segunda-feira, 15 de maio de 2006

As saídas

Há sempre ganhos e perdas
Uma saída de casa, por mais curta que seja, pode implicar ganhos e perdas. Foi o que me aconteceu com este último fim-de-semana. Se ganhei em descanso e no reencontro com as civilizações pré-romana e romana, na visita que fiz a Conimbriga, perdi na pouca atenção que dei ao que aconteceu durante esse período. Fátima, com a maior peregrinação dos tempos recentes, Santa Joana, padroeira da cidade e diocese de Aveiro, sempre venerada no 12 de Maio, data da sua passagem para a vida, mais íntima, com Deus, entre outros acontecimentos, não tiveram neste espaço o tratamento que mereciam. Os meus leitores vão desculpar-me, com certeza. Fernando Martins

domingo, 14 de maio de 2006

CSPVC - Histórias De/Em Família




Integrada no seu Plano Anual de Actividades, o Centro Social Paroquial da Vera Cruz vai viver mais uma semana temática, intitulada "Histórias De/Em Família" e que tem como principal objectivo promover o estreitamento de laços familiares.
Esta semana ocorre entre os dias 15 e 20 de Maio e, havendo iniciativas em todos os 6 dias, cada dia vai ter uma magia própria onde a colaboração familiar é fulcral.

(Para ler mais e para conhecer
o programa, clique SOLIDARIEDADE)



Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Religião: promessas e ópio?
Entendo - ou julgo entender - as promessas a Nossa Senhora de Fátima, ao Santíssimo Sacramento, ao Senhor dos aflitos ou aos santos.
Habituadas a verem a sobre-vivência, a saúde e a sua vida em geral dependentes de senhores e senhoras "omnipotentes", egoístas, arbitrários e tiranos, as pessoas atiram para cima de Deus todos esses atributos. Então, como diante dos senhores deste mundo se põem de joelhos, oferecem como presente o que lhes faz falta, metem cunhas - como é que os pobres chegam a uma operação no hospital sem uma cunha? -, também fazem promessas a Deus e a Nossa Senhora, andam de rastos, oferecem sacrifícios, na esperança de que talvez desse modo Deus e a Nossa Senhora se comovam e tenham compaixão.
Num diálogo com Óscar Lopes, em 1970, no Seminário da Boa Nova, Valadares, sobre a crise da fé, D. António Ferreira Gomes, cujo centenário do nascimento se comemorou no passado dia 10, deixou um pronunciamento polémico. Referindo-se à religião de Fátima, disse: "Sabemos que para baixo de Fátima ainda há todo o culto mágico que, tomado a sério, é uma ofensa profunda a Deus, porque na realidade a magia está a embotar o sentimento religioso do povo. A magia é uma vontade de encadear, de prender as forças sobrenaturais, consideradas mais como malignas do que como benéficas. Ora, isto, em relação à religião cristã, é a maior ofensa que se pode fazer a um Deus de bondade. Mas nós lidamos com isto, lidamos com a religião utilitária, do 'dou para que dês'. Eu prometo, eu faço uma promessa para que Deus me faça isto ou aquilo. Faço um negócio, um contrato. E para quê? Evidentemente, para a vida, para a saúde, para o dinheiro, para isto tudo. Ora, isto, com muita piedade e muita fé no nosso povo, isto não é religião cristã de forma nenhuma."
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Gotas do Arco-Íris - 17

NÃ, NÃO HÁ A COR PRETA
NO ARCO-ÍRIS!...
Caríssimo/a: Ainda bem, ainda bem! Como tudo é diferente daquele Maio de 1945 que marcou o final da 2.ª Grande Guerra Mundial! Vendo as imagens de um qualquer álbum que recordem essa época... Bem, o melhor é esquecer! E também as estórias que rememoram esse período estão estafadas e a juventude habituada a leituras fáceis de iPod e meios parecidos – que até podes levar e pagar depois .. - dizia eu, a juventude nem suporta ouvir o velhote começar “naquele tempo...”. «Pois se era naquele tempo que nos deixe em paz que agora os tempos são outros!...» E eles têm razão!... Que interessa que os rapazes (porque as raparigas não precisavam de ir!...) levassem para a Escola e lhes serviriam de almoço uns nacos de broa com duas petingas cozidas (aquelas que a Mãe fizera sobrar da ceia da véspera...), embrulhadas em envelhecido papel de jornal... Pois claro, esquece!... E no regresso das aulas (lá pela tardinha, que nesse tempo o horário ia muito para além do que estava estabelecido...), com o aperto da fome, o nosso aluno a devorar as ervilhas e quando levantou os olhos e viu ali à sua frente o ti Gandarinho, o dono da terra, que lhe sorria e certamente bendizia a Deus que criou aquelas ervilhas para matar a fome daquele triste!... Ervilhas verdes... fome negra... mas que seca! A cor preta não há no Arco-Íris! Os jovens têm razão! Haja esperança! Manuel

