O problema dos abusos sexuais de menores e adultos fragilizados na Igreja, mas não só, volta à cena depois das notícias oriundas de França sobre o tema. É um assunto delicado e complexo, mas dele não podemos fugir nem assobiar para o lado. Todos sabemos, contudo, que a pedofilia e outros crimes semelhantes existem na sociedade, na Igreja e fora dela, mas não estão à vista. Quem os comete tem sabido esconder os abusos sexuais, talvez na convicção de que nunca serão conhecidos, mas é sabido que, por mais graves ou insólitos que sejam, mais tarde ou mais cedo saltarão para a luz do dia. Cardeais, bispos, padres e leigos com responsabilidades nas estruturas eclesiais têm sido acusados um pouco por todo o mundo. E como é óbvio, também em Portugal já houve casos e, que me lembre, uma ou outra condenação.
Sobre o que se tem passado neste âmbito, sei apenas o que leio na comunicação social, com parangonas em caixa alta para haver mais visibilidade, mas daí a ter uma ideia concreta do que realmente existe no nosso país vai uma grande distância. Repito: Fala-se da Igreja, das famílias, das instituições, das escolas, etc. E se se fala, urge que se investigue, não apenas na Igreja, mas em todas as estruturas sociais. É claro que a Igreja, pela sua natureza e missão, tem responsabilidades acrescidas, pelo que deve, por isso, pôr o assunto nas mãos de comissões independentes, para não suscitarem quaisquer dúvidas.
Fernando Martins