sexta-feira, 9 de novembro de 2007

POR CADA SEMANA É ENCERRADO UM LAR DE IDOSOS

Presidente de IPSS escuta utente de lar (foto do meu arquivo)

As notícias de hoje dão conta de que por cada semana encerra um Lar de Idosos. Inexistência de alvará e falta de condições para ser desenvolvido um trabalho competente e digno do respeito de que precisam os utentes estarão na base das decisões dos departamentos do Estado que superintendem nestas questões.
Paralelamente a estas situações, há registo de maus-tratos e de explorações em alguns lares, onde se esperava que houvesse um ambiente acolhedor, marcado pela bondade, pela compreensão, pela atenção sem limites, pela disponibilidade caritativa. O idoso, que tanto deu, normalmente, à sociedade, em geral, e à família, em particular, precisa de carinho e de cuidados especiais e próprios de quem se sente retirado do seu “cantinho”. Não está numa pensão qualquer, muito menos num armazém de velhos que esperam simplesmente pela morte. Pode ter sido abandonado pela família e pelos amigos, o que acontece frequentemente, mas não pode nem deve ser esquecido pela sociedade. Aqui, portanto, o Estado tem a obrigação de estar atento a casos muito tristes de exploração a tantos níveis de que sofrem alguns idosos.
Já visitei, em trabalho jornalístico e de dirigente da solidariedade social, muitos Lares de Idosos. Uns que são autênticos modelos de bem tratar os utentes, mas outros que não passam de caixotes do lixo, para onde atiraram os idosos, quais trapos velhos que urge arrumar num canto, para que ninguém mais os veja. Para que sejam pura e simplesmente esquecidos. Para que se tornem mortos vivos, com os olhares perdidos em horizontes sem luz… e sem vida digna. Por isso, o meu aplauso para quem trata os idosos como pessoas, mas também para os serviços que estão atentos a quem não respeita os utentes dos Lares.
Fernando Martins

1 comentário:

  1. Eu sei que o nosso coração rejubila com as boas acções. Fechar um Lar " Clandestino " parece um acto meritório, protector, justiceiro, merecedor de óbvios aplausos.
    Mas, por detrás desse mediatismo, já não será tão fácil questionarmos as razões porque existem Lares sem alvará. Provavelmente poucos sabem que em 2001 60% dos lares existentes tinham génese ilegal ou seja não cumpriam os requesitos ditados pela lei.
    E quem se preocupa se esse quadro legal é desajustado, demasiado exigente, magalómano, que uma vez cumprido faz elevar as mensalidades para valores proibitivos?
    Os idosos merecem isso tudo, precisam descansar em locais dignos, amparados por um ambiente simultaneamente técnico e carinhoso.
    Precisam que o estado em primeiro lugar o respeite, tributando-lhe os meios indispensáveis para a sua sobrevivência, traduzidos por reformas condignas, e apoios sociais equivalentes.
    Precisam que as famílias,todas as famílias, respeitem a sua vontade e os conservem até última instância
    no seu domicilio, refúgio e santuário de tantas memórias ainda vivas.
    Que essas famílias,não cedam à tentação de dar destino diverso, ao pecúlio que o idoso grangeou durante toda a sua vida, a pensar na sua velhice.
    Depois, a sociedade tem a responsabilidade de respeitabilizar os seus parceiros mais velhos, dando-lhes guarida, proporcionando-lhe uma participação social e politica activa, sem estigmas, sem discriminações.
    Quando o estado as famílias e a sociedade cumprirem as suas obrigações, acredito que os lares clandestinos deixam de ter razão de existirem.

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