terça-feira, 20 de março de 2007

Fé na poesia

"É fundamental que a poesia tenha cidadania"




HOMENAGEM AO POETA
JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA


A vida e obra de José Tolentino Mendonça acabam de ser reconhecidas publicamente pela Câmara Municipal de Santo Tirso. Em cerimónia que decorreu no dia 17 de Março, no salão nobre dos Paços do Concelho, o padre e poeta foi alvo de homenagem no âmbito da iniciativa camarária "Fé na Poesia".
O edil Castro Fernandes foi o primeiro a usar da palavra para referir que o objectivo da iniciativa "a Poesia está na rua" era a de "retirar a poesia dos lugares comuns, fazendo-a escutar com audácia no maior número de locais e espaços públicos do concelho". Este responsável considerou uma honra homenagear pela quarta vez um distinto poeta português, depois de em 2004, 2005 e 2006 o ter feito, respectivamente, com António Ramos Rosa, Cruzeiro Seixas e Manuel António Pina.
Sobre a iniciativa "A fé na poesia", o autarca referiu que em Santo Tirso "se continua a sentir no ar a presença de poetas, independentemente, de seis deles terem aceite o convite de entrar pelo arco do convento para experimentarem no mais fundo recolhimento o húmido silêncio espiritual".
Emocionado, o Padre Tolentino de Mendonça agradeceu a cerimónia, enaltecendo a grandiosidade desta iniciativa de a "Semana da Poesia", este ano dedicada à "Fé na Poesia" e referindo ser "muito importante que num espaço como Santo Tirso, a poesia tenha lugar". "É fundamental que a poesia tenha cidadania", sublinhou, afirmando que "esta iniciativa de colocar poetas em retiro é de extrema importância.
O poeta continuou as congratulações à autarquia pela iniciativa, defendendo sempre que a "poesia é uma grande iniciação à vida do espírito" e "prepara-nos para o silêncio das nossas vidas". A comprovar todo o discurso de José Tolentino Mendonça, no final da cerimónia, Ivo Machado, um dos poetas em retiro conventual, e comovido com as palavras do homenageado, confessou que não escrevia há cerca de um mês e agora, em clausura conventual, "difícil é não largar o lápis"."Não sei dizer mais .nem acerca de poesia, nem acerca de fé", afirmou o poeta, finalizando assim a cerimónia.
Nascido em 1965, em Machico, na Madeira, José Tolentino Mendonça iniciou os seus estudos de Teologia em 1982 e foi ordenado sacerdote em Julho de 1990, após o que foi para Roma para frequentar o mestrado em Ciências Bíblicas, tendo-se doutorado em Teologia Biblíca pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma). É, actualmente, director da revista de teologia Didaskalia, editada pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa, onde é professor auxiliar.
A sua poesia é considerada unanimemente como uma das mais rigorosas e originais da moderna poesia portuguesa. Como ensaísta, publicou textos sobre Ruy Belo, Teixeira de Pascoaes e Eugénio de Andrade. É biblista, tendo realizado estudos como "O Outro Que Me Torna Justo" e "Métodos de Leitura da Bíblia". Traduziu do hebraico o "Cântico dos Cânticos" e o "Livro de Ruth".Além dos seus sete livros de poesia, entre os quais "A Noite abre os meus olhos" (2006) - uma antologia da sua obra poética - é autor de uma peça de teatro, dois ensaios sobre Teologia e diversos artigos em revistas científicas desta matéria.
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Fonte: Ecclesia

