terça-feira, 26 de julho de 2005

Um artigo de António Rego, na Ecclesia

Posted by Picasa António Rego As nossas terras
Terra de emigração, cais de saída durante muitas décadas, escoamento cruel das nossas melhores energias e afectos, quase mendigos de estranja, rapidamente sub-alugámos aquilo que melhor iludia o sonho e justificava o salto. Eis-nos, agora, a vigiar as nossas fronteiras para que outros não ousem o que nós ousámos, nem nos perturbem como eventualmente perturbámos os outros. Irónica esta troca de tabuleiro, terreno demarcado de defesa acérrima quando nos pertence, e de coragem de invasão quando entramos em terra estrangeira.
Cada estrangeiro que entra em Portugal como imigrante, representa dez portugueses que fizeram e fazem exactamente o mesmo noutros países. Ou seja, somos pelo menos, dez vezes mais invasores que invadidos. Esta é a verdade que precisa ser olhada com justiça mas também em tom de humanidade que nenhuma lei expressa. É verdade que vivemos outros tempos, que os portugueses nunca lançaram bombas onde quer que fosse que, como emigrantes, somos um povo pacífico, digno e trabalhador como primeira definição. Mas não se pode apagar a história das permutas económicas, sociais e culturais que os fenómenos migratórios provocam. Possivelmente são o sintoma mais visível da expressão que alguns julgam pusilânime: primeiro a pessoa, depois a pátria. Aqui, diga-se, ninguém como a Igreja – perita em humanidade – faz da teoria e da prática uma única realidade. Nos tempos de vacas gordas ou magras, num “Egipto” governado por faraó ou por José, filho do velho Jacob.
Faz-nos bem subir a um miradouro e ver a terra para além do nosso quintal. E a história para além das nossas histórias. E no Verão, recapitulamos estes contactos duplos com gente da nossa terra... e de outras terras que vivem na nossa.

DIA DOS AVÓS

Posted by Picasa
Procuremos estar hoje
um pouco mais com os nossos avós
Celebra-se hoje o Dia dos Avós. Será para muitos um Dia como outro qualquer; para alguns, e espero que para a maioria, será um motivo para olharem, com mais ternura, para os seus avós. Para muitos outros, este será um Dia para recordarem os seus avós, que, cumprindo a sua missão na Terra, de amor, de trabalho e de dedicação à família, voltaram para Deus, segundo a fé dos crentes. Há dias ouvi e li que é nas férias que certas famílias mais abandonam os seus idosos. Partem para gozarem dias de descanso, algures longe dos seus locais de trabalho e de inquietações, e esquecem-se dos seus familiares mais velhos, como se eles fossem “coisas” sem interesse e sem sentimentos. Sempre senti que os avós continuam a ser, enquanto vivos, um papel preponderante na sociedade, já que são livros abertos cheios de saberes de experiência feitos. Livros abertos e sempre disponíveis para nos ensinarem e para nos enriquecerem a todos os níveis, sobretudo espiritualmente. Ouvi-los, em especial, é ajudá-los a reviver vidas cheias de trabalho, de canseiras, de lutas e de sofrimentos, que eles partilham connosco, normalmente com tanta expressividade. Por isso, neste Dia dos Avós, apetece-me sugerir aos meus leitores que, para além das flores e das lembranças que decerto lhes vão oferecer, tenham algum tempo para os ouvir e para lhes dizerem e para lhes mostrarem que os amam. Eu sei que a vida nos obriga a ritmos de trabalho que nos dispersam e nos levam, por vezes, a esquecer os que nos estão mais próximos. Mas também é verdade que haverá sempre uns momentos que nos permitem sentir que temos a obrigação de amar os nossos avós, como membros indispensáveis de qualquer família que se preze. Os nossos avós, como outros familiares, são, com certeza, para além da fonte de saberes, um extraordinário repositório de valores que enformam a nossa vida. Quem não recorda, com saudade, os avós que já nos deixaram e os testemunhos que nos legaram e que ainda hoje preservamos? Por isso, deixemos, neste dia, um pouco o que nos preocupa e procuremos estar com os nossos avós, especialmente para os ouvir. E se eles já foram para Deus, dediquemos-lhes uma simples mas sentida oração. Deus não deixará de nos atender. Fernando Martins

