quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Um artigo de D. António Marcelino

Posted by Picasa D. António Marcelino Pessoa e comunidade, horizonte permanente da igreja
Sempre me fez impressão ao ouvir os avisos da semana, no princípio ou fim das eucaristias dominicais, como tudo se reduz, normalmente, às missas e às muitas reuniões das diversas actividades pastorais. Quem tal ouvir pensará que a Igreja tem apenas preocupação com as coisas do culto e as actividades de cariz religioso.
De facto, não se deveria nunca esquecer que os leigos são cristãos no mundo e é aí que realizam a sua vocação de ser luz e fermento do Evangelho na sua vida familiar, profissional, social e política. A vida de um cristão não se esgota no interior do templo, mas processa-se em mil lugares e ocasiões que significam apelo a uma vivência da fé, de testemunho e de compromisso de acção.
A Igreja será sempre um espaço e um lugar a apontar o horizonte inesgotável da vida concreta. A sua luz vem-lhe do Deus em que acredita, que outra coisa não quer dela senão que seja servidora permanente das pessoas e das comunidades. Isso faz-se de muitas maneiras, também nas actividades do templo pela pregação, pela catequese das diversas idades, pelas próprias celebrações que despertam para a partilha solidária. Porém, torna-se cada vez mais necessário que as paróquias e os movimentos laicais se preocupem em programar actividades que ajudem a responder às questões que hoje se põem às pessoas no mundo complexo em que vivem.
Questões da vida, da família, da educação e da cultura, da justiça no trabalho, dos direitos e deveres que fluem da condição de cidadãos, da necessidade de diálogo com gente que pensa de modo diferente, têm de ser cada vez mais questões do dia-a-dia de uma comunidade cristã.
Actividades que ajudem a ler a vida, a abrir-se aos problemas e a dialogar sobre eles, a colaborar, seja com quem for, para que se encontrem as soluções possíveis para os problemas que, no dia-a-dia, constituem para muita gente um peso difícil de suportar e de levar, devem fazer parte da vida de uma paróquia, viva, atenta e servidora.
Os problemas sociais, dos profissionais aos políticos, requerem a participação, dada de modo diferente, mas que pode ser sempre complementar, quer dos cristãos mais conscientes, quer dos outros cidadãos que não são ou já se não dizem cristãos. Cada um deve formar-se para traduzir a sua opinião e a sua participação, segundo os princípios que enformam a sua vida e procuram o bem de todos. A diversidade justificada e qualificada é sempre uma riqueza.
A doutrina social da Igreja constitui um enriquecimento iluminador da acção dos cristãos na sociedade. Está acessível, de muitos modos, e torna-se urgente encaminhar para onde se ensina ou promover iniciativas no mesmo sentido.
O ano pastoral que começa convida-nos a ser cada vez mais uma Igreja que serve as pessoas e a sociedade, esforçada por compreender a realidade e os problemas, empenhada em encontrar respostas válidas e em promover colaboração. Ser cristão e ser Igreja no mundo não tem um recorte meramente religioso, mas sim humano e social, que o Evangelho ilumina e a que dá sentido de empenhamento iniludível.
Deus não faz história de salvação, nem à margem, nem paralela à história das pessoas e das comunidades. Entra nela, adapta-se ao ritmo dos seus protagonistas, abre-se às situações novas que vão surgindo, alarga o leque dos colaboradores, põe no caminho servidores preparados e incondicionais, não marca prazos, mas também não aceita senão as delongas inevitáveis. A sua pedagogia deve ser a da Igreja, pois a história é a mesma.
“A Igreja no mundo contemporâneo”, que traduz o título “alegria e esperança” de uma constituição conciliar, designa um estilo novo de ser Igreja no mundo, porta sempre aberta à compreensão, à responsabilidade, ao desafio à construção de um mundo mais humano e mais fraterno, porque só esse corresponde ao projecto do Criador.

