quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

NO CUFC, NO DIA 1 DE FEVEREIRO

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“Fórum::Universal”,
com o
Prof. Adriano Moreira ..
Nas primeiras quartas-feiras de cada mês, o CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura) oferece, na sua sede, junto ao Campus Universitário, pelas 21 horas, um projecto de encontros abertos, dirigidos a toda a comunidade académica e demais interessados. Fórum::Universal, assim se chama o projecto, pretende debater opiniões diversas que exprimam dimensões essenciais da vida da sociedade global, em especial europeia e portuguesa, como desafio às nossas inquietações. Depois de Rui Marques, Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, e de Laurinda Alves, directora da revista XIS, que se publica aos sábados, com o PÚBLICO, o CUFC já agendou e organizou, para o próximo dia 1 de Fevereiro, mais um debate, desta feita com a participação do Prof. Adriano Moreira.

PASCAL: Citação

"Há duas espécies de homens: os justos, que se julgam pecadores e os pecadores que se crêem justos" : Pascal (1623 - 1662), francês, filósofo e matemático : In Citador

Um poema de Eugénio de Andrade

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Eugénio de Andrade
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É urgente o amor. É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas. É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer.

Efeméride aveirense

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Belém do Pará
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AVEIRO E BELÉM DO PARÁ
SÃO CIDADES IRMÃS
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Faz hoje anos que Aveiro e Belém do Pará firmaram o convénio de amizade fraterna. Foi em 12 de Janeiro de 1970 que aquelas cidades se tornaram irmãs, tendo o convénio sido assinado pelas autoridades civis respectivas, conforme referiu o jornal Litoral de 17 de Janeiro de 1970.
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Fonte: Calendário Histórico de Aveiro

Um artigo de D. António Marcelino

QUALIDADE DE VIDA DOS MAIS IDOSOS

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“Explique-me lá, porque eu não consigo entender. Criei sete filhos na minha casa. A casa é a mesma. Agora, o meu filho que lá vive tem apenas um filho. Trouxe-me aqui para o Lar dizendo-me que não tinha lugar para mim lá em casa…Como é que isto pode ser?” Os olhos eram ainda vivos, mas muito doridos pela dúvida para a qual procurava explicação e a procurou também em mim, assim à queima roupa. Era um idoso inconformado. Como eu o entendi!... Vivera com sua esposa uma luta contínua e morosa, por amor. Não foi fácil, por certo, criar sete filhos. Mas o amor venceu dificuldades e o sonho de os criar e educar e de os preparar para a vida era uma força interior que derrubou muros. Essa força que se cola ao coração dos pais e não os deixa adormecer, nem desistir. No momento de receber a recompensa por parte dos beneficiados de sempre, apenas sentiu o eco dos incómodos que provocava a sua idade com as normais limitações. A dívida do amor nunca prescreve. É preciso proclamá-lo. Por todo o lado, materialmente, os idosos estão hoje como nunca. Assim o verifico, agora numa zona que visitei, casa por casa, há menos de dez anos e onde estou de novo fazendo o mesmo peregrinar. As casas estão mais limpas e aconchegadas, muitas instituições a acolher e a fazer apoio domiciliário, centro de dia e de convívio por todo lado, passeios, a torto e a direito, por esse Portugal fora, grupos de voluntários que visitam com tempo para ouvir, festas umas atrás das outras. Porém, nada disto substitui a família que sabe amar e agradecer, porque tem nos seus idosos a sua riqueza e a referência que nunca esquece: “Filho és, pai serás, o que fizeres, encontrarás.” Vi a senhora há meses. Anda pelos noventa e tantos anos. Então, no horizonte, já não havia vida normal, nem esperança dela. Mudou de situação e a atenção, o carinho, a comunicação constante passaram a envolvê-la as vinte quatro horas do dia. Agora já fala, canta, responde, faz perguntas. Mostra uma serenidade que não parecia possível. Fiquei a contemplá-la e conclui que o amor constante é o grande milagre e sempre o melhor remédio para dar e conservar a vida dos idosos, que não têm outra doença além dos muitos anos. Abundam os casos a dizer que é assim. Quando os filhos e os familiares não andam por este caminho, e isso acontece tantas vezes, então quer dizer que só desejam que a morte venha quanto antes, para que termine o pesadelo de uma ingratidão, sempre difícil de digerir? Está aqui a qualidade de vida dos mais idosos: envelhecerem em lugar que seja familiar e a sentirem-se amados, acarinhados, ouvidos por todos, mas muito especialmente por aqueles nos quais corre nas veias o mesmo sangue. Um idoso de muitos anos já dispensa muita coisa, não o amor, nem o carinho, nem o calor de uma visita gratuita ou de uma presença viva. Os lares são uma necessidade para alguns casos, nunca razão para que a família se demita da dívida que tem e terá até ao fim. Chega da mentira de montanhas de flores e de vistosas lágrimas no funeral, quando, em vida, não houve uma hora por semana para visitar, acarinhar, sorrir, ouvir e dizer, nem que seja sempre a mesma coisa.A sociedade pensa mais nos idosos e faz por eles o que há anos nem se sonhava. Ainda bem. Muitas famílias, porém, tendem a desresponsabilizar-se cada vez mais. Uma maldição de resultados dolorosos. É sempre tempo para acordar e inverter o processo. Não se faz por decreto, faz-se por consciência assumida de uma dívida nunca saldada e pela experiência vivida por todos, ao longo dos anos, que ninguém, seja novo ou velho, pode viver sem amor.

