domingo, 11 de novembro de 2007

CONVÍVIO NO STELLA MARIS




ENCONTROS LEVAM-NOS A OUTROS TEMPOS E LUGARES


Realizou-se ontem, no Stella Maris, o anunciado encontro de convívio, promovido pela direcção daquela instituição da Igreja Católica, vocacionada para o apoio, a vários níveis, aos homens do mar e da ria e suas famílias. Foram muitos os que aderiram a esta iniciativa, ou não houvesse, como mesa de fundo, um jantar à moda serrana, animado por belíssimos fados de Coimbra, interpretados por quatro gafanhões de gema, que há muito teimam, conseguindo, manter vivo o gosto pela canção coimbrã na região.
A organização sentou-me numa mesa, onde foi fácil cultivar amizades, à roda da sopa de castanhas e da vitela à serrana. Com vinhos também daquelas bandas, mais doces, fruta e castanhas assadas, que as vésperas do S. Martinho recomendavam. Digo que foi fácil cultivar amizades porque um casal, que ali me foi apresentado, era mesmo um casal caramulano, com gosto pela serra de tantos matizes e de tantas lendas e tradições. Não foi difícil, por isso, falar do Caramulo e lembrar passeios e vivências experimentados por mim, com o prazer que me vem de procurar uns ares bem diferentes dos ares marinhos que respiro desde o nascimento, aqui na Gafanha da Nazaré, terra que o mar e a ria beijam por todos os lados.
O Caramulinho, um golfinho magicamente feito pedra granítica, que certo dia fugiu do mar sem se saber como nem porquê (não teria o mar andado por ali?), os tempos dos muitos tuberculosos, também gafanhões, que procuraram cura nos sanatórios caramulanos, hoje todos desaparecidos, com um reconvertido em lar e outros em unidade hoteleira, as aldeias que insistem em existir em qualquer recanto serrano, as lendas de lutas entre cristãos e sarracenos, com a festa das cruzes a assinalar e a manter viva e expressiva uma certa união, as pessoas e os sabores e saberes de gente que ainda vai tendo todo o tempo do mundo para recordar, de tudo um pouco se falou neste jantar de convívio do Stella Maris.
Ainda houve espaço para trazer à memória Jaime de Magalhães Lima e o seu livro “Entre Pastores e nas Serras”, onde sobressaem as belezas do Caramulo, que o multifacetado escritor calcorreou pelo deleite do contacto com a serra e pessoas com quem se cruzou. Mas disso falarei noutro momento, já que é uma pena não ser conhecido este belo escrito intemporal do “franciscano eixense”, que foi, sem dúvida, um precursor do espírito ecológico entre nós. E no fim da azáfama da conversa, enquanto se comia e bebia, sem exageros que não estamos em tempos disso, vieram as canções coimbrãs, de melodias simples, de que todos gostam, e de poemas cheios de sabedoria, que outrora interiorizámos, ao ponto de todos as trautearmos com vozes nem sempre afinadas. Mas que importa essa desafinação, se afinados estavam os nossos propósitos de ajudar o Stella Maris, de âmbito diocesano e com sede na Gafanha da Nazaré, a unir pessoas, de todas as idades, para melhor servir os homens do mar e da ria e seus familiares, como sublinhou o presidente da direcção, o diácono Joaquim Simões?
Fernando Martins

Na Linha Da Utopia


E os Idosos (que seremos)?



