segunda-feira, 6 de abril de 2009

Dois prémios para João Alberto Roque


João Alberto Roque, 47 anos, professor de Biologia e Geologia na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, contista, inscreveu dois primeiros prémios no seu currículo literário. O primeiro alcançado no concurso Matilde Rosa Araújo, patrocinado pela Câmara Municipal da Trofa, em 2006, com o conto “Pirilampo e os deveres da escola”, e o segundo no concurso António Feliciano Rodrigues (Castilho), organizado pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Funchal, em 2008, com “O primeiro passo na Lua”. 
O “Pirilampo e os deveres da Escola” foi editado com ilustrações de Helena Zália e entrou já no Plano Nacional de Leitura (PNL). “O primeiro passo na Lua”, para além da edição por conta da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, tem já agendada publicação na Editora Nova Vega, esperando o autor que o seu conto veja a luz do dia a 20 de Julho de 2009, quando perfaz 40 anos sobre a chegada do homem ao satélite da Terra. 
João Roque sempre gostou de escrever, mas foi no Timoneiro, há anos, que descobriu a sua veia ficcional, quando alimentava, mensalmente, a rubrica “À volta de um provérbio”. Os anos foram passando, até que alguém colocou na escola onde lecciona um cartaz anunciando um concurso literário da Câmara da Trofa. “Aquilo desafiou-me; eu era capaz de escrever e de concorrer; em dois ou três dias tinha o conto escrito e quando o acabei gostei muito do que tinha escrito; pedi à colega Cláudia Ribau que o ilustrasse e enviei o trabalho; surpreendentemente, acabei por ganhar.”
Para o nosso entrevistado, os concursos têm de interessante a certeza de que o que escrevemos “vai ser lido por alguém; alguém que, em princípio, tem capacidade crítica; no concurso da Trofa, por exemplo, o júri era constituído por gente de pergaminhos: António Torrado, Viale Moutinho, Armandina Maia, António Pontes (vereador da autarquia) e, sobretudo, Matilde Rosa Araújo, que representou, para mim, uma satisfação muito grande”. 

A complexidade da Justiça

1. Se a complexidade apresenta-se como um eixo de interpretação de todo quanto se move, então o “simplificar” com eficácia para actuar em conformidade será o lema a seguir. Não custa a compreender que sistemas como o de justiça, num mundo global que pula e a avança a toda a pressa, são facilmente surpreendidos e fintados com todas as mil-e-uma tecnologias que hoje têm poderes de comunicação e agilidade muito acima das instituições dos estados. A desarticulação actual entre as justiças nacionais e as sociedades efectivamente (nos valores e nos defeitos) transnacionais, apesar de instâncias que vão procurando responder aos novos desafios, essa desarticulação será hoje uma das grandes batalhas sociais a vencer.

Um poema de Domingos Cardoso

Favor
Olhando-me ao espelho, devagar, Vejo as marcas que o tempo foi deixando Nas rugas que me cercam o olhar brando Lavado por um pranto por chorar.
Vejo-me de alma aberta, par em par, E ressaltam desse ar tão venerando, Alegrias compradas, contrabando, Quem, por feliz, se quer fazer passar.
Vida, que és repetido recomeço, Concede-me um favor que não mereço, E eu te entrego o meu ser hipotecado.
Tomando a esperança por esteio, Neste mudar de vida o mais que anseio É viver sem os erros do passado.
Domingos Cardoso

Um Alentejo mais verde

Ontem atravessei o Alentejo, região do nosso País tão expressiva. Dele se fala tanto com histórias que nos transportam a fantasias que não cansam. No horizonte, uma viagem até ao Reino dos Algarves, onde se acomoda mais o sol com uma temperatura amena. O Alentejo que ontem vi, por onde passei, deu-me a sensação de estar mais verde. Planície a perder de vista, como sempre, aqui e ali os meus olhos fixaram-se em oliveiras plantadas com planos previamente traçados, A simetria indiciava cuidados especiais. Grandes extensões de terra agricultada. Pastos verdejantes, com sistemas de rega operacionais. Gado que tosa a erva macia entre arvoredo ou no descampado. Montes abandonados também havia, mas a ideia com que fiquei garante-me que o Alentejo pode recuperar a vitalidade que já teve. Faço votos para que isso seja possível.
FM

