sábado, 3 de dezembro de 2011

TERTÚLIAS À QUARTA: Onde está Deus quando morre um inocente?


Dia Internacional das Pessoas com Deficiência — 3 de dezembro




QUALQUER CIDADÃO DEFICIENTE TEM UM POTENCIAL
 QUE PODE SER DESENVOLVIDO 
Maria Donzília Almeida 

Um dia, numa das suas visitas de rotina, às enfermarias dum hospital psiquiátrico, o médico reparou num doente que transportava um carrinho de mão, com as rodas para cima. Pasmado coma cena,, indagou ao doente, a razão daquela atitude: — É que, se eu o voltar para cima, enchem-mo de pedras! Respondeu de imediato. Apesar de haver várias leituras, deixo a cada um, a interpretação. 
O dia internacional das pessoas com deficiência é uma data comemorativa internacional, promovida pelas Nações Unidas desde 1998. Tem por objetivo, promover uma maior compreensão da problemática da deficiência e mobilizar a defesa da dignidade, dos direitos e o bem-estar das pessoas. Procura também aumentar a consciência dos benefícios trazidos pela integração das pessoas com deficiência em cada aspeto da vida política, social, económica e cultural. A cada ano, o tema deste dia é baseado no objetivo do exercício pleno dos direitos humanos e da participação na sociedade. Foi estabelecido pelo Programa Mundial de Ação a respeito das pessoas com deficiência, adotado pela Assembleia Geral da ONU em 1982. 
Foi há pouco mais de duas décadas que o governo começou a dar os primeiros passos para a integração do cidadão deficiente, na escola pública oficial. Antes disso, havia uma atitude de constrangimento, quando as famílias eram confrontadas com este drama. As crianças eram fechadas em casa e era-lhes interdita a possibilidade de desenvolver as capacidades que têm. Está hoje provado que qualquer cidadão deficiente tem um potencial que pode ser desenvolvido, em contacto com os pares, ditos normais. Hoje, qualquer pai, leva o seu filho à escola, dando-lhe assim a possibilidade de conviver e de adquirir competências sociais, úteis no convívio em sociedade. Tenho tido, ao longo da minha vida docente, casos múltiplos de deficiência e por estranho que pareça, apresentam uma fisionomia mais feliz, que muitos outros.

A doutrina do pecado original infetou o cristianismo



Jean Delumeau

Nem Eva, nem Adão, nem pecado original
Anselmo Borges

O que de modo grave infectou o cristianismo foi a doutrina infausta do pecado original. Escreveu o grande historiador católico Jean Delumeau: "Não é exagerado afirmar que o debate sobre o pecado original, com os seus subprodutos - problemas da graça, do servo ou livre arbítrio, da predestinação -, se converteu (no período central do nosso estudo, isto é, do século XV ao XVII) numa das principais preocupações da civilização ocidental, acabando por afectar toda a gente, desde os teólogos aos mais modestos aldeões. Chegou a afectar inclusivamente os índios americanos, que eram baptizados à pressa para que, ao morrerem, não se encontrassem com os seus antepassados no inferno. É muito difícil, hoje, compreender o lugar tão importante que o pecado original ocupou nos espíritos e em todos os níveis sociais. É um facto que o pecado original e as suas consequências ocuparam nos inícios da modernidade europeia o centro da cena mundial, sem dúvida muito atribulado."

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

D. António Marcelino, um bispo atento ao mundo que o rodeia


D. António Marcelino


O Correio do Vouga, órgãos oficial da Diocese de Aveiro, veio esta semana recheado de agradáveis surpresas, que resolvi partilhar com os meus amigos e leitores. Logo na capa, com destaque, uma entrevista a D. António Marcelino, a propósito do seu mais recente livro  “Pedaços de vida que geram vida”. Diz o Bispo Emérito de Aveiro nessa entrevista: «era beneficiário de testemunhos muito ricos» que, só por mim, nunca teria recebido. Não me pertenciam e havia que transmiti-los, para que outros se sentissem animados e atentos à acção de Deus nas suas vidas. Era preciso que mais os pudessem conhecer.»
Mais adiante, D. António Marcelino lembra que «a responsabilidade do bispo está ligada à sua missão, não ao cargo que exerce por um tempo», o que justifica, claramente, a sua permanente intervenção eclesial e cívica. Entretanto, anuncia a publicação de outros trabalhos, nomeadamente, a sua «apreciação da recepção, pela Igreja em Portugal, do Vaticano II, cinquenta anos depois». Recorda ainda que “A vida também se lê”, já com três volumes, vai ter um quarto, muito em breve.
Afinal, D. António Marcelino não é um bispo resignado, nem reformado, mas é, isso sim, um bispo ativo, mantendo em todas as circunstâncias «a ligação com as pessoas e as coisas, tentando estar «actualizado e disponível», sendo os dias por vezes «já pequenos e breves».