1. Temos de conjugar na primeira pessoa do plural. A abordagem à realidade da pessoa idosa (em Portugal), para ser integral e mais capaz, terá de ser realizada numa envolvência afectiva em que ao falarmos da pessoa idosa falamos de “nós”, do presente ou das expectativas futuras. Tantas vezes, arrepia a “frieza” insensível com que se abordam estas questões relacionadas com a comummente designada “terceira idade”, numa visão prática e quantitativa das coisas como se de pessoas (de nós próprios, dos que falamos e dos que decidimos!) não se tratasse.
2. Há dias foi notícia que, em Portugal, em média, as autoridades competentes, encerram um Lar de Idosos por semana. Nessa mesma notícia (Diário de Notícias, 9 de Novembro), revela-nos o presidente do Instituto de Segurança Social, Edmundo Martinho, que “a esmagadora maioria são ilegais, sem qualquer tipo de alvará”. Solução encontrada: Lar fechado e distribuição dos utentes pelas instituições na área de proximidade, parecendo que tudo fica resolvido… Segundo aquele responsável, este ano o Instituto “já fechou cerca de cinquenta casas”.
3. Se esta é uma problemática emergente nas nossas sociedades (de longevidade) ditas de ocidentais que começa a ser acompanhada em termos de estudos (gerontologias e geriatrias), já a resposta social continua nos moldes antigos, assente numa boa vontade e numa confiança que nem sempre merece esses créditos. Ao abandono da pessoa idosa, uma triste ‘imagem de marca’ da pobreza da nossa sociedade, muitas vezes corresponde também um oportunismo negocial que não garante uma dignidade correspondente... Área muito sensível, mas em que mesmo situações de “esquecimentos” nessas casas também têm sido detectadas pelas entidades. Mas, seja dito, a sua decisão “encerradora” não acrescenta qualquer solução para as “vítimas” de todo este complexo mundo que é o acompanhamento da pessoa idosa.
4. Quantos idosos nos lares sem visitas de familiares há tantos anos (já foram feitas as partilhas!)?! E como outras sociedades (por exemplo, africanas e islâmicas) nos dão a lição de não tirar de casa aqueles que a construíram e que são os depositários da cultura e da tradição das histórias e dos valores que garantem a ponte com as novas gerações! E quanta gente (sem qualquer apoio significativo nesse trabalho heróico) dá a sua vida nessa generosidade incansável, dia e noite, nesse aconchego caloroso da companhia matando a solidão gerada por um sistema de sociedade por vezes tão competitivo quanto frio! E como são tão complicadas as “papeladas” das promessas de subsídios político-financeiros, papéis que fazem os irmãos idosos desistir dessa gota de água para o seu “oceano” dos medicamentos!...
5. Como vamos estamos habituados, “fechar” é fácil, e depois?! Não haverá mais tempo, apoio, formação, …para as transições de regimes?... Heróicas as instituições e as casas que nestas décadas são a “casa de família” dessa multidão silenciosa que nos deu a vida e que de outro modo mergulhariam, resignadamente, na solidão que mata!... Não (os) esqueçamos, nestes assuntos, estamos a falar de “nós” e do futuro social. Só semeando poderemos colher… Há qualquer coisa de injusto, perturbador e de inconsequente na nossa sociedade (de todos) a este respeito...

Alexandre Cruz

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 46



A VELHA DA CHANQUINHA

Caríssima/o:

Como todo o jovem que se prezava à época, fui convocado para a tropa – avancei para Mafra! Feito o COM, passei fugazmente por Tancos e fiquei sediado na Ota, de onde, a um mês da disponibilidade, me enviaram para S. Jacinto.
Mas ainda hoje – e saiba-se lá porquê?! - Mafra se sobrepõe e apaga a memória dos outros lugares.
Será que as lendas nos ajudam a compreensão?