COLÓQUIO EUROPEU DE PARÓQUIAS

Posted by Picasa Igreja plural não deve temer um futuro pluralista
Reunidos de 17 a 22 de Julho em Erfurt, capital da Turíngia, no interior da Alemanha Orienta ainda há 15 anos dominada por um regime fechado e totalitário, representantes de paróquias da maioria dos países europeus – entre os quais 13 portugueses de 5 dioceses - reuniram-se na 23ª edição do Colóquio Europeu de Paróquias. O documento do Concílio Vaticano II “Gaudium et Spes” serviu de base e o grande tema foi “Com alegria e esperança num futuro pluralista”.
“A Igreja não pode manifestar melhor a sua solidariedade e amor para com a família humana na qual está inserida, do que estabelecendo com ela diálogo sobre os vários problemas, aportando a luz do Evangelho e pondo à disposição do género humano as energias salvadoras que a Igreja, conduzida pelo Espírito Santo, recebe do seu fundador.” GS 3).
Partindo da Gaudium et Spes (A Igreja no mundo Contemporâneo), cujo 40º Aniversário quisemos celebrar, os 220 participantes do Colóquio, oriundos de 17 países Europeus entre os quais a Polónia, A República Checa, a Eslováquia, a Eslovénia, a Hungria, a Roménia, Ucrânia, Lituânia, Rússia, além de todos os países da Europa Ocidental, orientados pelos peritos permanentes e ainda Franz-Georg Friemel – Professor de Teologia em Erfurt, procuraram tomar consciência da realidade do mundo contemporâneo, suas alegrias e preocupações, numa sociedade pluralista e globalizada.
A leitura teológico-social destas realidades, apresentada pelos peritos, levou os participantes a entender, à luz da doutrina da Igreja, causas e consequências e a interrogar-se sobre o lugar das paróquias e dos cristãos no devir da sociedade. Definidos critérios de actuação, tendo feito experiência de contactos com pessoas de origens diferentes nos grupos de trabalho, tendo tomado contacto com paróquias que viveram décadas sob o regime comunista, tendo participado na oração ecuménica numa Comunidade luterana de Erfurt, perguntar-se-á: Que elementos novos se colheram de todas estas experiências? Que se impõe mudar na nossa acção eclesial?
(Para ler todo o documento, clique ECCLESIA)

segunda-feira, 25 de julho de 2005

Renascença: rádio católica de fronteira

Presidente do Conselho de Gerência olha os canais da Rádio Renascença e aponta projectos do Grupo
Agência Ecclesia - Com que atitude assumiu a liderança do Grupo Renascença?
Cón. João Aguiar Campos – Primeiro com surpresa. Não fazia parte do meu projecto de vida abandonar a Arquidiocese de Braga nem o Diário do Minho, onde entrei há 8 anos (depois de uma passagem pela RR). Surpresa porque me obrigava a deixar o jornal e surpresa porque, fundamentalmente, não me via a presidir a um Conselho de Gerência num Grupo com a responsabilidade que este comporta. Ainda uma outra surpresa, essa pessoal em razão da idade: costumo dizer que para a vim para Lisboa em contra-ciclo. Estou às portas dos 56 anos e, nessa altura, quem está nas cidades e é da aldeia, normalmente procura ao berço e eu dei comigo a pensar: “é agora que sais de mais perto do berço e vais para Lisboa, readaptando-te à vida da cidade…”Depois, pensei que em Igreja temos realmente de responder às surpresas dos desafios que se nos deparam… Depois de algumas reticências… disse sim.
AE – Foi um sim missionário?
JAC – De certeza que foi um sim missionário. Faço algum sacrifício pessoal, mas sobretudo atendendo à minha vida familiar: tenho os pais idosos, o meu pai já ultrapassou os 90 anos de idade, graças a Deus, a minha mãe para lá caminha, as saúdes, nesta idade, não são as melhores, e os pais têm sempre (principalmente quando não há filhas na famílias, mas 6 rapazes) a expectativa que, se têm um padre, ele porventura seja o mais disponível para acorrer às dificuldades de cada dia. E esse entrave afectivo demorou algum tempo a resolver e necessitou de alguma diplomacia familiar.
(Para ler toda a entrevista, clique ECCLESIA)

Um artigo de João César das Neves, no DN

Em verdade, em verdade vos digo
Que se pode ainda dizer que comova este tempo? Numa época que já ouviu tudo, que já disse tudo, que tolera tudo, é difícil existir algo que a desperte. A não ser, talvez "Eu vim a este mundo para proceder a um juízo: de modo que os que não vêem vejam, e os que vêem fiquem cegos" (Jo 9, 39).
Vem isto a propósito da estreia recente do filme Evangelho segundo S. João de Philip Saville. Nos 110 anos de História do Cinema houve muitas adaptações da vida de Cristo, a primeira logo em 1897 pelo pioneiro Louis Lumière. Mas nunca ninguém tentara este feito uma apresentação exclusiva e completa do Quarto Evangelho.
Perante a provocação eminente que é o Novo Testamento, o impulso para elaborar, interpretar e comentar é grande. Os realizadores, dos devotos aos blasfemos, acabam sempre por dar uma visão pessoal, que tantas vezes se impõe ao texto. Isto é evidente até pelo facto de a maioria enveredar por uma combinação dos quatro relatos, seleccionando episódios. Apenas dois filmes clássicos se limitaram a um dos livros Il Vangelo secondo Matteo de Pier Paolo Pasolini (1964) e Jesus the Film de John Krish e Peter Sykes (1979), centrado em Lucas. Mas o texto de João, com os longos discursos, foi sempre considerado demasiado místico e retórico para adaptação.
(Ler todo o artigo em DN)

