terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ainda a Praia dos Tesos


São Jacinto ao fundo

Praia tranquila e de águas baixas


Há tempos falou-se muito da Praia dos Tesos, a propósito da praiazinha que o Jardim Oudinot nos oferece. Jornais e rádios falaram dela diversas vezes e eu próprio fui na onda. Depois vieram os protestos, oportunos, de alguns amigos meus, que não aceitaram bem, com razão, o meu lapso. Fiquei de esclarecer o meu engano, mas a verdade é que não o fiz a tempo e horas.

O meu amigo Diamantino Ribau, contudo, foi mais além. Pegou num papel e fez a planta da verdadeira Praia dos Tesos, com pormenores de quem tem excelente memória, para me ajudar a recordar, com precisão, o local exacto dessa praia.

Passei com ele um bom bocado a reviver pessoas e factos que ajudaram a fazer a história, irrepetível, daquela praia, que nada tinha a ver com gente sem dinheiro.

A Praia dos Tesos ficava, pois, frente a São Jacinto, um pouco depois do campo de futebol, onde a União Desportiva Gafanhense e depois o seu sucessor, o Grupo Desportivo da Gafanha, treinava e recebia os clubes visitantes para jogos de muito entusiasmo. Um pouco adiante, havia um largo, redondo, a que chamavam campo dos cavalos. A seguir, vinha a praia. Era, na verdade, uma praia tranquila, frequentada por famílias com crianças e não só. Num espraiado, a água da ria permitia que crianças brincassem à vontade, porque não havia  fundos abruptos e perigosos, por isso. Apenas chegava aos joelhos, se tanto.

Essa ideia de lhe chamarem Praia dos Tesos talvez tenha saído da cabeça de alguns, que identificavam as Praias da Barra e da Costa Nova como as praias de gente rica. Seria?

Fernando Martins

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

5 de Outubro de 1910: efeméride pouco festiva






Uma sociedade mais justa
é possível e necessária entre nós


Hoje não me apeteceu celebrar a implantação da República no nosso País, que teve lugar há precisamente 99 anos. Só porque me lembrei do que aconteceu em Portugal, desde esse dia até ao 25 de Abril. No entanto, quem quer olhar o país e o mundo pela positiva tem de acreditar nos homens que dia a dia desejam construir um mundo melhor.

O Presidente da República, Cavaco Silva, exortou, em cerimónia significativa,  à união em torno dos “grandes ideais republicanos”, sublinhando que esses ideais exigem um “esforço acrescido para a concretização da ética republicana e para a transparência na vida pública”. E isso mesmo devia levar-nos a acreditar que é sempre tempo de se iniciar o caminho da dignificação da nossa democracia, ligada quase há 100 anos ao regime republicano.

É certo que devemos esquecer guerras fratricidas entre portugueses, que a implantação da República suscitou e até alimentou, e temos de reconhecer que, 100 anos após essa data, existem razões mais do que suficientes para crer que uma sociedade mais justa é possível e necessária entre nós.

Depois da primeira república, marcada por desordens, perseguições, assassínios e fuga às mais elementares regras democráticas, que geraram o caos e deram lugar à ditadura da segunda república do chamado estado novo, estamos agora na terceira, já com 35 anos de vida.

Uma vida com 35 anos de idade é uma vida adulta, mas nem sempre os comportamentos dos portugueses, os actuais republicanos, identificados com uma nova ordem social para o nosso País com tantos séculos de existência, têm sido os adequados para uma sociedade mais fraterna e mais democrática. Nos últimos tempos, como é sabido, têm sido muitas as ofensas à verdade e à liberdade, bem como ao sonho de um País novo, de mais progresso e de mais justiça social, que nem me apetece cantar essa efeméride. Pode ser que um dia destes acorde com outra disposição.

Fernando Martins

A Hora da Saudade no Rádios Antigos no Ar


Pesca do Bacalhau


A Hora da Saudade, de que há meses falei no meu Pela Positiva, foi agora recordado pelo coleccionador António Rodrigues, no seu site Rádios Antigos no Ar. Tema para eu, como outros, reviver, porque o assunto, na época em que aconteceu, suscitava grande interesse. Hoje, praticamente, ninguém evoca a Hora da Saudade, que levava pelos ares a nossa voz emocionada e feliz, até junto de familiares que labutavam no alto mar por uma vida melhor para os seus. Leia mais aqui.

