domingo, 14 de maio de 2006

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Religião: promessas e ópio?
Entendo - ou julgo entender - as promessas a Nossa Senhora de Fátima, ao Santíssimo Sacramento, ao Senhor dos aflitos ou aos santos.
Habituadas a verem a sobre-vivência, a saúde e a sua vida em geral dependentes de senhores e senhoras "omnipotentes", egoístas, arbitrários e tiranos, as pessoas atiram para cima de Deus todos esses atributos. Então, como diante dos senhores deste mundo se põem de joelhos, oferecem como presente o que lhes faz falta, metem cunhas - como é que os pobres chegam a uma operação no hospital sem uma cunha? -, também fazem promessas a Deus e a Nossa Senhora, andam de rastos, oferecem sacrifícios, na esperança de que talvez desse modo Deus e a Nossa Senhora se comovam e tenham compaixão.
Num diálogo com Óscar Lopes, em 1970, no Seminário da Boa Nova, Valadares, sobre a crise da fé, D. António Ferreira Gomes, cujo centenário do nascimento se comemorou no passado dia 10, deixou um pronunciamento polémico. Referindo-se à religião de Fátima, disse: "Sabemos que para baixo de Fátima ainda há todo o culto mágico que, tomado a sério, é uma ofensa profunda a Deus, porque na realidade a magia está a embotar o sentimento religioso do povo. A magia é uma vontade de encadear, de prender as forças sobrenaturais, consideradas mais como malignas do que como benéficas. Ora, isto, em relação à religião cristã, é a maior ofensa que se pode fazer a um Deus de bondade. Mas nós lidamos com isto, lidamos com a religião utilitária, do 'dou para que dês'. Eu prometo, eu faço uma promessa para que Deus me faça isto ou aquilo. Faço um negócio, um contrato. E para quê? Evidentemente, para a vida, para a saúde, para o dinheiro, para isto tudo. Ora, isto, com muita piedade e muita fé no nosso povo, isto não é religião cristã de forma nenhuma."
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2 comentários:

  1. Olá!
    Concordo com o pensamento do Sr. Anselmo Borges. Naturalmente o homem ignora, ou se faz ignorar, de que todas as coisas e fatos naturais têm causa. Já os atos humanos, sejam eles quais forem, via trabalho, linguagem, etc.,só trazem conseqüências.
    É freqüente: quando as conseqüências são boas, esquecenos de agradecer a Deus e aos Santos. Quando as conseqüências são más, as tiramos dos nossos ombros e esperamos que os céus as consertem.
    Muito oportuno o artigo.
    Um cordial e virtual abraço, desde aqui do meu Brasil, a todos dessa comunidade.
    http://sonetosesonatas.blogspot.com
    Evaristo

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  2. Olá, amigo!

    Obrigado pelo seu comentário, que veio de tão longe....
    A minha cidade, Gafanha da Nazaré, fica no centro-litoral de Portugal, onde há muitos compatriotas seus a trabalhar e a viver.
    Vou estar atento aos seus escritos, inseridos no seu blogue.

    Cumprimentos

    Fernando Martins

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