quarta-feira, 23 de novembro de 2005

FÁTIMA: PASTORAL DA SAÚDE EM ENCONTRO NACIONAL

Está a decorrer em Fátima, no Centro Paulo VI, até 25 de Novembro, o XIX Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, com o tema "A saúde integral da pessoa: o desafio espiritual". Numa mensagem para este Encontro, o Bispo de Portalegre-Castelo Branco, D. José Sanches Alves, Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social, salienta que “só a dimensão espiritual [do ser humano] o diferencia e o coloca acima dos outros seres da criação", podendo abri-lo ao Transcendente, sendo, por isso, considerada "uma dimensão essencial para o compreender e para explicar a sua saúde”. Acrescentou que “cada ser humano é uno, único e indiviso enquanto pessoa e, portanto, goza de saúde plena quando nele a harmonia é plena”, apresentando uma “visão positiva o holística da saúde”.
É nesse sentido também que o P. Vítor Feitor Pinto, Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde, propõe como objectivo deste Encontro “olhar a saúde numa perspectiva antropológica, como saúde integral, o que reclama a atenção aos valores da espiritualidade”. Assumindo a responsabilidade do apoio espiritual e religioso, “a Igreja Católica tem uma resposta para os desafios da espiritualidade a que o homem doente tem direito”.
O Encontro destina-se a profissionais da saúde, agentes de pastoral de saúde e pastoral social, pessoas que se dedicam ao voluntariado e estudantes.
Fonte: Voz Portucalense

Uma reflexão do padre João Gonçalves, da Glória

Assembleia definitiva
O Senhor é pastor, isto é, vive, trabalha e cuida; conduz as suas ovelhas aos melhores prados, para que nada lhes falte, sejam robustas e fortes.
As ovelhas somos nós; e quer-nos felizes, com certezas e futuro de tranquilidade.
O Pastor bom não descuida, nem por um momento, cada um de nós, e tem atenções particulares pelos mais débeis e marcados pelo sofrimento ou por alguma limitação.
E o Pastor Jesus Cristo quer passar por pobre, doente, preso, sem abrigo, peregrino, despido e último da sociedade organizada hierarquicamente; não Se importa de ser desconsiderado, porque não sonha tronos de glória e honras; só quer servir; o prémio apenas o espera do Pai, o único justo.
Não é fácil pormos os olhos de ver; e, por causa disso, temos dificuldade em O encontrar nas ruas e avenidas das nossas cidades ou aldeias; não O identificamos quando nos bate à porta ou cambaleia nos passeios das cidades; não percebemos que ele está no hospital ou detido numa casa de reclusão; nem damos conta que é Ele que está desempregado, que saiu agora da cadeia ou que fez caminhos para largar - ou não - as drogas que O vão destruindo. E, na assembleia final, Ele vai perguntar se O identificámos.
Que bom se dissermos que sim!
In "Diálogo", 1049

Um artigo de António Rego

A crise do Pai Natal O mercado vive duma espécie de engodo. Comprar e vender é um acto livre que tem cálculos, contas, necessidades, desejos, ilusões, jogos, riscos, lucros, posse, rejeição. Isso pode acontecer num mercadinho de bairro ou no grande bairro do mundo onde as coisas se compram e vendem porventura com vista larga. Os governos já entenderam que nesta matéria não podem ser demasiado pródigos tanto em estímulos como em repressões ao que se chama consumo. Convidar a poupanças próximas do exíguo, paralisa uma comunidade que vive das suas trocas e circulações que suscitam trabalho e criatividade. Alimentar o vício do supérfluo pode conduzir a uma círculo fechado e estrangulador para uma economia que se julga em movimento. Como um mecanismo de água estagnada que ilusoriamente circula dentro do mesmo poço sem se renovar e enriquecer. Claro que tudo isto vem a propósito do Natal. Dizemos vezes sem conta que a celebração do nascimento de Jesus nem de perto nem de longe se restringe a uma dobadoira de luzes artificiais que nada iluminam. Apenas divertem o olhar. Mas o facto é que alguma economia se reanima nesta quadra, e empresas há que não “sobrevivem” sem o Natal. Por isso, em tempo de escassez, assistimos a algumas iniciativas tíbias, sem saber se navegam no mar tradicional da ilusão ou são um real contributo para a saída da crise que já nos cansa e que queremos exorcizar. É essencial não perder os gestos de solidariedade, festa e partilha de afectos através de símbolos. Talvez se possa reconverter a indústria da qualidade: investir mais no significado e menos no objecto que se compra – por prazer, necessidade, partilha, amizade, ou mesmo - e esse é o ponto mais digno - o que melhor celebra o Nascimento de Jesus. Se, com a crise, desaparecer o Pai Natal e toda a sequela de mitos que arrasta, não se perde grande coisa. Não é grave se ele for para o desemprego desde que se salve o sinal íntimo que pretende traduzir.

