quinta-feira, 19 de março de 2020

UM RAMO DE FLORES SOBRE A NOSSA REGIÃO


VAGA A ORIGEM, FUTURO INCERTO


Ur-Mesopomâmia, talvez a origem...
Talvez a origem dos barcos moliceiros.
Talvez Tartessos dos velhos marinheiros,
Névoas de génese que não me afligem.

Mais me atormenta o porto da viagem,
O passado recente das Gafanhas, Murtosas,
Os painéis e legendas, ingénuos, escabrosas,
Cisnes, patos bravos, maçaricos, miragens.

O chiste, os pés doridos, a vela, a gaivota,
Moliço, maresia, o lodo e o patacho,
Ancinho na lama mole... Mas eu acho
Que tão vária imagem meus sonhos enxota.

Como a um bando de belos flamingos
Tão leves, esbeltos, talvez comendo crico.
E as viagens-miragens passam e eu fico
A cismar no futuro... desses barcos lindos.

O. L. 

Timoneiro, Janeiro de 1989

NOTA: Reedito este poema de O. L., julgo que iniciais do meu amigo Oliveiros Louro, cujos escritos, nomeadamente poemas, bastante aprecio, mas cuja modéstia o leva a guardar nas gavetas a sua arte. 

1 comentário:

  1. Maria Donzília Almeida22/03/2020, 13:14:00

    Lindíssimo este poema do Oliveiros Louro! Conheço o autor, meu amigo, colega e conterrâneo.Trabalhámos no livro "Língua e Costumes", mas não lhe conhecia esta vertente lírica. Concordo com o Professor, que a modéstia oculta, muitas vezes verdadeiros talentos. O Oliveiros Louro é um deles.

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