segunda-feira, 12 de maio de 2008

PONTES DE ENCONTRO


Myanmar: a tragédia e a falta de liberdade

Não existem boas nem más ditaduras, mas, simplesmente, apenas ditaduras.
E, como em qualquer ditadura, as liberdades, os direitos e garantias dos seus cidadãos não só não são garantidos como estes ainda estão sujeitos a todas as arbitrariedades próprias das ditaduras: perseguições, torturas, eliminação de adversários políticos, falta de expressão e pluralismo político e tudo o mais que se queira imaginar.
Vem isto a propósito do ciclone Nargis que, entre o passado dia 2 e 3, do corrente mês de Maio, devastou, com vento superiores a 200 quilómetros por hora, algumas áreas da Myanmar (antiga Birmânia), fazendo um número ainda não calculado de mortos, desaparecidos e desalojados.
Num primeiro balanço, as autoridades ditatoriais de Myanmar começaram por se referir a 10 mil mortos e três mil desaparecidos. Decorrida mais de uma semana, os números de vítimas não param de aumentar e, segundo dados da própria Junta Militar, que governa Myanmar desde 1962, no Domingo, dia 11, as vítimas passaram para 28.458 mortos e 33.416 desaparecidos.
Contudo, fontes ocidentais calculam que o número de mortos ultrapasse s 100.000, para além de 1,5 milhões de pessoas estarem desalojadas.
Seja como for, nada disto pode ser confirmado por fontes independentes, já que os militares têm colocado grandes obstáculos à entrada da ajuda internacional, nomeadamente à ONU e à Cruz Vermelha Internacional, apesar das fortes pressões das organizações de ajuda humanitária. Numa altura em que tanto se tem falado do problema da falta de alimentos no mundo custa a entender como existem regimes que rejeitam a ajuda alimentar, medicamentosa, água potável e de reconstrução aos seus cidadãos, vítimas desta catástrofe natural. Fazem-no em nome de quê?
Os militares invocam os interesses supremos da nação, a unidade e a independência, supostamente ameaçadas pelos conflitos que têm surgido entre os vários grupos étnicos que compõem a população do país, para se manterem no poder há 46 anos.
Em 1990, houve eleições, ganhas pelo partido de Aung San Suu Kyi, prémio Nobel da Paz, no ano de 1991, mas os seus resultados não foram reconhecidos pelos militares.
Entretanto, Aung San Suu Kyi passou quase 12 anos, destes últimos 18 anos, em prisão domiciliária.
Em Setembro e Outubro do ano passado, milhares de monges budistas (cerca de 90% de birmaneses são budistas) fizeram inúmeros protestos contra a falta de liberdade no país, do que resultaram mortos e prisões indeterminadas.
A Igreja Católica tem no país catorze dioceses, com um total de 635 mil fiéis e, no geral, os cristãos têm limitações severas de culto.
No passado sábado, dia 10, houve um referendo, para já só nas zonas não afectadas pelo ciclone, sobre a Constituição do país, que prevê eleições no ano de 2010, as primeiras a realizarem-se depois das de 1990.
Nestes últimos dias, têm surgido sinais de alguma abertura, por parte da Junta Militar, à entrada de alguma ajuda internacional, mas, mesmo assim, com muitas reticências, já que, autorizando a ajuda, esta só pode ser distribuída pelos militares birmaneses e nunca pelos funcionários ou voluntários dos organismos internacionais de auxílio.
Como em qualquer ditadura, a crueldade e a perversidade fazem parte da sua essência e esta não foge à regra. É próprio dos fracos, quando se querem fazer fortes!
Será que alguma vez a Comunidade Internacional vai julgar os seus responsáveis pelos crimes que têm cometido e continuarão, decerto, a cometer ou, mais tarde ou mais cedo, estes serão protegidos, como outros o são, para conveniência de alguém?
Vítor Amorim