Vaticano pede turismo solidário e para todos

O secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI) defendeu que o turismo tem de ser “social, sustentável e solidário”
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Num artigo escrito para a edição dominical do Osservatore Romano, D. Agostino Marchetto afirma que a oferta turística não se deve orientar “só para os que têm maiores recursos económicos”.
Retomando as ideias centrais da mensagem para o Dia Mundial do Turismo, enviada na semana passada em nome de Bento XVI pelo Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado Vaticano, o Arcebispo Marchetto assegura que o apelo a um “turismo popular e economicamente sustentável” nasce da “opção da Igreja pela caridade”.“Tem de se conseguir que um número cada vez maior de pessoas, também nos países pobres, tenha acesso ao uso dos meios de transporte para gozar de um pouco de tempo de descanso, como disse o Papa nas suas férias no Vale de Aosta”, escreve secretário do CPPMI.
“Quando propomos um turismo social, queremos olhar em primeiro lugar ao bem comum tanto dos que acolhem os turistas como dos próprios turistas, e assim se vai realizando o sonho de um turismo sem fronteiras, que poderá contribuir paraa criar um futuro melhor para a humanidade”, acrescenta.
Na Mensagem para o Dia Mundial do Turismo, que se celebrará a 27 de Setembro de 2005, Bento XVI defendeu que o sonho de um turismo “sem fronteiras” deve ajudar a criar “um futuro melhor para a humanidade”, sublinhando as exigências éticas que devem estar por detrás desta actividade.
“É importante que todos os que têm responsabilidade neste âmbito (o turismo) – políticos e legisladores, homens de governo e do mundo financeiro – se empenhem em favorecer o encontro pacífico entre as populações, garantindo segurança e facilidade de comunicação”, pode ler-se no documento.
As questões de ética têm merecido atenção especial por parte do Vaticano. No último Congresso Mundial sobre a Pastoral do Turismo, organizado pelo Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, os participantes manifestaram o desejo de que “os Governos procedam a dar mais ajuda no que concerne à formação moral e humana das pessoas empenhadas no turismo, tendo também em conta as necessidades pastorais”. Um dos instrumentos apresentados para este fim foi o Código Ético Mundial para o Turismo, que a Organização Mundial do Turismo (OMT) provou e que já inspirou a legislação de alguns países.
O Código destaca a contribuição do turismo para o entendimento e o respeito mútuo entre as pessoas e as sociedades. Actividade associada ao descanso, à diversão, à cultura e à natureza, o turismo “deve conceber-se e praticar-se como um meio privilegiado para o desenvolvimento individual e colectivo”, sublinha o documento. Por último, ainda sobre a aplicação dos princípios enunciados no Código, apresenta-se a proposta de um “Comité Mundial de Ética do Turismo”.
Fonte: ECCLESIA

Aveiro: Universidade lidera investigação

Posted by Picasa Aveiro: Um aspecto da UA
O “PÚBLICO” divulga hoje o ranking das Universidades, a partir de um estudo do ex-reitor da Universidade Nova Luís Sousa Lobo. E por ele se fica a saber o que não será novidade para muita gente: A Universidade de Aveiro (UA) lidera o ranking ao nível da produção científica internacional, mostrando grandes desníveis entre instituições. A UA, sublinha o estudo, está claramente à frente no número de artigos científicos publicados por cada docente de carreira (cerca de 1,5 por ano), seguindo-se as Universidades do Algarve, do Porto e Técnica de Lisboa (com cerca de 0,8 artigos por docente por ano em revistas internacionais). O autor do estudo adiantou ao “PÚBLICO” que o ranking agora divulgado permitirá, a prazo, “comparar departamentos homólogos e conhecer o seu trabalho com mais precisão”. Claro que não hão-de faltar protestos de outras Universidades, mas a verdade é que os artigos científicos divulgados internacionalmente não enganam ninguém: foram publicados 612 trabalhos por 399 docentes. Os nossos parabéns. F.M.

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