ENCONTROS LEVAM-NOS A OUTROS TEMPOS E LUGARES
Realizou-se ontem, no Stella Maris, o anunciado encontro de convívio, promovido pela direcção daquela instituição da Igreja Católica, vocacionada para o apoio, a vários níveis, aos homens do mar e da ria e suas famílias. Foram muitos os que aderiram a esta iniciativa, ou não houvesse, como mesa de fundo, um jantar à moda serrana, animado por belíssimos fados de Coimbra, interpretados por quatro gafanhões de gema, que há muito teimam, conseguindo, manter vivo o gosto pela canção coimbrã na região.
A organização sentou-me numa mesa, onde foi fácil cultivar amizades, à roda da sopa de castanhas e da vitela à serrana. Com vinhos também daquelas bandas, mais doces, fruta e castanhas assadas, que as vésperas do S. Martinho recomendavam. Digo que foi fácil cultivar amizades porque um casal, que ali me foi apresentado, era mesmo um casal caramulano, com gosto pela serra de tantos matizes e de tantas lendas e tradições. Não foi difícil, por isso, falar do Caramulo e lembrar passeios e vivências experimentados por mim, com o prazer que me vem de procurar uns ares bem diferentes dos ares marinhos que respiro desde o nascimento, aqui na Gafanha da Nazaré, terra que o mar e a ria beijam por todos os lados.
O Caramulinho, um golfinho magicamente feito pedra granítica, que certo dia fugiu do mar sem se saber como nem porquê (não teria o mar andado por ali?), os tempos dos muitos tuberculosos, também gafanhões, que procuraram cura nos sanatórios caramulanos, hoje todos desaparecidos, com um reconvertido em lar e outros em unidade hoteleira, as aldeias que insistem em existir em qualquer recanto serrano, as lendas de lutas entre cristãos e sarracenos, com a festa das cruzes a assinalar e a manter viva e expressiva uma certa união, as pessoas e os sabores e saberes de gente que ainda vai tendo todo o tempo do mundo para recordar, de tudo um pouco se falou neste jantar de convívio do Stella Maris.
Ainda houve espaço para trazer à memória Jaime de Magalhães Lima e o seu livro “Entre Pastores e nas Serras”, onde sobressaem as belezas do Caramulo, que o multifacetado escritor calcorreou pelo deleite do contacto com a serra e pessoas com quem se cruzou. Mas disso falarei noutro momento, já que é uma pena não ser conhecido este belo escrito intemporal do “franciscano eixense”, que foi, sem dúvida, um precursor do espírito ecológico entre nós. E no fim da azáfama da conversa, enquanto se comia e bebia, sem exageros que não estamos em tempos disso, vieram as canções coimbrãs, de melodias simples, de que todos gostam, e de poemas cheios de sabedoria, que outrora interiorizámos, ao ponto de todos as trautearmos com vozes nem sempre afinadas. Mas que importa essa desafinação, se afinados estavam os nossos propósitos de ajudar o Stella Maris, de âmbito diocesano e com sede na Gafanha da Nazaré, a unir pessoas, de todas as idades, para melhor servir os homens do mar e da ria e seus familiares, como sublinhou o presidente da direcção, o diácono Joaquim Simões?
A organização sentou-me numa mesa, onde foi fácil cultivar amizades, à roda da sopa de castanhas e da vitela à serrana. Com vinhos também daquelas bandas, mais doces, fruta e castanhas assadas, que as vésperas do S. Martinho recomendavam. Digo que foi fácil cultivar amizades porque um casal, que ali me foi apresentado, era mesmo um casal caramulano, com gosto pela serra de tantos matizes e de tantas lendas e tradições. Não foi difícil, por isso, falar do Caramulo e lembrar passeios e vivências experimentados por mim, com o prazer que me vem de procurar uns ares bem diferentes dos ares marinhos que respiro desde o nascimento, aqui na Gafanha da Nazaré, terra que o mar e a ria beijam por todos os lados.
O Caramulinho, um golfinho magicamente feito pedra granítica, que certo dia fugiu do mar sem se saber como nem porquê (não teria o mar andado por ali?), os tempos dos muitos tuberculosos, também gafanhões, que procuraram cura nos sanatórios caramulanos, hoje todos desaparecidos, com um reconvertido em lar e outros em unidade hoteleira, as aldeias que insistem em existir em qualquer recanto serrano, as lendas de lutas entre cristãos e sarracenos, com a festa das cruzes a assinalar e a manter viva e expressiva uma certa união, as pessoas e os sabores e saberes de gente que ainda vai tendo todo o tempo do mundo para recordar, de tudo um pouco se falou neste jantar de convívio do Stella Maris.
Ainda houve espaço para trazer à memória Jaime de Magalhães Lima e o seu livro “Entre Pastores e nas Serras”, onde sobressaem as belezas do Caramulo, que o multifacetado escritor calcorreou pelo deleite do contacto com a serra e pessoas com quem se cruzou. Mas disso falarei noutro momento, já que é uma pena não ser conhecido este belo escrito intemporal do “franciscano eixense”, que foi, sem dúvida, um precursor do espírito ecológico entre nós. E no fim da azáfama da conversa, enquanto se comia e bebia, sem exageros que não estamos em tempos disso, vieram as canções coimbrãs, de melodias simples, de que todos gostam, e de poemas cheios de sabedoria, que outrora interiorizámos, ao ponto de todos as trautearmos com vozes nem sempre afinadas. Mas que importa essa desafinação, se afinados estavam os nossos propósitos de ajudar o Stella Maris, de âmbito diocesano e com sede na Gafanha da Nazaré, a unir pessoas, de todas as idades, para melhor servir os homens do mar e da ria e seus familiares, como sublinhou o presidente da direcção, o diácono Joaquim Simões?
Fernando Martins