terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Charles Dickens: nasce a 7 de fevereiro

Um texto de Maria Donzília Almeida


Charles Dickens nasceu no dia 7 de fevereiro de 1812, assinalando-se hoje, o bicentenário do nascimento do reputado escritor britânico.
Nome eterno na sua arte, Charles Dickens, foi considerado o mais popular romancista da era vitoriana, conquistando fama mundial com os romances e contos que escreveu. A sua escrita retrata a realidade do seu tempo e contribuiu decisivamente para a crítica social, na literatura inglesa, da forma como a conhecemos na atualidade.
A primeira formação foi-lhe dada pela mãe, em demoradas lições de Inglês e de Latim. Na sua infância e juventude, tinha como principal passatempo ler livros de Tobias Smollett, Daniel Defoe, Goldsmith, Henry Fielding, alguns dos seus autores preferidos.
Que exemplo excelente, a deixar e contagiar a massa enorme de alunos que enchem as escolas portuguesas e que tanto gostam de imitar os outros! E, com bibliotecas super equipadas, que fariam inveja ao próprio Charles Dickens! Hoje, dá Deus o pão a quem não tem dentes!
‘Dom Quixote’, ‘As Mil e Uma Noites’ e ‘Gil Blas’ foram algumas das centenas de obras que devorou, ao longo da sua infância e que seriam as bases do seu futuro estilo literário.
Charles Dickens contava então 12 anos, idade que na sociedade da época era considerada ‘válida’ para ingressar no mercado de trabalho. A empresa Warren’s foi o primeiro local de trabalho do jovem, onde produzia graxa para sapatos.
Aqui, escreve-se também uma parte da personalidade literária do escritor britânico. Ao longo da sua obra, trata de forma vincada as condições de trabalho deprimentes da classe operária.
As palavras conduzem o seu destino profissional: torna-se jornalista, cronista judicial e faz a cobertura de campanhas eleitorais da Grã-Bretanha. ‘Esboços de Boz’ era o nome de um trabalho que assinava, pequenos trabalhos jornalísticos de comentários de costumes, publicados no ‘Morning Chronicle’, no ano de 1833.
Em 1836, Charles Dickens casa-se com Catherine Hogarth, com quem teve 10 filhos!!!
Dois anos mais tarde, escreve o romance ‘Oliver Twist’, que apontava os defeitos da sociedade vitoriana. Dickens transportava para os seus livros toda a vivência dos seus 26 anos.
Cinco anos depois, cria ‘A Christmas Carol’, um livro bem sucedido, ao qual se juntam outros, em catadupa, como ‘The Chimes’, em 1844, ‘The Cricket on the Hearth’, em 1845, ou ‘Dombey and Son’, em 1849.
Estava precisamente a chegar o romance mais popular da sua obra: ‘David Copperfield’, também em 1849. É possível perceber a sua vida, as mágoas, a crítica social, nessa obra literária. ‘Tempos Difíceis’ chega em 1854, sendo Charles Dickens já, um nome incontornável na literatura.
O escritor era figura proeminente da sociedade, mas cometeu um ato reprovável pela mesma: divorciou-se, em 1858, deixando a sua esposa com 10 filhos. A vida conjugal do escritor emerge e faz parte da história da sua vida, com suspeitas de infidelidade.
Mas se Charles Dickens nos deixou um legado literário onde se incluem títulos como "Oliver Twist", ou "A Christmas Carol", não é menos verdade que a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa foi a sua maior façanha. Um homem que vivia no seu tempo, Dickens atravessou um importante período na história britânica que acompanhou a passagem de uma Inglaterra industrializada para uma era de puro capitalismo, com a expansão do império Britânico e um progresso social e político na esfera da vida inglesa. 
É neste contexto que a literatura de Dickens encontra um terreno fértil, juntamente com a ascensão da burguesia e o declínio operário, para a proliferação de personagens tragicómicas, altamente complexas e que se tornaram memoráveis na literatura e na sociedade inglesa.
Tendo como principal público, a população anglófona (na altura a mais alfabetizada do mundo) Dickens consegue o equilíbrio perfeito entre a crítica social, abordando temas polémicos como o trabalho e o abandono infantil, mas consegue manter-se, ao mesmo tempo, à parte de uma conotação comunista ou mesmo revolucionária, conseguindo usufruir do lado excitante da vida. 
Dickens morreu a 8 de Junho de 1820 de ataque cardíaco e deixou um extenso legado de extraordinárias histórias onde se contam uma vintena de romances. Acaba sepultado na Abadia de Westminster, no ‘Poets' Corner’ (Canto dos Poetas).
Na lápide de Charles Dickens, as palavras: “Apoiante dos pobres, dos que sofrem, e dos oprimidos. Com a sua morte, desaparece um dos maiores escritores de Inglaterra”
A vida e a obra de Charles Dickens são tão fascinantes, que apenas se levantou a ponta do véu.
Àqueles que ainda não tiveram o privilégio de visitar Terras de Sua Majestade e são simpatizantes da Monarquia (!?),lanço o repto para uma visita, a Londres, neste ou no próximo mês e assistirem, de perto, às comemorações do bicentenário do nascimento de Dickens! Verão que não se vão arrepender! Há uma panóplia de programas, referentes ao escritor, para além de todos os possíveis e imaginários, numa grande metrópole como é a capital inglesa.
Em alternativa, numa forma low cost de viajar, será uma forma atrativa, de revisitar a obra literária que vos fará, certamente, viajar por cenários deslumbrantes e personagens perfeitas e imperfeitas, mas sempre complexas e profundas como o resto da humanidade.

07.02.2012

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