segunda-feira, 19 de março de 2007

História inventada

Cientista israelita
diz que ossário de Jesus
é uma história inventada
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“Um dos cientistas que aparecem no documentário sobre o ossário de Jesus contesta agora o fundamento das alegadas provas recolhidas pelos realizadores do programa. Stephen Pfann, paleógrafo e investigador da Universidade da Terra Santa, de Jerusalém, diz que James Cameron e Simcha Jacobovici se enganaram redondamente em relação a uma das peças fundamentais. "Pega-se num bocadinho de ciência, inventa-se uma história e faz-se um novo Terminator ou Vida de Brian, afirmou Pfann, não poupando na crítica ao premiado realizador de Hollywood. O que está em causa é uma inscrição que diz uma coisa diferente daquela que os realizadores do documentário pretendem. No filme, produzido pelo Discovery Channel, sugere-se que um ossário encontrado em 1980 conteria os ossos de Jesus Cristo, Maria Madalena, um filho de ambos e restante família. A inscrição diria "Mariamene e Mara", o que significa "Maria a mestra". Jacobovici afirmava, em defesa da sua tese, que o nome Mariamene era raro, e que o seu aparecimento em vários textos cristãos é interpretado como sendo referido a Maria Madalena.Stephen Pfann diz que nada mais errado. Citado pela AP, o investigador diz que os nomes foram escritos por mãos diferentes: Mariame está escrito em grego formal; quando os restos mortais de outra mulher se juntaram aos da primeira, mão diferente acrescentou, em cursivo, "kai Mara", o que quer dizer "e Mara". Mara é uma forma diferente do nome Marta. Assim, a leitura de Pfann é que o ossário não contém os ossos de Maria, "a mestra", mas de "Maria e Marta". "Assim sendo, não há razão nenhuma para ligar este ossário a Maria Madalena ou a qualquer outra pessoa na tradição bíblica, extrabíblica ou eclesial." Com o objectivo de conseguir uma boa história, o documentário compromete-se com alguns "disparates", critica Pfann.”
: Li este texto no PÚBLICO de hoje. Mais uma vez, houve alguém que gostou de brincar com coisas sérias. Agindo certamente de má-fé, quis criar públicos para o documentário que, mesmo assim, não deixará de correr mundo. A comunicação social está cheia de manigâncias destas. A Internet também. Ainda há dias os meus e.mail’s foram invadidos por um abaixo-assinado sobre um filme horrível, em que se apresentava Jesus Cristo como homossexual, em práticas com os seus apóstolos. Estranhei o caso por nunca ter lido nada disso em qualquer órgão de comunicação social, dos muitos, portugueses e estrangeiros, que diariamente consulto. Não lhe dei seguimento como se pedia. Dias depois veio o desmentido. Mais uma vez, alguém sem moral quis brincar com coisa séria, explorando quem julga que todas as pessoas são honestas. Temos de estar muito atentos.

domingo, 18 de março de 2007

Um poema de Miguel Torga

REGRESSO Regresso às fragas de onde me roubaram. Ah! Minha serra, minha dura infância! Como os rijos carvalhos me acenaram, Mal eu surgi, cansado, na distância! Cantava cada fonte à sua porta: O poeta voltou! Atrás ia ficando a terra morta Dos versos que o desterro esfarelou. Depois o céu abriu-se num sorriso, E eu deitei-me no colo dos penedos A contar aventuras e segredos Aos deuses do meu velho paraíso. In “Diário VI”

Ao sabor da maré

A HISTÓRIA DA JOANA (ANDREIA)
A menina que foi roubada no hospital de Penafiel, há 13 meses, já foi resti-tuída à família, no sábado. Houve festa em Cernadelo. A família é mesmo muito pobres e a criança, antes Joana e agora Andreia, mal cabe em casa dos pais, por tão pequena ser a habitação. Os meios de comunicação social deram largos espaços à notícia do roubo da criança e agora à sua devolução aos pais. Ele desempregado e ela a trabalhar no que calha, no campo e em casa. Recebem um subsídio do Rendimento Social de Inserção. Por força da divulgação do caso, a pobreza da família passou a ser conhecida no País. Pelos vistos, agora, não falta quem queira ajudar. A casa vai ser ampliada e melhorada e uma empresa vai oferecer os móveis, à medida, para uma vida mais decente. Também a cozinha vai ser equipada. A Junta de Freguesia e o senhorio darão o seu apoio. Tudo muito bem A solidariedade e a justiça social continuam com muitas lacunas, apesar do muito que se vai fazendo. Toda a freguesia sabia da pobreza em que vivia aquela família. Todas as autoridades políticas e sociais daquela zona decerto já haviam sido informadas da debilidade económica dos pais da Andreia. Ninguém, pelos vistos, fez nada. E foi preciso que a Andreia tivesse sido roubada aos pais, no hospital em que nasceu, para que a solidariedade se manifestasse. Claro que apenas depois de a menina ser devolvida à família, com direito a festa. Moral da história: importa estarmos atentos às carências dos mais pobres que vivem à nossa volta, sem que seja necessário a comunicação social acordar-nos da letargia em que por vezes vivemos. Fernando Martins