quinta-feira, 11 de maio de 2006

A Queima das Fitas

Não poderá haver alegria
sem excessos
alcoólicos? Os órgãos de comunicação social deram notícia da Queima das Fitas de Coimbra, quiçá a festa académica de mais repercussão no País. As tradições da academia de Coimbra, com séculos de história, justificam que assim seja. De tal maneira, que não há estudante que tenha passado pela velha universidade que não guarde gratas recordações para o resto da vida. Acontece, porém, que a Queima das Fitas da cidade dos estudantes, tal como acontece nas demais cidades que albergam outras universidades, mostra sempre os excessos de uns tantos, que em nada enriquecem a tradição. Pelo contrário, mostram uma alegria que, envolvida nas bebidas alcoólicas, a empobrecem grandemente. Para mim, e julgo que para muitos, a alegria, justificável para quem acaba um curso superior, não precisa das bebedeiras que atiram dezenas e dezenas de estudantes em estado de coma para os hospitais, para além da triste figura que fazem. Quando, há anos, se iniciaram os cortejos académicos na cidade de Aveiro, também não resisti à atracção que eles exercem em alguns de nós. Logo, contudo, os deixei de ver, por notar que o vinho e a cerveja passaram a dominar e a estragar o ambiente festivo. De garrafas na mão, completamente ébrios, não raro diversos estudantes se abeiravam da multidão assistente com conversas e atitudes estúpidas, que tão-só mostravam que algo vai mal nestes festejos. Por que razão não convencem esta gente jovem, sobretudo a que julga que não há festa sem vinho em demasia, a cultivar uma alegria sã, sóbria, delicada, engraçada, crítica, sem cair no exagero sem sentido do álcool? Não poderá haver alegria sem excessos alcoólicos? F.M.

