Texto de Maria Donzília Almeida
"A objecção, o desvio, a desconfiança serena,
a vontade de troçar são sinais de saúde:
tudo o que é absoluto pertence à patologia."
Friedrich Nietzsche
Segundo a OMS, (Organização Mundial da Saúde), a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças.
Quando, nos tempos da monarquia, a saúde se pagava em reis, ter “dez reis de saúde”, significaria ser saudável?
Devemos pensar a saúde, como profilaxia da doença e não como o tratamento dela. É claro que este está tão enraizado, dando lucros a tanta gente que a mudança de paradigma é hoje uma tarefa hercúlea. Discutem-se sempre tratamentos, investimento em medicação e vemos a factura da saúde inflacionar, de forma alucinante.
A saúde começa na educação dos seus utentes, na responsabilização pela sua qualidade de vida. Vêem-se pessoas recorrer aos hospitais, para fazerem um check-up "gratuito"... Não terão as pessoas desresponsabilizado o seu papel na saúde, transferindo-o para os profissionais?
O desinvestimento na base, resulta deste paradigma social. Há muito, que nos tornámos no país do imediato. Deve mobilizar-se a política da saúde para a ação, não apenas focada nos centros de saúde, mas para o doente, no seu contexto familiar e para o apoio e atuação dos profissionais. Incrementar uma rede de intervenção no domicilio, é o passo fundamental para reorganizar o tão, badalado SNS. O nível de desenvolvimento de um país, mede-se, também, pela eficácia dos cuidados de saúde, prestados à população.
Com o envelhecimento desta, há que dar mais atenção a esta faixa etária. Uma boa saúde dá mais vida aos anos. “Ageing and health: Good health adds life to years“ (Dar vida aos anos), é o tema do Dia Mundial da Saúde de 2012, neste dia 7 de Abril. Trata-se de reconhecer que uma boa saúde, ao longo da vida, pode ajudar os idosos a terem vidas mais preenchidas e produtivas e permanecerem um recurso para as suas famílias e comunidades. O envelhecimento diz respeito e responsabiliza todos, em qualquer local onde se viva.
Os idosos, como cidadãos que já deram o seu contributo para o país, para a construção da sociedade, têm todo o direito de ser bem tratados. Compete ao estado, criar as condições de apoio e assistência, para que aqueles tenham a qualidade de vida que merecem, e o tratamento correspondente. As instituições que foram criadas nesse sentido, devem apoiar aqueles que por decisão própria, cuidam dos seus idosos no seio da família. Aí, são-lhes prestados todos os cuidados de saúde, num ambiente afetuoso e mais humanizado. As incapacidades que os idosos vão manifestando, encontram um sem número de meios de as atenuar, quando não de as resolver. Problemas auditivos, visuais, de locomoção, são amplamente minorados, com as novas descobertas e os avanços tecnológicos.
Há pessoas de idade que são exemplos de vida ativa. Mirtha Nordet, oftalmologista reformada e o seu neto Damion, são muito chegados. Quando a avó de 69 anos, reformada, se ofereceu para lhe dar as primeiras lições de salsa, ele acedeu de braços abertos.- Quero que os meus netos aprendam o máximo da cultura e tradições do meu país, Cuba! - disse a avozinha, que tem aulas de dança, várias vezes por mês. - A salsa funciona, para mim, como uma libertação. Dá-me energia e deixo de pensar. Apesar de alguns problemas nas costas, Mirtha espera ainda dançar, por muito mais tempo.
O relatório Lalonde, A new perspective on the health of Canadians, elaborado no Canadá em 1974, sugere que existem quatro determinantes gerais de saúde, incluindo a biologia humana, ambiente, estilo de vida e assistência médica. Assim, a saúde é mantida e melhorada, não só através da promoção e aplicação da medicina, mas também através dos esforços e opções de vida inteligentes do indivíduo e da sociedade.
As pessoas podem melhorar a sua saúde, através de exercício, qualidade de sono, mantendo um peso saudável, limitando o uso de álcool e evitando fumar.
Um dos principais factores ambientais que afetam a saúde é a qualidade da água, especialmente para a saúde dos lactentes e das crianças, em países em desenvolvimento.
De acordo com a OMS, os principais determinantes da saúde incluem o ambiente social e económico, o ambiente físico e as características e comportamentos individuais da pessoa. Em geral, o contexto em que um indivíduo vive é de grande importância na sua qualidade de vida e em seu estado de saúde. O ambiente económico-social é determinante no estado de saúde dos indivíduos, dado que, altos níveis de literacia estão relacionados com um alto padrão de vida e maior rendimento económico.
O ambiente físico é talvez o fator mais importante que deve ser considerado na classificação do estado de saúde de um indivíduo. Uma boa habitação, numa zona residencial com infraestruturas funcionais, ar limpo, acessibilidades, são importantes para a boa saúde.
A OMS define, ainda, a engenharia sanitária como sendo um conjunto de tecnologias que promovem o bem-estar físico, mental e social. Sabe-se que sem o saneamento básico, a saúde pública fica comprometida. Reconhece ainda, que por cada unidade monetária, dólar, euro, etc. dispendida em saneamento, se economiza cerca de quatro a cinco unidades em sistemas de saúde (postos, hospitais, tratamentos, etc.) e que cerca de 80% das doenças mundiais são causadas por falta de água potável suficiente para atender as populações necessitadas.
Por fim, para uma boa saúde, já que não sou egoísta, partilho a minha receita anglo-saxónica: “An Apple a day, keeps the doctor away!”(Uma maçã por dia, afasta o médico!)
07.04.2012