscos para tentar anunciar a sua mensagem de paz, de respeito recíproco."

Dia Europeu sem Carros: 22 de setembro

Por Maria Donzília Almeida

Arranque


É um regalo na vida 
À beira d’água morar! 
Quem tem sede vai beber 
Quem tem calma vai nadar! 

Ouvia este aforismo popular, da boca da mãe, quando esta se sentia invadida por um sentimento de gratidão ao Criador, pelo privilégio de morar neste local tão pitoresco. 
Na verdade, hoje sinto-me como peixe na água, por morar aqui mesmo, neste dia que se comemora. 
Por um lado, posso refrescar-me nas revitalizantes águas deste Oceano Atlântico, pois as temperaturas cálidas perduram, neste verão que se mantém na meteorologia, embora se tenha despedido no calendário. Por outro lado, posso fazer uma das coisas que me dá imenso prazer, que é o simples ato de andar de bicicleta. Nesta planície imensa que é a zona das Gafanhas, pode circular-se com toda a comodidade e há imensa gente a fazê-lo, não só por mero desporto, mas também como meio de transporte. Hoje, a bicla está na mó de cima!

Um serviço aos outros com sentido e dimensão


Por António Marcelino

«Paróquia que não se abre aos leigos ou que os aprecia apenas pelo serviço que prestam no templo, é paróquia que perde a sua fisionomia de comunidade eclesial e empobrece cada ia no seu esforço de evangelização. Certamente que também os leigos não podem deixar de ter obrigações para com o padre e a comunidade. Um serviço por vocação, a tempo pleno, não dispensa as manifestações de respeito, acolhimento, amor e compreensão, ajuda concreta dos leigos para com o seu pastor.»

Ser Primeiro

Por Georgino Rocha



Aspirar a ser o primeiro faz parte da natureza humana e cultiva-se durante a vida. Os discípulos de Jesus conversam animadamente sobre este assunto nos caminhos da Galileia. A conversa chega à discussão. O episódio ocorre numa circunstância especial. Jesus tinha-lhes dito, mais uma vez, que o percurso que ia seguir para realizar a sua missão não era o da ostentação gloriosa, mas o da cruz, da morte indigna, da ressurreição feliz. Esta declaração confunde-os. Não era assim que sonhavam o trajecto do Messias para a victória.

Jesus acolhe a perplexidade em que os discípulos se encontram. Reconhece que ser o primeiro é importante. Pretender alcançá-lo é legítimo. Mas, ser o primeiro em quê e para quê? As intenções dos discípulos não coincidem com o propósito de Jesus. É preciso clarificar o assunto e reencaminhar a aspiração. E, como bom mestre, recorre à pedagogia do exemplo. Toma uma criança, coloca-a no centro do grupo e abraça-a. Depois esclarece o alcance do seu gesto.

Ontem como hoje, ser o primeiro na disponibilidade para acolher e dialogar, na atenção e no serviço, sobretudo aos pequeninos da sociedade ( feridos da vida, excluídos, proscritos, ignorados). Ser o primeiro na capacidade de colocar o outro como centro da sua vida e das suas preocupações. Ser o primeiro em reconhecer a grandeza da simplicidade e a riqueza do amor de doação. Ser o primeiro na alegria de viver e na firmeza da esperança. Ser o primeiro na partilha de bens e no testemunho da felicidade.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mas porquê tanta obsessão com consumo?

Por Camilo Lourenço, no Negócios

 Não há "bicho careta" neste país que não critique as medidas de austeridade por causa do efeito que têm sobre o consumo. 

Segundo esta corrente, não se pode reduzir o consumo porque acelera a contracção da economia. Que por sua vez gera desemprego, que por sua vez faz cair as receitas dos impostos, agravando o défice. É estranho que nem os mais informados insistam nesta "fixação". Porque têm obrigação de saber que o nosso ajustamento tem de passar pela quebra do consumo. Não há volta a dar: com PSD e CDS no poder, com PS no poder ou com qualquer outro partido. Quando não se tem rendimento para financiar o consumo, que é o que se passa em Portugal (e passou-se nos últimos dez anos), a solução é só uma: reduzi-lo.

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