Por Maria Donzília Almeida
MMI
Museu de Santa Joana
Pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM), foi criado o Dia
Internacional dos Museus, em 1977, que se comemora
no dia 18 de Maio. O intuito é sensibilizar o público para o papel
dos museus, no desenvolvimento da sociedade. Desde então, este acontecimento
tem beneficiado de uma popularidade crescente, sendo celebrado em todos os
continentes.
Para 2012, foi escolhido o tema: “MUSEUS NUM MUNDO DE MUDANÇA: Novos Desafios, Novas Inspirações”.
No dia 19 de maio, realiza-se a iniciativa
proposta em 2005, pelo Ministério da Cultura e da Comunicação de França, a Noite dos Museus. O IMC associa-se mais uma vez, a estas
comemorações: os museus e palácios estarão abertos gratuitamente, nestas
ocasiões – dia 18 entre as 10h00 e as 18h00 e no dia 19 a partir das 18 horas até
por volta da meia-noite – e proporcionarão a todos os visitantes um conjunto de
iniciativas muito diversificadas.
Muitos outros espaços
museológicos integrados na Rede Portuguesa de Museus aderem, igualmente, a estas
comemorações, oferecendo ao público de todas as regiões do continente e ilhas,
um leque de atividades.
Ao Departamento de Património Imaterial (DPI) do IMC compete
promover o estudo, a salvaguarda e a divulgação do Património Cultural
Imaterial, o registo gráfico, sonoro, audiovisual ou outro das realidades sem
suporte material para efeitos do seu conhecimento, preservação e valorização,
bem como o registo dos bens culturais, móveis ou imóveis associados ao
património imaterial, sempre que aplicável.
Ao DPI compete cooperar com centros de investigação, estabelecimentos de
ensino superior, autarquias e particulares, com vista ao registo e divulgação
dos bens imateriais, bem como estimular estudos e o desenvolvimento de
metodologias de investigação para a salvaguarda eficaz do património cultural
imaterial.
O Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) tutela 28 museus e 5
palácios nacionais que, no seu conjunto, constituem lugares e obras de vulto,
do património nacional.
Tratar destes tesouros é a principal função e, por isso, nos
últimos anos, os museus e palácios têm vindo a ser dotados com condições
adequadas de conservação e complementados com outras que visam torná-los
espaços cómodos e atrativos para os públicos.
Vale a pena entrar nestes espaços porque eles são lugares de
cruzamento de saberes, emoções e projectos, que pertencem a todos nós e onde os
interesses de cada um encontram sempre uma confirmada ou inesperada resposta. E
se a resposta for uma nova questão, é preciso começar outra vez, como quem
entra e sai, com à vontade, de uma casa familiar.
Entrar num museu é mergulhar na cultura de um país é ficar
inebriado com a riqueza patrimonial que nos é dado observar.
Vou referir apenas dois que, pela sua proximidade, me
despertaram a atenção sem sobrevalorizar ou menosprezar qualquer um deles. Cada
um tem as suas peculiaridades, a sua fisionomia própria, mas todos têm, em
comum, a enorme fonte de conhecimento, cultura, deslumbramento. São estas as
sensações que experimento, sempre que me encontro no papel de turista em
qualquer museu nacional ou fora de portas.
O Museu de Aveiro, museu de
história e arte, instituído no antigo Convento de Jesus, da Ordem Dominicana
feminina, em Aveiro, é formado pela área monumental e pela exposição
permanente.
A área monumental evidencia o
traçado conventual que remonta ao séc. XV, designadamente da Igreja de Jesus e
do claustro, concluídos no séc. XVI, o estilo barroco do coro baixo, com o
túmulo da Princesa Santa Joana (1693-1711), do coro alto e de diversas capelas
devocionais, dos sécs. XVII e XVIII, e a fachada “apalaçada”, fisionomia do
museu, do séc. XVIII.
A exposição permanente apresenta
obras de pintura, escultura, talha, azulejo, ourivesaria e têxteis, dos sécs.
XIV-XV ao séc. XIX, provenientes de conventos extintos de Aveiro e de outras
regiões do país. Da coleção do Livro Antigo e dos Manuscritos, documentos da
fundação do convento e da vida da Princesa Santa Joana (m. 1490), filha de D.
Afonso V, figura incontornável na história do Convento.
Do acervo do Museu constam ainda as coleções de Cerâmica, Vidros, Metais e a
Arqueologia
O Museu Marítimo de Ílhavo
(MMI) foi fundado a 8 agosto de 1937 e começou por assumir uma vocação
etnográfica e regional.
É testemunho da forte
ligação desta população ao mar e à Ria de Aveiro. A “faina maior” (a pesca do
bacalhau à linha com dóris de um só homem) nos mares da Terra Nova e da
Gronelândia e as fainas marítimas, da Ria, são as referências patrimoniais do
Museu.
A cada um dos temas corresponde
uma exposição permanente que oferece ao visitante a possibilidade de
reencontrar inúmeros vestígios de um passado ainda recente.
Na Sala dos Mares, a
terceira exposição permanente do Museu, encontra-se uma variada coleção de
modelos de embarcações que exprimem a diversidade do património
marítimo-fluvial português e a forte ligação ao mar.
Além da riqueza das suas coleções
e exposições, o edifício onde hoje está instalado o MMI, inaugurado a 21 de
outubro de 2001, é só por si uma obra de arte pública. É um belo exemplar de
arquitetura moderna, tendo sido distinguido pela crítica, em diversos momentos.
O MMI alberga uma vasta
coleção de objectos relacionados com a pesca à linha do bacalhau e com as
fainas marítimas da Ria de Aveiro com destaque para as diversas artes de pesca
da laguna.
O vastíssimo acervo deste Museu
subdivide-se em três grandes coleções: coleção de cultura material relativa à
pesca à linha do bacalhau, coleção da etnografia da ria de Aveiro e coleção
de arte.
Temporalmente, estas coleções
abarcam o final do século XIX até ao século XX. Incidindo sob a área geográfica
de Portugal, refletem a vivência marítima e a influência da pesca nas
populações ribeirinhas.
Visitar o MMI é embarcar numa
aventura dos sentidos; conhecimento e lazer. Com as indicações preciosas dos
guias que nos acompanham, nem sequer eu... corro qualquer risco de perder
o norte!
Devo só referir, em relação a este
museu, duas coisas, a nível pessoal, que provocaram aquele deslumbramento,
atrás mencionado: da primeiríssima vez que o visitei, há tempos imemoriais,
fiquei verdadeiramente “grudada”, em qualquer coisa marinha, já que o museu
fala do mar (!!), mas nem foram os barcos, nem os manequins, nem os
mapas... foi, isso sim, uma coleção monumental de conchas que fazem parte
da minha natureza humana! Devo ter nascido dentro duma ostra, (sem pérola, não
cabíamos ambas lá!), como está no imaginário popular, para ter este fascínio
por estes pedacinhos de calcário, que a natureza artisticamente esculpiu! A
outra coisa, já que eram duas, é a minha admiração, quase veneração, pelo
conservador deste museu, Dr Álvaro Garrido... pois só um homem deste
quilate consegue revitalizar um espaço que... tratando de coisas
mortas, exerce uma tão grande atração sobre os vivos!
É sempre um enorme prazer para mim,
deslocar-me ao MMI, para ouvir uma conferência, um recital ou no acompanhamento
da malta miúda, em visita de estudo. Quando sou incumbida dessa tarefa,
rejubilo, pois adoro visitar museus! Acho que aprendo mais que os alunos!
18.05.2012