domingo, 19 de junho de 2005

Marcelo Rebelo de Sousa: “Os poemas da minha vida”

Posted by Hello Poemas do tempo em que viveu e vive
É-me sempre agradável apreciar a escolha de poemas feita seja por quem for. Como que sinto a sensibilidade e a alma de quem opta por este autor, por este ou por aquele poema. Foi assim, desta feita, com “Os poemas da minha vida”, de Marcelo Rebelo de Sousa, livro editado pelo “PÚBLICO”. Marcelo Rebelo de Sousa diz, no texto introdutório, que se decidiu por escolher poemas e poetas portugueses contemporâneos, do seu tempo. “Do tempo que vivi e vivo”, referiu. Logo depois admite que terá ficado uma selecção “decepcionante” do seu “tão significativo passado”, passado esse que nunca esquece. Ainda assim, diz que escolheu “o presente e o futuro”, na linha do seu “modo de ser”. Por esta selecção de Marcelo passam poetas de Língua Portuguesa dos anos 50, 60, 70, 80 e 90, até hoje, que também proporcionam ao leitor, que gosta de poesia, momentos de encantamento.
O meu voto é que nas férias que se avizinham muitos aproveitem para cultivar o espírito, na certeza de que o corpo também lucrará. F.M.
Duas escolhas
de Marcelo Rebelo de Sousa
ORAÇÃO PRIMEIRA Senhor, de joelhos, a Teus pés, sinto que Te ajoelhavas a meu lado e comigo rezavas. Foi assim um bocado. Não tive frases bonitas, nem tessituras críticas. Disse apenas: estou enamorado! Disseste, depois, que sim quando, por melhor, achei dizer que Te amava em Tua Mãe. Que é minha, também, Deus louvado!
Ruy Cinatti (1915 – 1986)
AS MÃOS Com mãos se faz a paz se faz a guerra. Com mãos tudo se faz e se desfaz. Com mãos se faz o poema – e são de terra. Com mãos se faz a guerra – e são a paz. Com mãos se rasga o mar. Com mãos de lavra. Não são de pedra estas casas mas de mãos. E estão no fruto e na palavra as mãos que são o canto e são as armas. E cravam-se no Tempo como farpas as mãos que vês nas coisas transformadas. Folhas que vão no vento: verdes harpas. De mãos é cada flor cada cidade. Ninguém pode vencer estas espadas: nas tuas mãos começa a liberdade. Manuel Alegre (1936)

1700 ATROPELAMENTOS POR ANO

Criança-peão
Em Portugal, em média, são atropeladas por ano cerca de 1700 crianças com menos de 14 anos (dados relativos ao período 1999-2002). Estes atropelamentos causam anualmente 23 mortos e 215 feridos graves. Alguns dos feridos graves ficam com deficiências para toda a vida. A segurança da criança enquanto peão é um problema complexo e o controle e diminuição do número de vítimas exige a intervenção e o esforço coordenado de pais, condutores, câmaras municipais, governo e autoridades. Para saber mais sobre esta problemática, visite o site da APSI, Associação para a Promoção da Segurança Infantil.

Um artigo de Luís Miguel Viana, no DN

Pássaro ou rosa ou mar
Lembrei-me nos dias que se seguiram à morte de Eugénio de Andrade do seu sorriso, vaidoso e suave, quando recebeu o Prémio Vida Literária com que a Associação Portuguesa de Escritores o distinguiu. "Aceito", disse ele, "como quem recebe um ramo de flores."
Eugénio sempre gostou muito de flores. Recordo-me dele há 15 anos, fotografado para o Público, a esparramar-se pela verdura da Póvoa da Atalaia, sua terra natal, no concelho do Fundão. Foi assim que apareceu, deitado na erva, de costas, afogado em malmequeres, risonho, a rebolar-se como um gato.
"Sou um homem do Sul, tenho de repeti-lo", escreveu um dia, para que a sua matriz meridional não se diluísse na relação que dedicou ao Porto. Conheceu-o em dois ou três dias distantes em que amigos lhe mostraram o mar da Foz, a Cantareira, o "cabedelo de oiro" que Raul Brandão disse ter conservado sempre na retina. Foi com a Sophia de Mello Breyner que passou uma tarde nos jardins abandonados da Quinta do Campo Alegre. E conheceu o negrilho da Cordoaria, as tílias do Palácio, as magnólias de S. Lázaro, o jacarandá e o cedro glauco do Largo de Viriato. O Porto, portanto "Esta é a luz que gostaria de levar nos olhos quando morrer - a luz do mar da Foz, atravessada por duas ou três gaivotas."
Se há marca que identifica a poesia de Eugénio é o seu intenso lirismo, a forma fluida e cantante como os sentimentos surgem e longamente se espraiam. "Pássaro ou rosa ou mar,/ tudo é ardor, tudo é amor." Foi um poeta do amor. "Nunca o amor encontrou em Portugal uma voz tão subtil e apaixonadamente imaginativa", disse dele Ramos Rosa. É uma poesia macia, muito doce, coleante, quase táctil "Vê como o Verão/ subitamente/ se faz água no teu peito/ e a noite se faz barco/ e a minha mão marinheiro."
A sua escrita, de tão luminosa, de tão directa, parece fácil. Ou melhor parece que diz pouco, porque se percebe tudo, porque as palavras estão mesmo no sítio onde se espera que estejam, porque encontramos em cada verso exactamente o que o anterior fazia desejar. Não haja ilusões, porém: nada é mais difícil do que atingir os privilégios da simplicidade, do que comunicar em dois versos. É um esforço imenso trabalhar as palavras, escorrê-las, moldar o seu metal. "As palavras mordendo a solidão,/ atravessadas de alegria e de terror,/ são a grande razão, a única razão."
Boa viagem, Eugénio.