1. A Velha da Chanquinha - « A criação da Tapada Real de Mafra deu origem a várias lendas, entre as quais se pode referir a história da Velha da Chanquinha.
Diz-nos esta lenda que havia uma velha que vivia no seio da Tapada, num local a que hoje se chama "Currais da Chanquinha".
O Rei, com o objectivo de a convencer a sair dali, ofereceu-lhe um barrete cheio de moedas de ouro. Por sua vez a velha, como gostava muito das suas terras, ter-lhe-á oferecido dois barretes cheios de moedas de ouro para de lá não sair.
Porém, ainda segundo a lenda, a velha lá foi obrigada a abandonar aquele local, tendo ido viver fora da Tapada para uma povoação que, devido à sua teimosia, ainda hoje é chamada A-da-Perra (Lugar da Teimosa). » (de uma publicação da Câmara Municipal de Mafra)
2 . Ratos e túneis gigantes - Muitas são as lendas em torno do Palácio de Mafra mais ou menos aterradoras. A da existência de enormes ratazanas nos subterrâneos é a mais popular, e aquela que mais se confunde com a realidade. Quando se fala no Palácio, logo há quem conte histórias tenebrosas com ratos à mistura, como a dos dois soldados que teriam sido devorados pelos roedores quando tentavam exterminá-los - não teria sobrado nada, nem mesmo o metal dos lança-chamas que empunhavam. Ou como a do pessoal da Escola Prática de Infantaria que alimentava os ratos com cadáveres de gatos e cães, e até com o de uma vaca pendurada por cordas, a qual teria ficado reduzida a esqueleto em escassos minutos. Para descanso de uns e, quiçá, desencanto de outros, os subterrâneos do Palácio de Mafra foram explorados à exaustão e não deram mostras de serem habitados por ratazanas fora do normal. Um ou outro ratinho, mas não mais do que seria de esperar numa zona de esgotos.A existência de um túnel que, supostamente, ligaria o Convento de Mafra à Ericeira e por onde teria escapado o Rei D. Manuel II rumo ao exílio a 5 de Outubro de 1910, pertence também ao domínio do imaginário. De facto o túnel existe, mas não passa da Vila de Mafra, tendo sido construído para escoar os esgotos do Palácio.»

[In Blog da Sabedoria]

Lendas magníficas sairiam do bornal do Ângelo e de outros Amigos que em paragens mais longínquas militaram. Venham elas!

Manuel

TODOS SOMOS CO-RESPONSÁVEIS PELO CRESCIMENTO DA IGREJA



Pediu Bento XVI aos bispos portugueses

É preciso mudar o estilo de organização e a mentalidade dos membros da Igreja Portuguesa


“É preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II, na qual esteja bem estabelecida a função do clero e do laicado, tendo em conta que todos somos um, desde quando fomos baptizados e integrados na família dos filhos de Deus, e todos somos co-responsáveis pelo crescimento da Igreja” – pediu esta manhã (10 de Novembro) Bento XVI aos bispos portugueses.