Um artigo de D. António Marcelino

PODE A CIÊNCIA
SER DOGMÁTICA
E O SABER
INDISCUTÍVEL?
Muitas décadas atrás, num esquema cultural como o nosso, no geral pouco aberto a confrontos com outros saberes e pareceres, a tendência para dogmatizar, por parte dos poucos que iam tendo acesso ao que de novo aparecia no campo cientifico menos vulgarizado, era muito frequente. Lembro-me que foi assim com as teorias de Freud, um homem de ciência de que se comemoram agora, por todo o lado, os 150 anos do seu nascimento. Uma boa ocasião para reflectir. Quem já então andava com livros na mão para aprender mais do que aquilo que se exigia ao comum, ou quem tinha de ensinar ciências que tinham a ver com o conhecimento da pessoa e os comportamentos humanos, não podia passar ao lado de Freud, mas também não podia deixar de procurar outros pontos de referência para uma compreensão mais adequada. A compreensão no campo científico nunca fecha portas a novas aquisições ou à melhor clarificação daquilo a que já se teve acesso. Foi assim comigo. Não pretendendo ser, neste aspecto, um cientista, a responsabilidade de educador e de professor de gente que havia de ser útil a outros, sempre me levou além do livro de texto e do que fazia parte da sua constelação. Procurei estudar Freud, ir pela sua mão um pouco mais além para desvendar a importância do inconsciente e sua influência, perceber o que no seu entender significavam os meios propostos para o conseguir. Pela formação humanista e filosófica e uma compreensão mais alargada da pessoa e das suas riquezas e capacidades naturais, sem retirar à sexualidade o seu sentido e dimensão, cedo achei exagerado o postulado freudiano que referenciava de algum modo ao sexo e à sua influência, os problemas que afectavam as pessoas. Freud era um psiquiatra, aí se desenvolvia o seu mundo. Ele passou, então, a ser a pedra de toque do valor indispensável dos psiquiatras, os novos “gurus” da sociedade, todos a confessarem-se freudianos, porque, em geral, não tinham outro horizonte que as escolas europeias que os haviam formado. Foram muitos destes que passaram a fazer escola entre nós. As novas gerações falavam, assim, a mesma linguagem, Aparecem agora cientistas abalizados, nacionais e estrangeiros, a ler com serenidade as aquisições de Freud e os aspectos em que enriqueceu o património científico mas, ao mesmo tempo, a relativizar, com igual serenidade, os seus dogmatismos redutores, continuados pelos discípulos mais fieis e menos críticos de ontem e de hoje. Certamente que os psiquiatras, psicanalistas e psicólogos, cada um no seu campo próprio, mais preparados e sempre a actualizar-se, abriram seus horizontes e, sem fecharem os livros de Freud, sabem relativizar os absolutos de então, conscientes de que na ciência eles são empobrecedores e paralisam a capacidade e a vontade de estar disponível para ir mais além. Hoje, para muita gente e cada vez para mais gente, o divã do psicanalista e o consultório do psiquiatra e do psicólogo, tornam-se indispensáveis. Perante situações doentias sem especiais sinais orgânicos, ouve-se dizer se “já foste ao psiquiatra” ou se “já fizeste psicanálise”. O estilo de vida que por aí se vive, sem controle dos sentimentos, das apetências, do domínio do tempo, um estilo descomprometido de valores e de regras, de recurso diário à leitura sentimental, com preito ao superficial e ao efémero, não pode deixar de esvaziar as pessoas, levar à perda do sentido, fechar os horizontes da liberdade interior, fazer entrar em agonia ou em incapacidade de luta, privar de protagonismo e de vontade de libertação. Não pode deixar de gerar doentes, cada vez mais graves e menos adaptados à vida e aos desafios normais que ela comporta. Será que tudo isto encontra no divã e no consultório a solução e a cura? A pessoa humana, em toda a sua dimensão, leva consigo horizontes de vida e de vivência que são gritos, profundos e incontidos, de regresso às suas origens mais recônditas. Gritos que não se satisfazem apenas com o conhecimento do inconsciente e da sua influência. O médico da psique sente tanto as suas limitações, como o que põe o seu saber ao cuidado da saúde física e que já não se pode dispensar de ver a pessoa no seu conjunto e na sua história. O homem será sempre o “grande desconhecido”, mesmo quando se vai conhecendo melhor.

Alertas de Bento XVI no Vaticano

Matrimónio não é equiparável a outras formas
de união Bento XVI pediu hoje que se evite qualquer "confusão" entre o casamento e "outros tipos de união baseados num amor débil", como as uniões de facto ou as uniões homossexuais.“A diferença sexual que conota o corpo do homem e da mulher não é um simples dado biológico, mas reveste-se de um significada bem mais profundo: exprime aquela forma de amor com que o homem e a mulher se tornam uma só carne, podendo realizar uma autêntica comunhão de pessoas abertas à transmissão da vida e cooperam, assim, com Deus para a geração de novos seres humanos”, disse o Papa, falando no Vaticano aos participantes de um Congresso Internacional sobre a família e o matrimónio. "Só a rocha do amor total e irrevogável entre homem e mulher é capaz de fundar a construção de uma sociedade que se converta em casa para todos os homens", acrescentou.Bento XVI lembrou os ensinamentos de João Paulo II sobre o amor e pediu a superação de "uma concepção privada do amor, hoje tão difundida". "A comunhão da vida e do amor, que é o casamento, configura-se, assim, como um autêntico bem para a sociedade", sustentou o Papa. O Instituto Pontifício João Paulo II para os estudos sobre Matrimónio e Família, da Universidade Pontifícia Lateranense, promove por estes dias o Congresso “A herança de João Paulo II sobre o matrimónio e a família: amar o amor humano”. Bento XVI lembrou que no dia 13 de Maio de 1981, em que sofreu um atentado contra a sua vida, João Paulo II preparava-se exactamente para anunciar a criação deste Instituto. O Papa referiu-se a dois elementos que caracterizam “a novidade do ensinamento de João Paulo II sobre o amor humano”: primeiro, que o matrimónio e a família têm a sua raiz “no núcleo mais íntimo da verdade sobre o homem e o seu destino”; segundo, que em Cristo “se manifesta também a verdade plena da vocação do amor humano”. Lembrando a sua primeira encíclica, "Deus caritas est", Bento XVI sublinhou que “a estreita relação que existe entre a imagem de Deus Amor e o amor humano permite-nos perceber que à imagem do Deus monoteísta corresponde o matrimónio monogâmico”.
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Fonte: Ecclesia