segunda-feira, 5 de maio de 2008

FOME EM PORTUGAL: UMA VERGONHA DA NOSSA DEMOCRACIA

O PÚBLICO online informou, há momentos, que “mais de mil toneladas de alimentos foram entregues este fim-de-semana ao Banco Alimentar Contra a Fome, 25 por cento mais do que a campanha de Maio do ano passado”. Acrescentou que “todos os trabalhos de recolha, selecção, empacotamento e distribuição foram efectuados nesta campanha por perto de 17 mil voluntários”, que nada receberam por esse trabalho, como é normal. Os dirigentes e demais colaboradores devem ter ficado, com esta campanha, mais descansados. Se há mais pobres, também há gente generosa. Mas não podemos ficar por aqui. Os nossos governantes, os políticos, as instituições estatais e privadas e a sociedade em geral têm a obrigação, inadiável, de resolver este problema da fome, uma vergonha da nossa democracia. FM

domingo, 4 de maio de 2008

DIA DA MÃE



POEMA À MÃE

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...

Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -,
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal..."

Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...

Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...



Eugénio de Andrade

BUARCOS: Ruas estreitas


Sempre gostei de passear por povoações antigas. O insólito aparece-nos a cada esquina. Vejam esta ruela limpa, que nos convida a olhar. Ela é tão estreita que quase nem dá para duas pessoas se cruzarem. Se levarem um cesto à cabeça ou à ilharga, não sei como será! E se precisarem de comprar uma mobília larga, como é que fazem para a meter em casa? A verdade, porém, é que nestas ruelas a vida existe. E não será interessante conversar de janela para janela, quando a monotonia ataca dentro de casa?

DIOCESE DE AVEIRO ONLINE


A Diocese de Aveiro já está online. A partir de agora, o mundo passa a ter acesso à vida da Igreja aveirense. Todos os que lhe estão ligados, directa ou indirectamente, podem entrar em sintonia com a diocese, que fica à distância de um simples clique. Na abertura deste espaço diocesano, o nosso Bispo, D. António Francisco dos Santos, sublinha que "A Internet é um caminho deslumbrante, cheio de magia e de fascínio, que se abre à evangelização com novo encanto, e é igualmente um meio imprescindível para construir a comunhão humana e eclesial, que a Igreja como casa e escola de comunhão se propõe realizar".
Para abrir o apetite, aqui deixo as rubricas, algumas das quais à espera de serem enriquecidas no dia-a-dia: Bispo de Aveiro, História, Plano Pastoral, Arciprestados, Clero, Documentos e Contactos, entre outras.
Felicito quantos puseram de pé este projecto, reconhecendo, assim, a importância de embarcar na carruagem mais significativa dos tempos de hoje. Com a ajuda de todos os diocesanos, a Igreja aveirense passa a estar em todos os recantos da Terra, assumindo, deste modo, a catolicidade da sua matriz.
Sugiro, agora, uma visita, para estabelecer, se quiser, a sua ligação diária.

AVEIRO: BÊNÇÃO DOS FINALISTAS - 3




Vivi hoje, na Alameda da Universidade de Aveiro, a Bênção dos Finalistas, em cerimónia presidida por D. António Francisco. Foi uma celebração muito expressiva, porque marcada pelas emoções de quem parte, pelas alegrias de quem chega ao fim do curso, pela esperança num futuro risonho e pela coragem de enfrentar outros desafios na vida. Finalistas e alunos das Escolas Superiores de Aveiro, familiares e amigos, professores e funcionários, todos se deram as mãos e cantaram hinos ao Deus do Amor, de quem esperam inspiração para, no dia-a-dia, promoverem gestos solidários e fraternos, alicerces de uma sociedade mais justa. Gostei, por isso, da alegria partilhada, da sintonia das preces, das palavras de despedida, do obrigado dos cursos, do reconhecimento do bem recebido, das amizades criadas, dos agradecimentos à cidade que os acolheu. Felicidades para todos, são os meus votos.
FM


UMA MENSAGEM

Um passo no futuro
Antes de partir, a nossa mesa redonda!

Num tempo que voou,
Porque o vivemos a brilhar,
Foram anos, trabalhos,
cadeiras e canseiras sem parar!

A todos, foram imensos,
Eis chegada a hora de reconhecer:
Olhar para trás, sentir o vencido mar,
À Ria, às gentes de Aveiro agradecer!

E se ao futuro a incerteza pertence
Na hora sempre sofrida de partir,
Fica-nos o sabor bem especial
Da arte da esperança sentir!

A Bênção é a nossa festa especial,
Finalistas da academia vamos cantar!
É o dia da unidade e grito maior
Que nos leva aos céus a Deus louvar!

Será, em mesa universal, a aula maior
Onde a abundância da paz todos encanta…,
Símbolos e Cursos, na Alameda, projectam o melhor…
O sonho, o futuro, triunfo de agiganta!