JOÃO PAULO II: UM PAPA PARA DOIS SÉCULOS

Posted by Picasa Ainda João Paulo II
Com organização de António Marujo, jornalista do Público, “Um Papa entre dois séculos” recolhe depoimentos sobre o pontificado de João Paulo II de D. José Policarpo, Cardeal Patriarca, Adriano Moreira, António Matos Ferreira, Fr. Bento Domingues, Clara Pinto Correia, João Bénard da Costa, José Manuel Pureza, Leonor Xavier, Manuel Braga da Cruz, Pedro Strecht e Teresa Martinho Toldy. A primeira edição do livro saiu em Outubro de 2004, meio ano antes da morte de João Paulo II.
Nas palavras de António Marujo, a obra tem a pretensão de “debater a acção de João Paulo II na pluralidade e multiplicidade dos seus gestos e ideias”. Ou seja, ouvindo opiniões de pessoas altamente empenhadas na Igreja, como o Patriarca, e outras “com participação menos intensa” (mas que noutras épocas foram leigos muito intervenientes, como João Bénard da Costa), exercita-se a opinião pública dentro da Igreja.
“Para muitos baptizados, a consciência da igualdade radical dos filhos de Deus deve traduzir-se na possibilidade da livre expressão e participação na comunidade eclesial. E se o pensamento ou o agir de um Papa diz respeito a todos os fiéis, por todos pode (deve) ser debatido e aprofundado”, escreve A. Marujo na Introdução.
O bispo, o politógolo, a teóloga, a jornalista, o economista, o historiador... proporcionam-nos diferentes avaliações, por vezes contraditórias ou paradoxais, do homem que esteve à frente da Igreja no último quarto de século. No fundo, também, visões da Igreja e do mundo.
"Um papa para dois séculos"
Coordenação de António Marujo
Livros do Brasil
174 páginas
Fonte: Correio do Vouga

PROBLEMAS TÉCNICOS

Alguns problemas técnicos impedem-me de comunicar com os meus leitores, com a regularidade e a eficácia que gostaria de manter. A todo o momento espero regularizar a situação.
F.M.

Um artigo de Maria Santos, no DN

Relançar a campanha 'Pobreza Zero'
Muitos portugueses têm vindo, ultimamente, a ser "tocados" pela campanha "Pobreza Zero", uma acção internacional desencadeada por cerca de 900 organizações não governamentais de de-senvolvimento, oriundas de 70 países. Esta campanha faz apelo a cada um de nós, para uma participação mais activa e solidária na luta contra a pobreza. Foi assim que o recente concerto dos U2 em Lisboa representou, sem dúvida, um importante impulso para as iniciativas da Oikos (Associação de Cooperação e Desenvolvimento, coordenadora da campanha em Portugal, a decorrer desde Julho, e que pode ser acompanha- da através do site www.pobrezazero.org). As pulseiras brancas (símbolo internacional da luta contra a pobreza) também têm sido distribuídas amplamente no nosso país, e um manifesto-apelo da sociedade civil para uma acção global contra a pobreza no mundo - subscrito por milhares de cidadãos - foi entregue, no passado dia 9 de Setembro, no Gabinete do primeiro-ministro.
Participar, actuar, exigir dos governos o cumprimento das promessas estabelecidas na Declaração do Milénio, ou seja, concretizar os oito objectivos específicos para o desenvolvimento mundial, aprovados pelas Nações Unidas, em 2000, é uma tarefa que nos deve mobilizar a todos! Não podemos esquecer que, então, chefes de Estado e de Governo, entre os quais o nosso, declararam solenemente a sua determinação política de, até 2015, reduzirem para metade a fome e a pobreza extrema. É certo que faltam ainda dez anos para se cumprirem as premissas estabelecidas nos Objectivos do Milénio, esse "catálogo" de compromissos que incorpora algumas das recomendações das conferências mundiais realizadas entre 1992 e 1996, com destaque para a Cimeira da Terra (Rio de Janeiro, 1992), a Conferência sobre População e Desenvolvimento (Cairo, 1994) ou a Cimeira Mundial sobre Alimentação (Roma, 1996).
(Para ler todo o artigo, clique DN)

