PITADAS DE SAL – 8
O SAL
Caríssima/o:
«Desde o momento em que se inicia a preparação da marinha para a gestação do sal, passando pela recolha da água nos canais vizinhos, sua engorda salineira, e toda aquela teia delicada de que o marnoto se vale na luta heróica pela sua subsistência, até ao limiar da morte do sal em pleno Outono, sempre o marnoto é tocado de carinho, engenho e arte.
O sal de Aveiro não nasce, como nascem e medram os frutos silvestres. É feito pelo marnoto, com o seu talento, sofrimento e dedicação.» [Victor Manuel Machado Gomes]
«Já em textos de 1057 se faz referência às águas marítimas de Esgueira.
Era na altura a produção e o comércio do sal origem da riqueza desta região, então com o mar a banhar-lhe os pés.
O sal de Aveiro imperou nos mercados nacionais e estrangeiros até ao século XVII...
Exportações de Aveiro: sal, laranja e cortiça; e vidro e porcelana da Vista Alegre.»[ p. 53 do Diccionário Geographico Abreviado de Portugal e suas Possessões Ultramarinas, P. Francisco dos Prazeres Maranhão, 1852]
Não, não, não. Os nossos jovens, por mais esforços que façam, não conseguirão ver ou imaginar o que representava o sal para a vida de antanho. Se hoje até os médicos mandam que se evite o sal, um dos maiores inimigos da nossa saúde!
Sem recuar muito, mas o suficiente para eliminar o frigorífico... Se não puséssemos sal no peixe e na carne... passado pouco tempo: Fujamos que é um cheiro que não se aguenta! Está tudo estragado!
Apenas uma palavra nos dirá tudo sobre o valor do sal: salário!
«O termo tem origem no latim salarium argentum, "pagamento em sal" – forma primária de pagamento oferecida aos soldados do império romano.
Naquela época, o sal era uma iguaria muito cara, e que podia ser trocada por alimento, vestimentas, armas, etc.»[Wikipédia]
Certo é que a nossa região era privilegiada:
“Quando iam para a estação do caminho-de-ferro os carros de bois que levavam o sal, vinham as cozinheiras, estendiam ao condutor as suas vasilhas, só lhes agradecendo a dádiva”. [D. João Evangelista de Lima Vidal]
Afinal que sal?
Sal das cozinhas ou sal comum; fino, traçado ou grosso (conforme o tamanho dos cristais); sal de espuma ou peles; sal de revolta; sal de troca; sal navego; sal vermelho; sal marinho, sal gema, sal aromatizado; sal refinado; sal de mesa...
O sal pode ser fluoretado e iodado...
A flor de sal também era conhecida, no século XIX, em Aveiro, por «sal de espuma», por ser um «sal finíssimo formado à superfície das águas-mãe, que nunca se precipita para o fundo dos cristalizadores e que concentra as máximas qualidades do produto».
O sal de Aveiro «é muito mais do que sal».
É matéria-prima para alguns produtos de qualidade, em que o primeiro é o sal ecológico...
O sal marinho, obtido por evaporação da água do mar, é um sal usado como ingrediente na cozinha e em produtos cosméticos.
Quer-me parecer que um sal bem salteado dá para temperar conversa...
Manuel