Bienal Internacional de Cerâmica Artística em Aveiro

Painel cerâmico de Aveiro

15 mil euros para o primeiro prémio



O prazo de inscrição para a participação na VIII Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro termina no dia 4 de Maio, estando o respectivo secretariado instalado na Divisão de Acção Cultural, sita na Casa Municipal da Cultura / Edifício Fernando Távora, em Aveiro.
A bienal está aberta a artistas nacionais ou estrangeiros, com um máximo de duas obras por artista, as quais poderão ser trabalhos individuais ou colectivos. No momento da inscrição, e para além do respectivo boletim de inscrição, cada artista concorrente deve apresentar uma nota biográfica dactilografada, com um máximo de 20 linhas, pelo menos uma foto da obra, em formato digital ou em diapositivo a cores, e descrição da obra proposta, com nota explicativa das características técnicas utilizadas, respectivas medidas e posição da peça para efeitos de exposição. Mediante os elementos apresentados, o júri da bienal fará uma primeira triagem das obras, sendo comunicado aos concorrentes seleccionados que devem entregar os seus trabalhos até 22 de Junho.
As obras seleccionadas e as obras dos artistas convidados pela organização estarão em exposição de 8 a 30 de Dezembro, no Parque de Exposições de Aveiro. As entradas para a exposição serão pagas.
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Leia mais em CV

Venda de artesanato

De 4 a 8 de Abril, no Rossio






FEIRA DA PRIMAVERA
EM AVEIRO



Para “proporcionar, à cidade e a quem nos visita, mais uma exposição e venda de artesanato”, a associação A Barrica promove, de 4 a 8 de Abril, a Feira da Primavera, no Rossio. Cerâmica, fumeiro, bijuteria, calçado, cestaria e trapologia são algumas das artes tradicionais que integram a feira.
O artesanato, sob as mais variadas formas, é uma riqueza genuína do nosso povo. Por isso, acho que se justifica, perfeitamente, uma passagem por lá. Para ver, apreciar, comprar e provar...

Um artigo de Anselmo Borges, no DN



Dezanove de Março:
o Dia do Pai





O génio de Kant não estaria num dos seus momentos mais altos, quando, num texto célebre, pôs esta pergunta na boca de Deus: "Não conseguimos libertar-nos deste pensamento, mas também não podemos suportá-lo: que um ser, que nos representamos como o supremo entre todos os possíveis, de certo modo se diga a si mesmo: 'Eu sou de eternidade em eternidade, fora de mim não existe senão o que existe por minha vontade; mas então donde venho eu?' Aqui, tudo se afunda debaixo dos nossos pés."
Há realmente uma pergunta vertiginosa, que constitui um abismo para a razão humana: qual é o Fundo sem fundo donde vem tudo o que vem à luz e se manifesta? Mas essa é uma pergunta do Homem e para o Homem, não de Deus e para Deus. Deus não pergunta, porque é Deus. O animal não pergunta, porque é animal. A pergunta é própria do Homem, e a razão é que ele é ao mesmo tempo finito e abertura ao infinito. Perguntar é constitutivo do Homem, e a pergunta radical é precisamente: qual é o Fundo sem fundo donde vem tudo o que vem à luz e se manifesta? Porque ao mesmo tempo que se manifesta esconde-se - revela-se e oculta-se simultaneamente.
Na tentativa de balbuciarem algo sobre o Mistério último da realidade, a fé e a teologia cristãs falam de Deus como comunhão de diferentes - Pai, Filho e Espírito Santo -, sendo o Pai o Princípio sem princípio, a Fonte originária, Criador de tudo o que existe e Mistério abissal, invisível e inexprimível. Ele diz-se no Filho, que é o Verbo, a Palavra do Pai, e o Espírito Santo é o Amor que une o Pai e o Filho.
Pai é alguém que está na origem de, algo ou alguém que é força criadora do novo.
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Leia mais em DN

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