Leia mais na Ecclesia

sábado, 10 de novembro de 2007

QUASE LHES PERDOO OS 80 MILHÕES



Não sei o que se passou exactamente em Fátima em 1917. Sei que os "videntes" não viram Nossa Senhora no sentido do nosso ver terreno, como quando vemos as plantas ou o céu ou as pessoas.
Embora se possa ser católico e não acreditar em Fátima - pude constatar que teólogos estrangeiros eminentes, de visita a Portugal, não manifestaram interesse em ir lá -, não me custa aceitar que tenha havido aí uma experiência religiosa, mas, evidentemente, no horizonte de compreensão próprio de crianças e no quadro de esquemas de uma religiosidade popular. Assim se explica, por exemplo, que Nossa Senhora tenha "mostrado" os horrores do inferno aos pastorinhos, o que não é uma atitude particularmente maternal, quando se pensa em crianças de 10, 9 e 7 anos. Aí está um exemplo de religião sacrificial e dolorista, como se transmitia nas pregações da altura. Isto significa que o Evangelho é que deve ser a medida crítica de Fátima e não o contrário.
Seja como for, Fátima impôs-se, e de modo impressionante, a nível nacional e internacional. Ali se congregam multidões de milhões de pessoas. A quase totalidade dos portugueses já passou por lá, e as peregrinações são diárias. Há pouco tempo, um jornalista atirou-me, provocatoriamente: "Nossa Senhora de Fátima é a maior mulher de Portugal, a mais influente." Eu diria que sim, sendo depois preciso analisar essa influência.
Em princípio, é uma influência positiva. Há excessivo sofrimento no mundo: físico, material, moral, psíquico, espiritual... E Fátima, como diz frei Bento Domingues, é o cais de todas as lágrimas dos portugueses. Ali vão buscar alguma paz, alívio, conforto, conselho, esperança. Ali desabafam as suas mágoas. Quem melhor do que "a Mãe" poderá entender o que se passa no coração dos homens e das mulheres? E aí está a razão por que, pelo menos em parte, Fátima passa ao lado do "controlo" da hierarquia. As pessoas vão lá numa relação muito íntima, pessoal e única, com Nossa Senhora e com Deus. E ninguém tem nada com isso. Ainda estou a ver na televisão: quando o cardeal Sodano começou a "revelar" o "terceiro segredo de Fátima", os peregrinos continuaram, serenos, nas suas devoções e nos seus diálogos com "a outra dimensão".Inaugurou-se no dia 13 de Outubro a igreja da Santíssima Trindade. Fui confrontado com a pergunta do escândalo: Como é possível gastar ali 70 milhões de euros (80, com os acessos)? Não há tantos pobres? (É realmente uma vergonha nacional haver dois milhões de pobres - desses, 700 mil têm de (sobre)viver com seis euros por dia).
Costumo responder que se deveria ser mais contido nos gastos. Como diz Carlos Fiolhais, os portugueses gostam de conjugar o verbo derrapar, e até em Fátima houve derrapagem de 40 para 70-80 milhões de euros.
Mas também não tenho uma visão miserabilista da existência. O Homem não vive só de pão. Depois, quem pagou são os peregrinos, que têm direito a algum conforto. Que dizer do desperdício do excesso de estádios de futebol vazios?
Acima de tudo, foram convocados artistas de renome, nacionais e estrangeiros, e o que resultou é simplesmente belo. Agora, Fátima é um conjunto harmonioso no seu todo, que alguém já comparou a um barco. Ah!, aquele Cristo crucificado no interior da igreja, meio selvagem, fixando, de olhos abertos, cada um: ele é a mensagem de convocação para a Vida e a Liberdade; aquela Virgem, finalmente uma jovem rapariga airosa, de braços abertos acolhedores; aquele grande painel do presbitério, símbolo da Jerusalém Celeste: a esperança da Humanidade com Deus e a sua glória!
Jesus foi confrontado com o luxo de uma libra de perfume de nardo puro - o seu preço correspondia a um ano de salário - que uma mulher lhe derramou sobre a cabeça. Os discípulos ficaram indignados: "Para quê este desperdício? Podia vender-se por bom preço e dar-se o dinheiro aos pobres." Jesus respondeu que não faltariam oportunidades a quem lhes quisesse fazer bem.
A religião sem a beleza é inverdadeira. Sem o gratuito - a graça -, é uma desgraça.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

POR CADA SEMANA É ENCERRADO UM LAR DE IDOSOS

Presidente de IPSS escuta utente de lar (foto do meu arquivo)

As notícias de hoje dão conta de que por cada semana encerra um Lar de Idosos. Inexistência de alvará e falta de condições para ser desenvolvido um trabalho competente e digno do respeito de que precisam os utentes estarão na base das decisões dos departamentos do Estado que superintendem nestas questões.
Paralelamente a estas situações, há registo de maus-tratos e de explorações em alguns lares, onde se esperava que houvesse um ambiente acolhedor, marcado pela bondade, pela compreensão, pela atenção sem limites, pela disponibilidade caritativa. O idoso, que tanto deu, normalmente, à sociedade, em geral, e à família, em particular, precisa de carinho e de cuidados especiais e próprios de quem se sente retirado do seu “cantinho”. Não está numa pensão qualquer, muito menos num armazém de velhos que esperam simplesmente pela morte. Pode ter sido abandonado pela família e pelos amigos, o que acontece frequentemente, mas não pode nem deve ser esquecido pela sociedade. Aqui, portanto, o Estado tem a obrigação de estar atento a casos muito tristes de exploração a tantos níveis de que sofrem alguns idosos.
Já visitei, em trabalho jornalístico e de dirigente da solidariedade social, muitos Lares de Idosos. Uns que são autênticos modelos de bem tratar os utentes, mas outros que não passam de caixotes do lixo, para onde atiraram os idosos, quais trapos velhos que urge arrumar num canto, para que ninguém mais os veja. Para que sejam pura e simplesmente esquecidos. Para que se tornem mortos vivos, com os olhares perdidos em horizontes sem luz… e sem vida digna. Por isso, o meu aplauso para quem trata os idosos como pessoas, mas também para os serviços que estão atentos a quem não respeita os utentes dos Lares.
Fernando Martins