Na Linha Da Utopia



Ética nas liberdades de imprensa



1. Este ano foi Maputo a acolher as cerimónias centrais do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (3 de Maio). É neste contexto que a instância Iniciativa Africana dos Média reflecte de forma aberta e plural sobre a «situação, desafios e oportunidades, expansão e consolidação da Liberdade de Imprensa e do direito à Informação em África». Tratam-se, assim, de dimensões essenciais da pessoa humana em sociedade, como janelas abertas para democracia em liberdade de comunicação. A própria Declaração Universal dos Direitos Humanos inscreve-se nesta mesma matriz, ao destacar que «todo o ser humano tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião» (art. XVIII). Estes são os “lugares” mais profundos do ser humano.
2. Continua, ainda, grande a lista de países em que o bloqueio à liberdade de expressão é limitação de vivência no respeito inclusivo pelas diferenças. Quando a intolerância triunfa (ou triunfou…e a sua história é bem longa e de muitos quadrantes) é sinal fechado do assumir explícito da dignidade da pessoa humana. Não é por acaso que uma boa parte dos relatórios diagnósticos internacionais baseia-se na percepção da liberdade e alguns autores, mesmo, apresentam a referência «o desenvolvimento como liberdade» (obra pioneira de Amartya Sen, Nobel da Economia 1998). É nesta linha que os direitos humanos destacam que «todo o ser humano tem direito à liberdade de opinião e de expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras» (art. XIX da Declaração Universal).
3. Também neste 4 de Maio, no âmbito do 42º Dia Mundial das Comunicações Sociais, Bento XVI salienta que «quando a comunicação perde as amarras éticas e se esquiva ao controle social, acaba por deixar de ter em conta a centralidade e a dignidade inviolável do homem, arriscando-se a influir negativamente sobre a sua consciência, sobre as suas decisões, e a condicionar em última análise a liberdade e a própria vida das pessoas. Por este motivo é indispensável que as comunicações sociais defendam ciosamente a pessoa e respeitem plenamente a sua dignidade. São muitos a pensar que, neste âmbito, seja actualmente necessária uma «info-ética» tal como existe a bio-ética no campo da medicina e da pesquisa científica relacionada com a vida» (Mensagem de Bento XVI para o 42º Dia Mundial das Comunicações Sociais, 4 de Maio).
4. Os novos desenvolvimentos sociais geram novos imperativos no apurar da reciprocidade das liberdades, e nestas a justa liberdade de imprensa nos novos alcances das comunicações actuais. Quem não se lembra há uns tempos das polémicas caricaturas de Maomé…onde se entrecruzavam ausências de ética social na percepção da liberdade de cada um… Informar a profundidade do ser humano com o reconhecimento da dignidade do outro continua a ser a maior tarefa humana, porque caminho de tolerância, paz e desenvolvimento.

Alexandre Cruz

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 76


OS CADERNOS ESCOLARES


Caríssima/o:

Quando recordamos estas coisitas da vida e, se porventura, falamos delas, é certo e sabido que os nossos jovens respingam com os seus remoques. E têm alguma razão, não fazem ideia da dificuldade que tínhamos em ir à loja do ti Bola ou da D. Joaninha comprar um caderno de uma dezena de folhas com o desenho dum lusito na capa! Os traços eram a azul e ele lá estava de braço estendido e de manga arregaçada. O papel da capa era fino e mais brilhante do lado de fora. Por dentro, nesta primeira etapa, as folhas eram de duas linhas para dar forma e tamanho à nossa letra! Só muito mais tarde escrevíamos nos de uma linha, quando a letra já estava certinha e não havia necessidade da guia superior. Cadernos quadriculados e lisos ficavam lá para a terceira e quarta classes ou para os alunos mais abonados.
Os cadernos eram deitados. Mesmos os que eram feitos de papel almaço cortado, eram mais compridos do que altos. Estes cadernos foram uma inovação que muito trabalho davam, pois as folhas tinham de ser dobradas e depois cozidas; mais tarde intercalavam-se folhas pautadas com quadriculadas e lisas.
Perto dos exames o nosso treino era feito com folhas de almaço; grande aflição, porque era tão larga que só com muita dificuldade a arrumávamos em cima do tampo da carteira. Em seguida, víamos as folhas das provas impressas mas que eram desse mesmo tamanho; já não havia dificuldade...
Hoje a variedade é tal que nos faz exclamar: Não há fome que não dê em fartura!
Os nossos jovens não podem aquilatar do engenho e da arte necessários para engendrar cadernos de folhas de papel costaneira ou de outros papéis ( de embrulho...) onde fosse possível escrever e reler aquilo que se tinha escrito!
Mais tarde, quando as bicicletas nos levavam a Aveiro, outros cadernos surgiriam... Será conversa de outro plano, mas foi aí que nos apareceu o nome “sebenta” e palpámos papel quase tão grosseiro como o churro que aproveitávamos para as nossas escritas mais respeitáveis!
Para terminar uma pergunta: alguém se lembra dos cadernos do modelo J?...


Manuel

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