Um artigo de Sarsfield Cabral, no DN

CATALINA
Consta que Catalina Pestana abandonará a Casa Pia de Lisboa em Dezembro. Não por vontade própria, mas porque o ministro do Trabalho e da Segurança Social não desejaria mantê-la como provedora. Custa a acreditar que isto seja verdade, por duas razões.
Primeiro, e mais importante, porque Catalina tem sido o grande apoio dos jovens que testemunham pela acusação no julgamento em curso. E de apoio precisam eles. Foram vítimas de crimes horrorosos, o que está fora de dúvida. Têm sido alvo de múltiplas e às vezes ferozes pressões para se calarem. E a lentidão do processo, com todas as chicanas utilizadas (lembram-se das célebres declarações para memória futura, que nunca se concretizaram?), poria os nervos em franja a qualquer um. Não admira que vários desses jovens vivam há anos numa situação psicológica de grave instabilidade, que já levou a tentativas de suicídio. Ninguém pode garantir que tudo o que os rapazes dizem seja verdade - nem pode garantir o contrário, que seja tudo mentira. Mas uma coisa é certa o Estado é responsável pela tragédia destas vidas, que estavam a seu cargo. Tem agora obrigação de, pelo menos, não fragilizar ainda mais os jovens envolvidos no processo, retirando-lhes o seu principal apoio.
Depois, afastar Catalina Pestana em pleno julgamento é uma enorme insensatez política, porque a decisão será vista como uma vingança do PS. Este processo incomodou altas figuras socialistas, tornando Catalina Pestana - que até é de esquerda! - malvista no partido. Pior não faltará quem interprete o afastamento de Catalina como uma maneira de perturbar o julgamento. O Governo diz que estão a ser cumpridas todas as leis quanto à provedora. Mas a actual indefinição não contribui para um julgamento sereno. O problema não é jurídico. É moral e político.

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

A RIA É UM DESAFIO

A RIA DE AVEIRO
É UM DESAFIO CONSTANTE Uma tarde amena é sempre um motivo forte para deixar tudo e correr para a beira-ria. Hoje à tarde foi assim e não faltou gente atraída pela laguna aveirense, ali na Costa Nova.
O fresquinho da maresia foi um regalo para muitos. O feriado foi bem aproveitado por muitos, pois o 5 de Outubro, implantação da República, pouco ou nada diz ao comum das pessoas.

CELEBRAÇÃO DA REPÚBLICA

Discurso do Presidente Jorge Sampaio
Celebramos hoje o dia em que um movimento nacional quis erguer no nosso país um regime dos cidadãos e para os cidadãos, um regime republicano. O dia da República, em que celebramos esse gesto fundador de 1910, é dia de regresso aos valores políticos permanentes em que assenta o nosso regime, para à sua luz reflectirmos, em conjunto, sobre os nossos problemas e a melhor forma de os resolver. É o dia, em suma, de exame de consciência do funcionamento das nossas instituições democráticas. A República foi, é, tem de ser, o único regime em que a sociedade civil se institucionaliza para defender o bem comum, por oposição aos regimes de dominação pessoal e aos regimes oligárquicos, nos quais o poder se organiza para impor os interesses de um déspota ou de uma minoria. Por isso o Estado republicano não é separável da comunidade política, pois o Estado é o conjunto dos cidadãos. Esse princípio deve ser respeitado não só por quem exerce as responsabilidades do poder, e está obrigado, pela ética republicana, a servir apenas o interesse público, mas também por cada cidadão, que detém uma parte do poder político e partilha uma responsabilidade comum na defesa do interesse geral. Os valores republicanos, em que assentam a democracia portuguesa e o conjunto das democracias representativas, permanecem actuais. A liberdade, a igualdade e a fraternidade são os marcos que definem o quadro essencial da nossa acção política. Sem esses valores, ficam prejudicadas as razões profundas que nos levam a querer viver em conjunto e a partilhar os objectivos comuns que nos identificam como Portugueses. A liberdade, a igualdade e a fraternidade afirmam-se hoje de novo no mundo, mas, ao mesmo tempo que se afirmam, são atacadas com violência. Não tenho dúvidas de que há lugar, no espaço público português para uma expressão mais forte desses valores, traduzidos, contemporaneamente, em direitos de cidadania.
(Para ler todo o discurso, clique aqui e vá para actualidade presidencial)