quinta-feira, 25 de abril de 2013

A liberdade pode ser pintada de todas as cores


A liberdade de ser… 
Sónia Neves 
Agência Ecclesia 

As primeiras vezes que ouvi falar na palavra liberdade foi em jeito de recordação… Na minha cidade de Aveiro realizou-se o primeiro Congresso Republicano, em oposição ao regime do Estado Novo. 
Não percebia bem o que era ser livre mas lembro-me de os meus avós contarem a agitação subtil, quase misteriosa, de uma ida a um congresso destes, num teatro conhecido da cidade. 
“Não tínhamos liberdade para nada, havia medo e não nos deixavam falar. Íamos de fugida!”. 
Aquela frase encerrava toda a minha primeira noção de liberdade. Eram longas as conversas a querer saber mais, onde a minha curiosidade se alinhava à vontade de agora falar do que passaram “noutros tempos”, como diziam. 
Hoje pergunto-me o que é isso de liberdade? 
Gosto da palavra, da forma como soa e dos valores que traz atracados. A liberdade é encarada numa forma extrema de “se fazer o que quiser” mas não a vejo assim. O dicionário diz que é o “direito de proceder conforme nos pareça, contando que esse direito não vá contra o direito de outrem”. 
Acredito, mas vejo a liberdade de formas várias.



Encontro liberdade naqueles que procuram fazer o bem e estar ao serviço dos outros, como o caso dos vicentinos, que esta semana celebraram o bicentenário de nascimento do seu fundador, Frederico Ozanam. 
Há liberdade nas palavras de ânimo do evangelho de domingo, o Bom Pastor, a liberdade que cada crente tem de seguir a Deus. Foi ainda este o domingo escolhido para encerrar a semana das vocações, a verdadeira liberdade, como assim entendo. A profissão, cada um é livre de escolher a que quer, mas a vocação é mais do que isso, é a verdadeira liberdade depois da escolha, o sentimento de satisfação que leva cada um a traçar o caminho da felicidade. 
Não posso deixar de associar a liberdade ao clima, (parece despropositado), mas a primavera chegou com o seu vigor só esta semana que antecede o feriado aprumado à liberdade. O sol raiou quente e o vento amainou trazendo a liberdade nos passeios, nas idas à praia, num gelado no jardim ou simplesmente num sorriso na ida para o trabalho. 
Também é no Amor que a liberdade se torna presente, nos mais pequenos momentos que podem parecer grandes, a liberdade de estar, de ser quem é, de “rir com uma rapariga”, como dizia o jornalista e escritor Miguel Esteves Cardoso, nas páginas de um jornal neste domingo. Na roda gigante que é o Amor, a liberdade terá de andar sempre de mãos dadas. 
A liberdade pode ser pintada de todas as cores mas vejo-a sempre em harmonia, numa forma de estar bem comigo e com os outros… Sou livre porque tenho um sorriso na cara e acredito no que o Papa Francisco dizia: "Nunca sejais homens e mulheres tristes: um cristão não o pode ser jamais!" 

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