Um texto de Alexandre Cruz

“Coisas” da nossa democracia
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Democracia é uma das palavras mais caras. Ainda em muitos povos, a democracia é uma das lutas mais sofridas. Às suas custas, para que ela venha à luz do dia, muitos foram e são perseguidos, silenciados, torturados, mortos. Das tentações do domínio do outro, do poder absoluto, da autoridade exacerbada, da ditadura que não reconhece a diferença, tudo é possível, pois, no limite, não se olha a meios para atingir fins. E são, infelizmente, muitos os retratos de desumanidade que flagelaram milhões de vidas, cujo rio sangue foi abrindo o sentido da igual dignidade entre todos os seres humanos. Em épocas políticas especiais, como a que atravessamos, é sempre interessante entreabrir o dicionário e repararmos mais na palavra “democracia”. Fala-nos da ideia de “povo que é soberano”, ideal que nasceu também como reacção ao poder só de alguns (oligarquia); desperta-nos para um nível de responsabilidade colectiva, onde ninguém está a mais (o Estado é de todos!), mas onde todos têm deveres para com a comunidade (como o dever cívico de votar, a sociedade precisa mesmo de todos!).
Talvez, neste contexto, faça sentido mesmo perguntar se a democracia, simplesmente, anda por si própria? Ou se precisará mesmo dos cidadãos? Que sentido de pertença e construção democrática vai reinando na sociedade portuguesa, e como interagem os diversos actores numa ideal respeitabilidade social recíproca? Bastará dizer “democracia” e está tudo feito?!... De modo algum. Quanto maior é a liberdade maior será a responsabilidade. Uma responsabilidade que deve perpassar, no máximo possível, permanentemente na vida social, em tudo quanto se diz, escreve, fotografa, gere.
Na presente caminhada de discernimento sobre o futuro próximo em termos de presidência da República alguns factos continuam a demonstrar algumas “coisas” menos felizes da nossa democracia, sinal de que há sempre caminho para andar. Se é certo que, numa linguagem inclusiva e com respeito, é essencial o debate sobre projectos do que poderá estar em jogo nas funções da presidência da república, contudo, tantas vezes, o ambiente em vez do saudável debate passa à luta feroz do ataque pessoal ao outro, espelhado por vezes mesmo nas generalidades da ausência de projecto. Mas esta relativa “falta” democrática, sintoma de carácter ideológico de forças silenciosas que têm o seu interesse próprio, passa também pelo desigual tratamento de imprensa, sendo claramente no mínimo de desconfiar até da escolha fotográfica para as capas de jornais, em que tendo um candidato ao longo do dia muitos rostos…porque é que se escolhe uma pose e não outra?! Mas se olharmos aos conteúdos em debate, de todos os lados, pouco têm de presidência e muito mais têm de governo. (E todos criticam o facto, mas todos o fazem.) O que é que estará em causa nestas eleições? Andamos desfocados! E quando se fala de crise, porque é que se leva logo para a crise económica…quando essa área é da responsabilidade do governo? E quando vemos que todos os candidatos falam de economia…porque é que não se acusam todos de economicismo? E se é mesmo a eleição da primeira figura de Estado, em que numa democracia madura o debate entre todos os candidatos seria um pressuposto lógico… para quando os debates com o sexto candidato? Há democracia para todos, ou é só para alguns?!
Há qualquer coisa de esquisito e de condicionado que turba a pureza democrática (sinal de que há muito caminho a andar em sensibilidade de acção política como serviço autêntico e generoso ao bem comum), sendo logo de reparar nas questões das “máquinas” e nas gritantes desigualdades entre os candidatos. Há algo que se sente que torna inútil o debate aberto, o que é mau demais para ser verdade. Estaremos a perder a capacidade de conversar sobre o que somos e que queremos ser? E não esqueçamos que às novas gerações de cidadãos políticos cada campanha é uma escola…

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

PROCRIAÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA

CONSELHO PERMANENTE DA CEP
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NOTA SOBRE A PROCRIAÇÃO
MEDICAMENTE ASSISTIDA
O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, reunido a 10 de Janeiro de 2006, em Fátima, tomando conhecimento de um debate parlamentar relativo ao projecto de Lei que regulará a procriação medicamente assistida, decidiu manifestar a sua posição.
Reconhecendo o anseio sério de muitos casais em solucionar o seu problema de infertilidade ou de esterilidade, após impossibilidade de recurso a outros meios, bem como acolhendo a necessidade de uma lei que regule e estabeleça as fronteiras entre o cientificamente possível e o eticamente aceitável, consideramos, pelo serviço à dignidade da pessoa humana a que nos obrigamos, que este método deve atender ao direito da criança que irá nascer, como fim em si mesma e não resultado de um direito paterno ou materno sem limites.
Para além das exigências morais que recomendamos aos cristãos, julgamos ser nosso dever alertar a sociedade para alguns limites que a futura lei não deveria ultrapassar, a saber:
1. As técnicas de Procriação medicamente assistida devem ser reservadas a casais heterosexuais, para assegurar o dever ético de oferecer ao novo ser um homem como pai e uma mulher como mãe. Não admita o recurso a gâmetas fora do casal em virtude da grave dissociação entre paternidade genética e social.
2. Não considere aceitável o recurso a mães portadoras porque atinge a interacção profunda entre a criança e a mãe e porque experiências noutros países têm gerado muitas situações intoleráveis de conflito entre os pais biológicos e a mãe portadora, com enorme prejuízo para a criança a gerar.
3. Sendo o embrião uma vida humana dotada de dignidade, as técnicas usadas devem evitar a existência de embriões excedentários, mesmo destinados a uma segunda gravidez do casal. De nenhum modo estes embriões sejam utilizados para a investigação, enquanto vivos.
Fátima, 10 de Janeiro de 2006

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