INCÓMODOS DA ESCOLA PELOS RESULTADOS CONHECIDOS


Os problemas da educação e da escola, ao lado dos da saúde, são entre nós os mais preocupantes para as pessoas. Não são os únicos, mas certamente os que mais doem.
Com dados do Ministério publicaram-se, a nível nacional e por escolas, resultados do secundário e de português e matemática do 3º ciclo, do ano escolar 2006/2007. Há sempre quem critique esta publicação e quem elogie a coragem de se fazer. Leituras diversas e carregadas de conceitos e preconceitos, consoante de onde o vento sopra.
Um dado que se vem afirmando em cada ano, e no ano que terminou foi ainda mais eloquente, refere-se aos resultados das escolas privadas, em confronto com os das escolas estatais. Tal confronto não agrada aos que, de há muito tempo, vêm denegrindo o ensino particular, e ponho neste campo alguns responsáveis dos sindicatos de professores. Nem agrada àqueles que vão asfixiando estas escolas, cortando turmas, regateando acordos, demorando pagamentos, multiplicando inspecções, calando legítimas opções dos pais, exigindo coisas, em relação às quais fazem vista grossa quando se trata das escolas do Estado. Esta atitude é a do Ministério e dos seus executivos, desde as direcções regionais às distritais, incluindo ainda alguns zelosos responsáveis locais, vizinhos do lado de uma escola com êxito e criatividade, mas que escapa à sua jurisdição. Tudo sugere alguma reflexão com dados que escapam a muita gente, não esquecendo que é complexa a grelha de leitura dos resultados finais.
O ensino privado responde aos requisitos legais e não é um favor do Estado. É um direito constitucional e, por isso mesmo, democrático e merecedor de respeito e apreço. Constitui um serviço público e, pelo que se vê, no seu conjunto com algum êxito e reconhecida qualidade. Não se pode considerar meramente supletivo do Estado, como alguns teimam em o afirmar. Um serviço diversificado, que vai de escolas reputadas dos meios urbanos com contratos simples, e longas listas de pedidos de inscrição, até às escolas de dimensão média, disseminadas pelo país, muitas delas com contratos de associação, dispensando aos seus alunos, a par das do Estado, ensino gratuito.
A rede pré escolar, com muitas escolas privadas e atendendo à dupla dimensão escolar e social, por isso mesmo com prolongamentos normais de horário, exigência à qual o Estado acabou por ter de se vergar, foi durante anos rede quase única ao encontro dos pais. Sofre agora um tipo de depreciação, que vai até à dispensa dos seus serviços, em troca de medidas pouco realistas e pressões ideológicas e profissionais, a que o governo se tem vindo a submeter e a que procura dar soluções de gabinete.
No furor da revolução militar assaltaram-se escolas privadas de vilas e aldeias que, por esse país fora, levaram durante décadas o ensino para além do elementar ao povo e permitiram a muita gente humilde ter acesso à universidade e a empregos qualificados. Depois criaram-se escolas estatais, inviabilizando as já existentes. O país empobreceu-se com esta duplicação dispensável e injusta, que o colectivismo estatal exigia e a Constituição socialista procurou consagrar. No fundo, um ataque claro à Igreja, por parte daqueles que se incomodavam pelo seu serviço aos mais pobres.
Fez-se crer que as escolas particulares eram elitistas e para os ricos. O atrevimento da ignorância e da má fé! Se havia e felizmente ainda há escolas mais qualificadas, será que isso é ou foi alguma vez um prejuízo para o país? O Estado tem como dever garantir a todos educação e ensino qualificados. Que o faça quem melhor o pode fazer, sem que os pais, que pagam os seus impostos, sejam onerados pela escolha da escola. Por essa Europa muitos já perceberam que o Estado, se não pode descuidar a educação, não tem que ser ele, necessariamente, o educador de crianças e jovens. Educar é missão de quem melhor a sabe e pode realizar. É a isso que os alunos têm direito.
Dignificar os professores porque indispensáveis, embora a escola não exista por causa deles; inovar, porque sem criatividade nada se qualifica; dar à escola autonomia administrativa e pedagógica, porque só assim se pode educar e melhorar o ensino. Há que respeitar quem trabalha e tem resultados. O país precisa de quem o dignifique e enriqueça.
António Marcelino

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