quinta-feira, 17 de maio de 2012

Os meus alfaiates no Dia do Alfaiate



António Redondo


Celebra-se hoje, 17, o Dia do Alfaiate. Pelos aprendizes  e por outros eram tratados como mestres, porque ensinavam a arte de talhar, provar e de acabar, com esmero, os casacos, calças, samarras e sobretudos. Tinham mais trabalho na altura das festas, exames e nas mudanças de estação, mas ainda nos casamentos.
O pronto-a-vestir veio depois e tudo se tornou mais fácil. Surgindo a necessidade, ia-se a correr às lojas especializadas, que começaram a aparecer por todos os lados e nas feiras.
Recordo-me bem desses tempos e dos meus alfaiates, cujos nomes às vezes me escapam. Como é o caso do primeiro, que tinha o seu local de trabalho em frente à igreja da Gafanha da Nazaré. Penso que se chamava António e que em determinada altura foi trabalhar para a Metalomecânica de Aveiro.

Depois recorri ao alfaiate Manuel Vilarinho, um mestre de nomeada que virou industrial e por quem tive muita estima. A seguir o David Soares que emigrou para os EUA e, por fim, o António Redondo. Mais tarde recorri a um alfaiate de Pardilhó, Júlio de seu nome, que conhecia dos meus tempos de férias, já casado.
Tenho de todos boas lembranças, pela forma atenciosa como faziam os meus fatos. E já agora, permitam-me que lembre um acontecimento curioso.
Quando estive doente, de cama, ia, mês após mês, levado pelo Dr. Ribau, a um especialista de doenças pulmonares, Dr. Vieira Resende, a Aveiro. Um dia, recebida a ordem de marcha do meu médico, verifiquei que não tinha roupa que me servisse. Tinha engordado bastante. A minha saudosa mãe chama o Redondo para me fazer um fato. Adquirida a fazenda, forros e nem sei que mais, o Redondo tira as medidas e faz o fato, que foi submetido às três provas da praxe. Estava obra impecável. Entretanto, o meu médico foi adiando a ida a Aveiro e tempos depois, quando foi preciso vestir-me para seguir para a consulta, já o fato me não servia. Tive de ir com um casaco e uma gabardina do meu pai. E o Redondo lá teve que voltar ao princípio para eu poder usar o fato novo.
Frequentei outros, esporadicamente, que não me deixaram poucas saudade. O que me fez o fato do casamento, de Aveiro, tido como grande costureiro, fez as provas que quis e no dia do casamento, ao vestir o casaco, verifiquei que o botão não condizia com a sua casa. Valeu-me a minha madrinha Rosa, modista de fama, que logo ali, com a prontidão necessária, corrigiu o erro do alfaiate. 

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