Desempregados de 1933
Quando em 1976, me debruçava sobre este tema, como background dos estudos de literatura norte-americana, que fazia na altura, não imaginava a pertinência que o mesmo teria, 36 anos mais tarde. Não pretendo fazer um balanço da situação económica do país, nem tampouco arvorar-me em crítica do ministro das finanças, Vítor Gaspar. Hoje, em que a história nos evoca este acontecimento tão marcante para a humanidade, sinto que há um grande paralelismo entre a situação vivida nestes dois países, em espaço e tempo distintos. Qualquer semelhança entre as duas realidades... não é pura coincidência!
Após a primeira guerra mundial, 1918, os EUA eram o país mais rico do planeta. Além das fábricas de automóveis, eram os maiores produtores de aço, comida enlatada, máquinas, petróleo, carvão….
Nos 10 anos seguintes, a economia norte-americana continuava a crescer, causando euforia entre os empresários. Foi nessa época que surgiu a famosa expressão “American Way of Life”. O mundo invejava o estilo de vida dos americanos.
Os anos 20 foram realmente uma grande festa! Nessa época, as ações estavam sobrevalorizadas devido à euforia económica. Esse crescimento económico, o “Great Boom”, por ser artificial e aparente, portanto, logo se desfez.
De 1920 até 1929, os americanos iludidos com essa prosperidade aparente, compraram várias ações em diversas empresas, até que no dia 24 de outubro de 1929, começou a pior crise económica da história da América.
Foi a mais grave crise económica mundial do século 20. Tudo começou devido a um grande desequilíbrio na economia dos Estados Unidos. Durante a década de 1920, houve um rápido crescimento do mercado de ações no país, com os americanos a investir loucamente nas bolsas de valores, acreditando que elas se manteriam sempre em alta. Cidadãos comuns vendiam as próprias casas para comprar ações, atrás de um lucro fácil e, teoricamente, seguro. No entanto, em meados de 1929, a economia do país começou a dar sinais de mudança. Os Estados Unidos entraram em recessão e muitas empresas tinham-se endividado, em excesso, durante o período de euforia. Em outubro de 1929, diante desses sinais negativos, os preços das ações desabaram, provocando a quebra da Bolsa de Valores de Nova York.
O colapso na economia americana logo se espalhou pelo mundo, pois os Estados Unidos tinham-se tornado o principal financiador dos países da Europa após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), conflito que enfraqueceu o continente. A Europa também sentiu os efeitos políticos da crise, pois a democracia e as ideias liberais ficaram desacreditadas, estimulando o surgimento do nazismo alemão e do fascismo italiano. Em 1933, o presidente Franklin Roosevelt lançou um programa chamado New Deal "novo acordo”, realizando grandes projetos de obras públicas para promover a recuperação económica. Mas a Grande Depressão só seria definitivamente encerrada anos depois, durante a Segunda Grande Guerra, 1939-1945.
Transpondo-nos para a atualidade, a directora-geral do FMI e antiga ministra das Finanças de Nicolas Sarkozy, Christine lagarde alertou que, na ausência de políticas fortes, em particular da Europa para travar a crise do euro, o mundo resvalará com grande probabilidade para uma crise de grandes proporções, semelhante à Grande Depressão, que nos anos 30, no rescaldo do "crash" da bolsa nova-iorquina, juntou recessão, elevado desemprego, queda de preços e o regresso em força de medidas proteccionistas.
Esta crise foi comentada por politólogos, psicólogos, sociólogos, mas numa análise da sabedoria popular, a lição a tirar, seria. “Dar-se o passo, conforme a perna!
05.03.2012