Deixa-te estar na minha vida
Como um navio sobre o mar
Se o vento sopra e rasga as velas
E a noite é gélida e comprida
E a voz ecoa das procelas
Deixa-te estar na minha vida
Erguem-se as ondas, mãos de espuma
Aos céus em cólera incontida
E o ar se tolda e cresce a bruma
Deixa-te estar na minha vida
À praia um dia, erma e esquecida
Hei, com amor de te levar
Deixa-te estar na minha vida
Como um navio sobre o mar
Cabral do Nascimento
In "366 poemas que falam de amor",
uma antologia organizada por Vasco Graça Moura