«A estação de caminhos-de-ferro de São Bento, no Porto, foi
referenciada pela edição da Internet da revista norte-americana Travel+Leisure,
como uma das "16 estações mais bonitas do mundo", lista onde também
figura a estação de Maputo, em Moçambique.
A revista de turismo e lazer, que afirma ter 4,8 milhões de
leitores, destaca na estação de São Bento os painéis de azulejos da entrada:
"Se o exterior é certamente bonito -- e traz-nos à memória a arquitectura
parisiense do século XIX, com o seu telhado de mansarda e a frontaria de pedra,
é o átrio principal que o fará engolir em seco. As paredes estão cobertas por
20.000 esplêndidos azulejos, que levaram 11 anos para o artista Jorge Colaço
completar."
A listagem inclui, entre outras, a neoclássica Gare du Nord,
em Paris, os jardins interiores de Atocha, em Madrid, as modernas estações de
Kanazawa, no Japão, e de Melbourne, na Austrália, o terminal Arte Nova do
Expresso do Oriente, em Istambul, ou a belíssima estação neogótica de S.
Pancras, em Londres.
A estação de Maputo, dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique, é
a única do continente africano a figurar na lista. O artigo da revista
Travel+Leisure destaca os exteriores "verdejantes", a "larga
cúpula" e o trabalho intrincado do aço que fazem do edifício "uma
inesperada, mesmo que modesta, beleza". A estação, construída entre 1913 e
1916, é erradamente referenciada como podendo ter sido desenhada por Gustave
Eiffel, já que é dos arquitectos portugueses Alfredo Augusto Lisboa de Lima,
Mário Veiga e Ferreira da Costa.
A gare de São Bento que se ergue no local onde se encontrava
o mosteiro de São Bento da Avé Maria, e está classificada como Património da
Humanidade, foi construída após se vencer a difícil tarefa de prolongar a linha
que terminava em Campanhã, através dos túneis da Quinta da China, do Monte do
Seminário e das Fontaínhas, que ficou concluído em 1896. O projecto da estação
só viria ser aprovado em 1900, ano em que os reis D. Carlos e D. Amélia
presidiram ao início das obras, que terminariam 16 anos depois.
O projecto de decoração da gare em azulejos de Jorge Colaço
foi adjudicado em 1905 pela quantia de 22 mil réis, considerada muito elevada
para a altura. Os painéis, assentados em 1915, representam cenas da história de
Portugal, como Egas Moniz perante o rei de Leão, o casamento de D. João I, a
conquista de Ceuta, temas de etnografia do Minho e do Douro, figuras simbólicas
e no friso superior é mesmo retratada a evolução dos transportes.»
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