NOTA: Farei referência a outros trabalhos por estes dias

Quando dar é receber: Histórias inspiradas

Carminho


Cultura do dar-se

A revista “Visão” de 24 de novembro, com o tema de capa «Quando dar é receber», recolheu «histórias inspiradoras» de figuras públicas que procuram ser solidárias. Alguns dos nove relatos envolvem a participação em atividades realizadas por instituições da Igreja Católica.

A descoberta de capacidades desconhecidas

A experiência de Carminho como voluntária «começou aos 18 anos, por influência de colegas da Universidade Lusíada, fazendo a ronda da noite da Comunidade Vida e Paz [onde também colabora Fernanda Freitas, apresentadora de televisão e presidente portuguesa do Ano Europeu do Voluntariado 2011], distribuindo sopa aos sem-abrigo de Lisboa. Carminho dedicava, também, os seus fins de semana à Casa de Saúde Mental do Telhal e às monjas de Belém, onde ajudava nas limpezas. No verão do ano seguinte, partiu em missão de voluntariado, durante dois meses, para Cabo Verde… e a vontade de ajudar os outros nunca mais a abandonou.

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Dia Internacional de Abolição da Escravatura - 2 de dezembro


A escravatura não é um problema do passado
Maria Donzília Almeida

“Sou uma moira de trabalho!” ou “Trabalho como uma galega!” eram expressões, até há bem pouco tempo, muito recorrentes na linguagem popular e denotavam, de alguma forma, uma espécie de servidão, que pouco se distanciava da escravatura 
A captura de escravos em África era feita desde a Idade Média pelos Árabes, mas foram os europeus, desde o século XVI que se encarregaram do seu transporte para as plantações e minas do continente americano. As célebre roças das nossas ex-colónias, as que vi em S. Tomé, tiveram o seu período áureo, em plena escravatura. 
Por iniciativa da ONU, comemora-se a 2 de Dezembro, o «Dia Internacional para a Abolição da Escravatura», na globalidade das múltiplas formas, que esta execrável prática abrange e, todas elas, atentatórias do respeito pelos Direitos Universais do Homem e da mais elementar vivência democrática. O ano de 2004 foi declarado Ano Internacional para a Abolição da Escravatura, a fim de lembrar a todos os Estados que é preciso acabar com esta forma repugnante de opressão 
Portugal foi, no decurso do século XIX, dos países pioneiros a abolir a escravatura humana, atitude apontada como exemplar pelo célebre escritor francês Víctor Hugo. 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

ESTÁ LATENTE UM CERTO ADORMECIMENTO DEMOCRÁTICO



Estará hoje 
a democracia em perigo? 
António Marcelino 

Ouvem-se por aí expressões e tomam-se atitudes que parecem denunciar esse receio. Porém, o que vemos, de modo muito claro, é que o tempo dos ditadores e dos poderes absolutos está a terminar, e os que teimam permanecer em tronos de ouro, como senhores únicos do saber e da verdade, sonegando milhões ao povo e gerando, à sua volta, a sabujice e o vazio, têm, a curto prazo, os seus dias contados. 
O regresso às ditaduras, a não ser por caminhos tortuosos e indignos, como ainda acontece à revelia do tempo, não parece ser, hoje, caminho a temer em estados democráticos. Porém, está latente um certo adormecimento democrático pelo desinteresse generalizado pela política, pela ânsia de poder e as lutas partidárias, pela recusa em servir, por parte dos mais competentes e preparados, por uma anestesia provocada que leva o povo a pensar apenas na satisfação de direitos e reage, por vezes violentamente, ao cumprimento dos seus deveres normais e à colaboração inevitável nas crises emergentes.

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