sábado, 4 de abril de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 125

BACALHAU EM DATAS - 15

A PESCA LORMENTE
Caríssimo/a: Pois bem, mais uma vez vamos pedir um “postal ilustrado” ao bom amigo Capitão Valdemar, abrindo, na página 40, o seu livro «Histórias Desconhecidas dos Grandes Trabalhadores do Mar» e lemos: «Foi só em finais do século XVIII, mais concretamente em 1789 - ano da Revolução Francesa-, que um capitão francês, de Dieppe, teve a ideia de pôr em prática, mas de forma ampliada, um processo de pesca há muito utilizado pelos pescadores da Mancha (eu diria mesmo utilizado em muitas outras partes do mundo) conhecido pelo nome "linhas lormentes". Resolveu este capitão ligar várias linhas umas às outras, tendo assim uma linha mestra de tamanho considerável; desta linha saíam como raízes subsidiárias, uma série de linhas mais finas, com o comprimento aproximado de uma braça, a terminar numa "mãozinha" onde empatava o anzol. Eram os chamados "estralhos", separados entre si cerca de dois metros, para evitar que se ensarilhassem uns nos outros. Estas linhas de grande comprimento – em número de duas, uma em cada bordo – eram depois estendidas com a ajuda das chalupas, embarcações pesadas e de grande porte. Eram lançadas ao fim da tarde e levantadas ao amanhecer, ficando uma ponta presa a bordo e a outra no fundo, ligada a uma poita de pedra, de onde partia uma outra linha rumo à superfície, a terminar numa bóia de sinalização. O sucesso conseguido com esta experiência foi tal, que esse navio fez nesse ano duas viagens em tempo recorde, completamente carregado. Escusado será dizer que no ano seguinte muitos outros navios vieram já preparados de França para a nova modalidade, com o assentimento entusiasta dos pescadores, que viam no novo método a possibilidade de aumentar consideravelmente os seus ganhos. Claro que o sistema tinha os seus riscos. A manobra diária com embarcações pesadas e de difícil manuseamento, o pouco cuidado que punham no seu trabalho, o facilitar até à imprudência o lançamento das linhas já com mar demasiado agreste, levou a que muitos incidentes começassem a surgir, sendo considerável o número de perdas de vida. E, perante esta situação que todos os anos se repetia, as autoridades viram-se obrigadas a proibir este novo género de pesca. Mas ninguém acatou a ordem. A miragem do lucro, como sempre acontece, sobrepôs-se a tudo, e em pouco tempo, esta nova modalidade com linhas de fundo tinha-se generalizado, sendo praticada por toda a gente. Durante quase noventa anos, a pesca com linhas de fundo manteve-se com poucas alterações de base, verificando-se no entanto um grande progresso na qualidade dos materiais empregados, que ano após ano nunca deixaram de melhorar. A grande revolução nos métodos de pesca empregados ocorreu em 1875, ano em que se fez o primeiro ensaio com "dories", embarcações ligeiras de fundo chato, utilizadas há muito pelos pescadores americanos. As pesadas chalupas de difícil e perigosa manobra, quer no arrear, quer no içar para bordo, viram assim terminado o seu ciclo de utilização diário. Entre os franceses, cada dory era tripulado por dois homens, visto serem ligeiramente maiores que os dories usados pelos portugueses, estes ocupados por um só homem. A pesca era agora feita pelos pescadores isolados nas suas pequenas embarcações, senhores e donos do seu trabalho e do seu destino, ficando o navio fundeado no mesmo sítio durante vários dias, enquanto a abundância de pesca o justificasse. Logo que começasse a fraquejar, a decair, o capitão suspendia a âncora e iam de emposta, termo este que em gíria piscatória significa mudar de poiso, em busca de melhor. A "pesca errante" tinha desaparecido. Esta nova modalidade, conhecida sob vários nomes - linhas dormentes, linhas de fundo ou pesca de trol-, a pouco e pouco posta de parte pelos pescadores franceses, até desaparecer totalmente, viria a desenvolver-se entre nós de uma forma notável. O seu apogeu verificou-se ao longo da década dos anos 50, com a construção de muitas unidades modernas em aço, de grande capacidade de carga e maquinaria propulsora a condizer. E já no dobrar da curva para a segunda metade do século XX, mantinha ainda uma pujança tal, que lhe permitia rivalizar em qualidade e número de navios com a nova frota dos arrastões em expansão, com a qual viria a coexistir até ao último quartel do século. Verificamos assim que enquanto a pesca na costa, praticada pelos franceses, pouco variou ao longo de quatro séculos, a pesca nos bancos teve alguma evolução: foi primeiro "errante", com o navio à deriva, ao sabor das vagas ou do vento; depois, com as "linhas dormentes", largadas com o auxílio das chalupas; e mais tarde com os dories, o navio fundeado, preso a um grosso cabo de sisal ou cânhamo a servir de amarra. Esta visão da frota portuguesa da pesca à linha – a saudosa "White Fleet" - pôde ser contemplada até ao último quartel do século XX, quer na Terra Nova, quer na Gronelândia, altura em que desapareceu.» Imagens que durante séculos encheram o nosso imaginário e foram realidade na vida dos nossos lobos do mar! Manuel

