No domingo, 16 de julho, no Santuário de Schoenstatt, na Eucaristia das 18 horas, foi evocada a fundação da Obra das Famílias, que ocorreu há 75 anos, numa época em que, na Igreja Católica, não havia atividades para casais. «No próprio Movimento, as pessoas casadas só podiam integrar-se separadamente: o marido no ramo dos homens e as mulheres no ramo das mães.» Isto mesmo foi lembrado antes de se iniciar a celebração eucarística para situar a realidade humana e eclesial daquele tempo.
No mesmo texto, salienta-se que o fundador do Movimento de Schoenstatt, Padre Kentenich, sentia que faltava «uma estrutura que pudesse ajudar cada casal a crescer», no sentido de os esposos serem mais santos. «Ele estava convicto de que uma nova sociedade humana e um novo tipo de homem passavam pela criação e multiplicação de sólidas famílias schoenstattianas», foi também frisado na abertura da celebração.
A missa foi presidia pelo padre Carlos Alberto Pereira de Sousa, dos Padres de Schoenstatt, que à homilia recordou os passos dados pelo Fundador, no sentido de levar por diante a sua iniciativa de criar a Obra das Famílias, precisamente na altura em que estava preso no Campo de Concentração de Daschau, por se opor ao nazismo. «O momento-chave deu-se a 16 de julho de 1942, às 16 horas, na barraca número 14 (…), quando o Padre Kentenich conversou com Frederico Kühr sobre a possibilidade de iniciar um instituto de famílias». Foi precisamente esta data que foi evocada pela Obra das Famílias, nascida num campo de concentração nazi.
Quando o Movimento se instalou entre nós, com a abertura do saudoso Padre Domingos Rebelo à espiritualidade schoenstattiana, preconizando a vinda do também saudoso Padre Miguel Lencastre para seu coadjutor, muitas pessoas da nossa paróquia e da região aderiram aos ensinamentos do Padre Kentenich. E a partir daí, assumiram o culto à Mãe e Rainha, aceitaram o Santuário como espaço «onde é bom estar» e lugar de oração e de meditação, tendo como horizontes a construção de um «homem novo para uma nova sociedade».
A semente schoenstattiana germinou e irradiou por terras e gentes, tendo como um dos seus princípios básicos estimular a participação dos seus membros nas mais diversas tarefas eclesiais das paróquias e dioceses.
A Obra das Famílias surgiu com toda a naturalidade entre nós, mantendo viva a chama e a luz que aquece e ilumina os caminhos matrimoniais de muitos casais. E isso mesmo constatámos no domingo, 16 de julho, dia da fundação da Obra das Famílias, no longínquo ano de 1942, quando reencontrámos casais que não víamos há bom anos.
Fernando Martins