terça-feira, 22 de novembro de 2005

HERMAN JOSÉ ARREPIOU CAMINHO

É PRECISO APRENDER A PROTESTAR CONTRA O LIXO TELEVISIVO QUE INVADE AS NOSSAS CASAS
Não é novidade para ninguém se dissermos que Herman José é um dos maiores humoristas de sempre do panorama artístico nacional. Ao longo da sua vida, tem brindado os portugueses com inúmeros programas de real originalidade e de grande capacidade criativa. Acontece, porém, talvez por falta de talento momentâneo ou por pensar que a anedota pornográfica é sempre fonte de sucesso, que Herman José caiu no erro de julgar que os portugueses vão todos os dias na onda do que é rasca. O que não é verdade, porque há muita gente que sabe distinguir o que é bom, e forma, do que é mau, e deforma. Daí que muitos, como eu, tenham posto de lado o seu humor, carregado de mau gosto e de baixeza moral. Para bastantes portugueses, a solução foi desligar a SIC na hora nobre em que ele trabalhava para gente que ri facilmente, optando pela anedota barata que não casa bem com ambientes familiares e de princípios morais. Por isso, o último programa do grande humorista português, marcado com a bolinha vermelha, nem sequer figurou entre os 15 mais vistos da televisão portuguesa. Mas como Herman José é um homem inteligente, resolveu arrepiar caminho e regressar aos moldes dos seus tempos áureos, apostando num programa que sirva todas as famílias, agora sem a bolinha vermelha e, por isso, sem anedotas, piadas e sketches que envergonham os mais sensíveis e os mais equilibrados sob o ponto de vista moral. Esta decisão de Herman José foi ao encontro dos interesses da SIC, que ficou satisfeita pela opção do humorista. Mas uma coisa é certa. É preciso apostar na educação de todos, para na hora da televisão sabermos escolher o que é digno de ser visto. Mas também temos de aprender a protestar, com urgência, contra o lixo televisivo que invade as nossas casas.
Fernando Martins

EM DESCANSO POR UNS DIAS

Em descanso por uns dias e ainda com limitações técnicas, não pude marcar presença neste meu diário "on-line", aberto à comunidade cibernáutica. No entanto, não me esqueci de quantos me lêem com regularidade, como sinal de uma fidelidade cativante.
Aqui continuarei com toda a gente, a caminho de um ano de actividade na aldeia global que merece e precisa do envolvimento sadio de todos, sempre pela positiva.
Fernando Martins

sábado, 19 de novembro de 2005

AVEIRO: MAIS RESIDÊNCIAS UNIVERSITÁRIAS

Posted by Picasa Alameda da UA MAIS "CAMAS" PARA ESTUDANTES DA UA
Tudo indica que em 2008 haverá mais residências universitárias em Aveiro, para dar respostas aos muitos estudantes que as procuram. A primeira fase da construção das novas residências, prevista para o início daquele ano, vai a concurso em breve, segundo informou o responsável pelos Serviços Sociais da UA ao JN. Em 2008, portanto, haverá mais 634 "camas".

Um artigo de Rui Machete, no DN

É PRECISO ACREDITAR QUE HÁ UM FUTURO
Em Portugal, a crise começou a ser encarada a sério pelos governos. O actual Executivo, em particular, tem revelado coragem nas medidas a tomar, porventura ainda insuficientes
::
É um truísmo dizer que o modelo de Estado europeu de bem-estar se encontra em crise. Os portugueses vivem em pleno essa crise, apesar de nunca terem usufruído completamente das vantagens do Estado-Providência.
Nesta situação, os comportamentos defensivos dos vários sectores da população activa dinamizam-se fortemente - funcionalismo público, incluindo os juízes e os militares, sindicatos representantes dos trabalhadores com contratos sem prazo, etc.
Até as estruturas administrativas autónomas de base territorial, regiões e autarquias sobretudo, se entrincheiram por detrás dos privilégios orçamentais que conseguiram no passado. Os que não têm poder reivindicativo nas negociações colectivas, porque ainda ou já não participam na produção, ou não são representados pelos sindicatos, resignam-se, ou participam nas manifestações de rua que exprimem o desagrado pelas políticas de contenção.
É um quadro que se observa mais ou menos generalizadamente por toda a Europa ocidental. As dificuldades do Estado social resultam em grande medida da excessiva confiança no desenvolvimento económico continuado dos anos sessenta do século passado, da pesada intervenção do Estado na economia, da concorrência internacional exacerbada pela globalização e da própria evolução das condições técnicas do aparelho produtivo.
Os antídotos mais frequentemente preconizados apontam para o exemplo americano e aconselham a concretização de um neoliberalismo sem contemplações com a justiça distributiva.
As terapêuticas necessárias parecem ser, todavia, bem mais complexas e não poderão circunscrever-se apenas aos aspectos económicos.Mas, como quer que seja, põe-se às democracias uma questão crucial ainda não resolvida como conseguirem os Governos fazer aceitar pelos seus eleitores - compostos justamente pelos destinatários das medidas restritivas - as reformas tão necessárias?
As hesitações, as manobras de diversão e as fugas à realidade por parte dos responsáveis políticos explicam-se em grande parte por esta dificuldade. Grassa em muitos países, na classe política, grande desorientação sobre como ultrapassar o obstáculo da opinião pública contrária.
Em Portugal, a crise começou a ser encarada a sério pelos governos. O actual Executivo, em particular, tem revelado coragem nas medidas a tomar, porventura ainda insuficientes. É desejável sob muitos pontos que possa incidir um pacto de regime que permita unir os esforços dos partidos democráticos no esforço comum, mas há que reconhecer ter faltado até agora, apesar dos esforços do Presidente da República, determinação no combate ao pessimismo e sobretudo uma clara mensagem de esperança.
Portugal precisa de poder acreditar no seu futuro e é importante dar as razões concretas para que a confiança seja recuperada.