Ana Paula Vitorino: Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro ainda este ano

Presidentes da APA e da REFER ladeiam a secretária de Estado dos Transportes

Porto de Aveiro venceu barreiras simbólicas e importantes para a economia nacional

A ligação ferroviária ao Porto de Aveiro ficará concluída até ao final do ano, garantiram Ana Paula Vitorino, secretária de Estado dos Transportes, e Luís Pardal, presidente da REFER. Esta certeza foi anunciada ontem, 3 de Abril, Dia do Porto de Aveiro, na cerimónia da assinatura do contrato de concessão da Plataforma Logística Portuária de Aveiro – Pólo de Cacia, entre a APA (Administração do Porto de Aveiro) e a REFER. A secretária de Estado dos Transportes sublinhou que “é notável ver a obra no terreno, de cuja necessidade todos falavam, mas que ninguém fazia”, acrescentando que o Porto de Aveiro entrou no mapa dos centros económicos, “vencendo barreiras simbólicas e importantes para a economia nacional”. Considerou “como sinal de modernidade” a disponibilização do Arquivo Histórico-Documental do Porto de Aveiro na Internet, o “primeiro porto nacional a fazê-lo”, tendo salientado a mais-valia que representa a componente promocional “numa economia globalizada”. Enalteceu o esforço feito nesse sentido, dizendo que a APA não se “resignou aos mínimos olímpicos”, enquanto lançou à REFER o desafio para que faço o mesmo, preservando e divulgando o seu espólio histórico e documental bastante rico. A ligação ferroviária ao Porto de Aveiro, “uma aposta do Governo”, no dizer de Ana Paula Vitorino, importou em 73 milhões de euros e a exploração da plataforma de Cacia, concessionada à APA, custará 200 mil euros por ano, durante três décadas. Para José Luís Cacho, presidente do conselho de administração da APA, a ligação ferroviária ao Porto de Aveiro contribui grandemente para o seu “desenvolvimento estratégico”, ao assegurar uma “porta de saída para o hinterland portuário”. Entretanto, Luís Pardal, presidente da REFER, mostrou-se satisfeito com o trabalho que ainda está a decorrer, trabalho esse que prova a capacidade técnica da empresa que dirige. “A nossa gente é responsável pelo nosso sucesso”, adiantou.
FM

PORTO DE AVEIRO NA WEB

Dinis Alves na apresentação do Portal
Riqueza guardada durante dois séculos
Dinis Alves, responsável pela webização do Arquivo Histórico-Documental do Porto de Aveiro (AHDPA), guiou ontem, 3 de Abril, um grupo de entidades e convidados, numa visita às gavetas e arquivos, antigos e mais recentes, do Porto de Aveiro. Fundamentalmente para mostrar uma riqueza guardada durante dois séculos, onde se retrata o esforço de quantos sonharam e levaram a cabo a abertura da Barra, prosseguindo na senda do progresso portuário que todos podemos admirar nos nossos dias, agora com a ligação ferroviária que abre ainda mais a nossa região à Europa. Depois de uma apresentação cuidada, em que Dinis Alves sublinha os pessimismos dos Velhos do Restelo, que em cada época se insurgiram contra o progresso e os desafios da história e dos avanços tecnológicos, as gavetas do Porto de Aveiro abriram-se, para gáudio de quantos apreciam o caminhar dos que nos antecederam, nesta safra humana. A disponibilização ao público do portal do AHDAPA resulta de processo levado pela Administração do Porto de Aveiro (APA), a partir de 2006, para inventariação, catalogação e conservação do espólio existente. É o primeiro trabalho do género, no âmbito dos portos nacionais. O processo foi moroso, quer pelo elevado número de documentos disponíveis, quer pelo rigor exigido. Não se encontra concluído, mas já foram dados passos significativos. “Cartografia”, “Manuscritos”, “Bibliografia”, “Periódicos”, “Não-periódicos”, “Artigos” e “Peças com História” são algumas das secções do Portal. Outras hão-de surgir, a par do enriquecimento de cada rubrica em curso, porque material não falta. Dinis Alves, que se fez acompanhar neste trabalho por uma equipa credenciada, insiste na ideia de que o Portal estará aberto à colaboração de todos, pois há muita gente com arquivos ligados aos temas em causa, que merecem ser partilhados com o mundo. Diz um texto da responsabilidade do Porto de Aveiro que as comunidades portuárias, portuguesas e estrangeiras, os cientistas e os cidadãos em geral podem, a partir de agora, dispor de um instrumento de grande utilidade para consulta e apoio à investigação. O Portal assume, também, um papel de relevo na divulgação da história de uma actividade nobre, como é a actividade portuária. Funcionará, por isso, como instrumento fomentador de novas pesquisas e de novos estudos, em torno do espólio publicado ou a publicar. FM

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