POSTAL ILUSTRADO

Posted by Hello The end of the day: foto de Crixtina (Para ver mais, clique aqui)

sábado, 18 de junho de 2005

Cristiano Ronaldo emocionado com recepção em Díli

O futebolista internacional português Cristiano Ronaldo, que hoje visitou a capital de Timor-Leste durante cinco horas, emocionou-se com a recepção entusiástica de que foi alvo por mais de 20 mil pessoas no Estádio Municipal de Díli. Este foi o ponto mais alto da curta estada do jovem futebolista português do Manchester United, que arrastou atrás de si milhares de pessoas.A entrada no estádio foi feita na companhia do Presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, que funcionou como um "livre-trânsito" que ajudou a vencer a barreira formada por centenas de pessoas aglomeradas junto ao portão de acesso à bancada, enquanto no interior mais de 20 mil pessoas gritavam o seu nome.
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Sampaio defende necessidade de Portugal manter espírito tolerante

O Presidente da República, Jorge Sampaio, defendeu hoje, no bairro da Cova da Moura, Amadora, que é fundamental que o espírito tolerante de Portugal se mantenha. "Portugal orgulha-se de ser um país tolerante. Tal como no passado outros países acolheram os nossos emigrantes, nós recebemos outros povos e outras culturas ao longo de 30 anos de democracia", disse o Presidente no âmbito de uma visita ao bairro, no mesmo dia em que está marcada uma manifestação de extrema-direita.
"Não vamos dar guarida a demagogias, xenofobias, ao racismo", disse ainda Jorge Sampaio, falando na abertura de um "workshop" sobre requalificação urbana do bairro.O Chefe de Estado afirmou igualmente ser necessário "punir quem se julga acima da lei ou quem a viola sem derivas securitárias ou falsas soluções pretensamente patrióticas".
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A DEMOCRACIA tem de combater o racismo e a xenofobia

Realizou-se em Lisboa, hoje, uma manifestação, autorizada pelo Governo Civil, de organizações da Direita radical, de orientação racista e xenófoba. Um Estado democrático, à partida, deve conceder a toda a gente o direito de manifestação, de associação e de expressão, sob pena de negar a sua essência, que é a liberdade de todos os cidadãos, no respeito pelas regras da sã convivência. No entanto, a liberdade de cada um ou de grupos não pode ferir a liberdade dos outros. Isto é, pessoas ou associações que combatem ou agridem essas regras, no dia-a-dia, não podem ter liberdade de acção, porque se tornam perigosas para a sociedade, em geral. De qualquer modo, todos os indivíduos que estão nessas circunstâncias devem ter algumas oportunidades para dizerem o que pensam, cabendo ao Estado e aos cidadãos democratas a obrigação de procurarem esclarecer os pouco dados à democracia, sempre com uma preocupação pedagógica. Ninguém nasce ensinado e há gente que precisa de ser esclarecida. No mundo em que vivemos, marcado por uma globalização que nos torna partícipes da aldeia universal, onde todos os homens e mulheres são iguais, independentemente da cor da pele e das suas convicções religiosas, políticas, culturais e sociais, urge apostar na educação e na formação das pessoas, no sentido de respeitarem os diferentes. Portugal, que foi desde a fundação um país de emigrantes, sendo-o ainda hoje, passou, nos últimos tempos, também a país de imigrantes, situação esta que se torna necessária à sobrevivência da nossa economia, conforme sublinhámos em texto publicado esta semana. Sendo assim, e porque temos mais emigrantes do que imigrantes, importa esclarecer que todos têm direito a uma vida digna. Mais: é preciso dizer que, assim como gostamos que tratem bem os nossos compatriotas no estrangeiro, assim devemos tratar os que escolheram Portugal para viver e para trabalhar. No nosso País, há portugueses de várias raças, devendo todos ser respeitados como iguais. Os portugueses nunca foram só brancos, mas infelizmente há muitos que esquecem esta verdade tão simples. Fernando Martins