Diáconos Permanentes de Aveiro celebram 20 anos de ordenação

D. António Francisco e Padre Georgino Rocha
TEMOS DE OLHAR MAIS PARA O FUTURO

Ontem, domingo, estive em Recardães, uma freguesia do concelho de Águeda. A celebração dos 20 anos de ordenação dos primeiros diáconos permanentes de Aveiro levou-me até lá. Para recordar essa data, mas também para estar com amigos que comungam dos mesmos ideais e acertam o passo na mesma caminhada. Foi muito bom sair dos meus espaços habituais para olhar outras paisagens de cores diversas que fogem das tonalidades marinhas.
Foi no dia de Pentecostes, de há 20 anos, que a diocese de Aveiro ofereceu à comunidade os primeiros diáconos permanentes dos tempos modernos. O ministério ordenado do diácono vem da Igreja primitiva, mas caiu em desuso há séculos. O Vaticano II restaurou-o, tendo chegado a Aveiro em 1988, quando foram ordenados os primeiros diáconos permanentes, por D. António Marcelino.
Depois desses, outro se lhes seguiram, como resposta às prioridades pastorais das comunidades humanas e dos serviços paroquiais e diocesanos. Um dos principais responsáveis pelo acompanhamento e formação dos diáconos permanentes, padre Georgino Rocha, lembrou neste encontro que devemos estar abertos a novas formas diaconais, apoiados, obviamente, nas experiências já vividas. Urge, acrescentou, apostar em respostas aos desafios da sociedade e da Igreja do presente, aceitando os alertas que o Espírito nos vai suscitando.
Em altura própria, o Bispo de Aveiro, D. António Francisco, frisou a alegria do momento, neste dia de Pentecostes e de vigília de Santa Joana, Padroeira da cidade e da diocese de Aveiro. Não esqueceu o diácono já falecido, Carlos Merendeiro, da Gafanha da Nazaré, lembrando que ele está sempre connosco. Contudo, connosco também devem estar, salientou D. António, aqueles a quem é preciso dar o alvoroço da vocação. Porque a Igreja tem de continuar a contar com a beleza deste ministério, que vem dos tempos apostólicos, e porque temos de olhar mais para o futuro, referiu o Bispo de Aveiro.
O encontro de ontem foi enriquecido com um trabalho multimédia organizado por Carlos Nunes, candidato ao diaconado permanente. A formação, a vida diaconal e testemunhos estiveram em foco na projecção apresentada no Centro Social de Recardães. As celebrações prosseguem no dia 22 de Maio, com a participação dos diáconos na eucaristia e procissão própria do Corpo de Deus, em Aveiro, e em 23 do mesmo mês, no Caramulo, com missa de acção de graças e visita ao Museu.
FM

domingo, 11 de maio de 2008

Sermões: o pecado do plágio

"Não é bonito copiar sermões, é mesmo desonesto, dizem uns. É melhor imitar uma homilia do que repetir discursos, dizem outros. Ouvimos sete padres e bispos portugueses sobre o plágio dos sermões. O melhor é mesmo fazer o trabalho de casa"
O PÚBLICO de hoje aborda um tema interessante. Quem havia de dizer que há padres que se limitam a plagiar os sermões de outros. pelos vistos, há. Leia no PÚBLICO online, 2.º caderno, página 4. O melhor, de facto, é cada celebrante pensar e dizer o que achar conveniente, sobre a Palavra de Deus, pelas suas próprias palavras. Plagiar é feio e é crime.

PORTO DE AVEIRO - 2

Silos de produtos para aquecimento
Madeira para exportação

Estilha e clinker, para exportação

Quem olha para o Porto de Aveiro tem de ver nele uma mais-valia para o desenvolvimento regional e até nacional. O porto serve de suporto significativo à indústria de transformação, e não só. Dentro da área portuária, tudo nos revela isso mesmo, com cargas, descargas e armazenamento dos mais diversos produtos, onde predomina, no dia da minha visita, a madeira e o ferro. Neste caso, o ferro já vem preparado para aplicação na construção civil. Há silos com produtos destinados ao aquecimento. Mas no armazém central, lá se encontravam boas toneladas de cereais, destinados às indústrias transformadoras.
Noutro espaços, no terminal de granéis sólidos não alimentares, apreciei o Clinker, que mais não é do que a base para o fabrico de cimento. E ao lado desse morro, presenciei outros de estilha de madeira, destinada à produção de aglomerados e pasta de papel. Todos estes produtos engrossam o volume das nossas exportações.Verifiquei que os granéis sólidos entravam nos navios, de porte significativo, através de gruas potentes e manejadas por gente treinada. Noutros terminais, apreciei a facilidade com que os camiões se aproximavam dos navios, onde entregavam ou recebiam ao mais variados materiais com destino às indústrias, tanto nacionais como estrangeiras.
Considerada a maior infra-estrutura de movimentação de carga geral do Norte do País, a partir do Porto de Aveiro é possível estabelecer ligações a múltiplos destinos e mercados. Desempenha, deste modo, um papel primordial no serviço dos diversos sectores da indústria, concretamente, da cerâmica, química, vitivinícola, metalúrgica, madeiras e derivados, agro-alimentar e construção.
FM

SEMANA DA VIDA


"A Semana da Vida pode ser, sem dúvida, uma ocasião privilegiada de crescimento das comunidades e famílias cristãs, e de afirmação pública da Vida como dom de Deus." Assim diz, com oportunidade, agora mais do que nunca, o Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar de Aveiro, a propósito da Semana da Vida, que hoje se inicia. É, pois, uma boa ocasião para se reflectir sobre o tema que a Igreja nos propõe para esta semana.
NB: Clicar no cartaz para ampliar

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 77



O QUADRO PRETO E AS LOUSAS

Caríssima/o:

Parece que estou a ver-nos a espreitar pela porta para olhar a sala onde ia ser o exame: aquilo é que os quadros eram grandes e pretos!
Assim era de facto: sala que se prezasse tinha um bom quadro preto na parede! É que havia-os grandes e pequenos, com e sem moldura, contra a parede ou em cavalete de madeira, cinzentos ou pretos... E nós medíamos a categoria da escola pela do quadro!
Era ainda motivo de aferição o facto de ter ou não linhas horizontais marcadas com vincos regulares; isso sim, quadro de primeira – fazer essas linhas com giz quando precisas, para as apagar juntamente com o nosso trabalho, era para esquecer...
Outro pormenor importante: a prateleira a todo o comprido da pedra e onde se depositava a esponja e o giz; se com requinte e rebordo para suportar tudo sem cair pó nem nenhum dos paus de giz, aí quase pedíamos para escrever ou fazer contas ...
Claro que nesses nossos tempos, luxo era podermos utilizar a esponja; para o dia a dia, lá estava o pano mais ou menos húmido para “safar” e deixar a superfície reutilizável em condições razoáveis... Quando o pó era demasiado, vinha a trabalheira de termos de lavar o quadro... E este pó variava conforme a qualidade dos pedaços de gesso que aproveitávamos para os nossos trabalhos no quadro; daquela vez que se levou um para a sala que fazia só riscos vincados, foi o bom e o bonito! O que o levou cheio de boa vontade apanhou um raspanete... (Não falo em giz de cor; seria caso para perguntar se saberíamos o que era isso?)
Também de ardósia, a nossa lousa. Aí fazíamos a quase totalidade dos trabalhos escritos: aprendíamos a desenhar as primeiras letras, os números; aí riscávamos as cópias, os ditados, as contas e os problemas; os mais dotados de mãos desenhavam maravilhas que o dedo impiedoso apagava!
E a lousa era mágica: rectangular, 30X20 cms, rígida (logo podia pôr-se sobre os joelhos, pousar-se sobre a carteira ou colocá-la no chão...). Para escrever nada mais que um ponteiro do mesmo material; uns, delgados e longos com a parte de cima envolvida num papel colorido, outros mais grossos ..., mas o normal eram uns restos dos que se iam partindo e que aproveitávamos pois um novo custava um tostão e dinheiro em tempo de guerra era coisa não vista.
Será bom esclarecer que tinha à volta um caixilho de madeira com o mérito de nos permitir escrever o nome e, claro, não deixava que se apagasse o trabalho que estava na parte de trás.
Contudo o mais inovador nestas lousas era o sistema de apagar ou safar: o normal era a cuspidela bem medida e o dedo, para as emendas curtas e rápidas; agora para apagar toda a superfície havia dois métodos: para as meninas, a utilização de uma “esponja” de pano; para os rapazes o normal era o cotovelo da camisola ou quando muito a palma da mão! Isto dito assim é capaz de chocar alguns elementos das brigadas ambientalistas..., mas o certo é que o ritmo de trabalho era absorvente e ouvíamos logo a voz imperativa:
- Ora vamos aos problemas!
E a lousa tinha de estar pronta para a nova tarefa...
De vez em quando, mas com certeza em vésperas de exame, a limpeza da ardósia e do caixilho era verificada!...Tudo bem lavado, esfregado e, acontecia com frequência, os caixilhos raspados com uma faca. Para a ardósia ficar mais pretinha... usava-se um pingo de azeite...
Quem aí que ainda tenha a sua velhinha lousa?

Manuel

Televisão on-line transmite cerimónias de Fátima



As cerimónias da Peregrinação Aniversária Internacional da Primeira Aparição de Nossa Senhora, em Fátima, dos próximos dias 12 e 13 de Maio, serão, pela primeira vez, transmitidas via televisão on-line.
O acesso a este canal televisivo on-line pode ser feito através do seguinte endereço: http://www.tvfatima.com/.
Iniciativa da empresa Virtualnet, esta televisão inclui, igualmente, várias reportagens da cidade de Fátima, que podem ser vistas ou descarregadas por qualquer utilizador internauta.
Tendo em conta a importância de Fátima no contexto do catolicismo, Luís Frazão, director de operações da Virtualnet, promete que, em breve, os conteúdos terão «emissão bilingue», para alargar a área de influência dos espectadores.
«Este canal vai emitir vídeos com informação actualizada sobre os acontecimentos religiosos, culturais, desportivos, políticos e empresariais, em formatos que passam pela reportagem, entrevistas e documentários, disponibilizando ao espectador uma panóplia de informação e conteúdos muito diversificada e completa», referiu a empresa na apresentação do projecto.
O tema desta Peregrinação Internacional, proposto à reflexão dos peregrinos de Fátima, durante todo este ano de 2008, e com base no Oitavo Mandamento de Lei de Deus – «Não levantarás falso testemunho» (cf.:Ex 20,16) – é: "Para que sejam consagrados na verdade" (cf.: Jo 17,19).
O Cardeal português Dom José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, preside às cerimónias dos dias 12 e 13 de Maio.

Vítor Amorim