Rio de Janeiro, Olimpíadas 2016





Estes acontecimentos,
do desporto como educação social,
inspiram o melhor

1. Já há bastante tempo que o Brasil é considerado uma potência económica emergente. Este referencial de «potência económica» pouco interessará se a sua aplicação em termos de desenvolvimento humano não se reflectir em progresso social. O Brasil pertence ao grupo designado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), países que, quer pela sua grandeza geográfica quer, especialmente, pelo seu potencial em determinadas áreas, afirmam-se como líderes em termos regionais e mundiais. A grandeza do Brasil (que engole a Europa!), país irmão de Portugal, reflecte bem o paradigma intercultural que é característico dos países de cultura em língua portuguesa. Sejamos claros, a CPLP (comunidade dos países de língua portuguesa) “agradece” a confirmada capacidade de liderança do Brasil!

2. A segunda década do século XXI terá no seu meio dois acontecimentos incontornáveis que trazem o país do samba para a ribalta mundial. No ano 2014 o Brasil receberá o Campeonato do Mundo de Futebol da FIFA, dois anos depois o Rio de Janeiro recebe a edição dos Jogos Olímpicos. É palavra obrigatória dizer-se que se trata dos dois maiores acontecimentos desportivos mundiais, com o que tudo isso acarreta de milhões visitantes capacitando as grandes cidades brasileiras para acolher tamanhos eventos. As primeiras olimpíadas que «falam português» são, para a cidade maravilhosa, uma altíssima responsabilidade. Como o presidente Lula da Silva referiu, embora pareça que não falta muito tempo, cada ano e cada mês têm metas humanas e sociais de construção a atingir.

3. A obra e a alma que estes acontecimentos transportam, para além de tudo e depois de tudo, representam, para o Brasil como para a América Latina, um fortalecer da esperança social. Sabe-se da convulsão que alguns países atravessam e da necessidade de um Brasil consistente para os equilíbrios geopolíticos regionais. Estes acontecimentos, do desporto como educação social, inspiram o melhor.

Alexandre Cruz

no outono da tua nossa solidão



na minha língua

com esse giz
com esses
pontinhos brancos
que nascem
na minha
nossa rua
escrevo o teu nome
nas fronteiras cegas
da minha
nossa língua
da tua
nossa lua


no copo vazio
da tua
nossa aventura
no deserto
da tua
nossa cidade


no outono
da tua
nossa solidão
beijas sapos
com timidez


príncipes
donzelas
cavalos suados
feridas abertas
livros despidos
ou
apenas
a música
dos teus lábios
na minha língua

orlando jorge figueiredo

domingo, 4 de outubro de 2009

Boris Altivo




Boris altivo
.

Bonacheirão
Obediente
Reguila
Irreverente
Sorninha!

Donzília Almeida

Dia Mundial do Animal

Tita

Totti
Animais nossos amigos


Cá em casa há animais tratados como gente. A Tita e o Totti (canídeos) e a Guti e a Biju (felinos). A Tita e o Totti usufruem de um quintal amplo e de algumas divisões da casa. São animais asseados, tratados a rigor, vigiados pelo veterinário, alimentados com rações seleccionadas e com amigos que brincam com eles. Costumo dizer que só lhes falta falar. Entendem o que dizemos e interpretam bem os nossos sentimentos. Estão alegres quando estamos alegres e tristes quando estamos tristes. Conhecem-nos pelo nome, percebem quando acordamos, chamam-nos quando precisam da nossa atenção, envolvem-nos, como se cordas fossem, para nos levarem para o quintal. Aí, dão sempre umas corridas, ladram a qualquer ave que se cruze com eles, gritam quando pressentem um ratito. Mas se regressamos a casa, logo deixam tudo para nos acompanharem.

Dormem a sesta como qualquer ser humano, agitam-se com qualquer petisco e procuram o aconchego da família quando troveja. Não gostam de foguetes nem de ciclistas que passem pela rua. Se os deixássemos, era perseguição certa. Nunca percebi porquê.  Qualquer animal estranho desperta neles uma curiosidade muito grande. Há dias, num quintal vizinho, apareceu uma cabra. Ficaram admirados. A primeira reacção foi ladrar; depois, tempo sem fim a contemplá-la.

As felinas são diferentes. Mãe e filha dormem sem conta nem medida. Nos seus aposentos, sótão e outras salas, onde não mora ninguém, vivem a sua solidão e a sua independência. Comem e dormem regaladas, sob a paciência de quem sabe.  De quando em vez descem tranquilas e vão espreitar o ambiente pela janela. Ali ficam absortas nos seus pensamentos misteriosos. Depois descem ao quintal, mas cedo regressam, decerto com saudades da pacatez que as anima. Não incomodam ninguém e também não gostam que as incomodem a elas.

Dentro de casa são elas quem manda. O Totti e a Tita têm-lhes muito respeitinho. Nem conseguem cruzar-se com elas. Mas no quintal, ai delas se não fogem desabridamente.

É bom sentir a amizade dos animais. É uma amizade leal e franca. Não é verdade que há gente que diz, com propriedade, que, “quanto mais conheço os homens, mais gosto dos animais”? Eu também, em alguns casos, claro!

FM