sábado, 3 de dezembro de 2011

O país suspirou de alívio




HOMENAGEM A MÁRIO DE ALMEIDA
Maria Donzília Almeida
O país suspirou de alívio, com a notícia do resgate, com sucesso, dos náufragos das Caxinas, no dia de ontem. Na verdade, foi com comoção que assisti, pela televisão, à notícia detalhada, do salvamento de 5 pescadores que andaram à deriva, durante três dias. Quase tinham chegado ao limite das forças, quando um helicóptero da aviação portuguesa conseguiu essa brilhante façanha: um resgate total de todos os cinco pescadores. Ponho-me no papel dos familiares, nas horas de angústia que viveram, aqueles que trazem sempre o coração nas mãos!
Ainda, hoje, na rádio, se falava no caso e o que mais me tocou, foi ter ouvido que o presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, Dr Mário Almeida, esteve no terreno, a falar com os náufragos e a inteirar-se da sua situação. Ocorreu-me de imediato um enorme sentimento de gratidão e confirmei como este é um grande homem!
Em 1986, fui colocada nas Caxinas, na altura morava no Porto, para ensinar aquelas crianças, que tinham a força do mar, dentro do peito. Mas essa força é domável, com amor, carinho e respeito. Guardo a recordação do Gil, nome que agora está na mó de cima e do aluno que me deu uma mão cheia de “beijinhos” (minúsculas conchinhas que se assemelham a dois lábios sobrepostos). Lá estão na minha extensa coleção, para gáudio das minhas visitas.
Estive na terra de José Régio, que ele tão bem cantou,
Vila do Conde espraiada
 Entre pinhais, rio e mar, 
 Lembras-me Vila do Conde 
 Já me ponho a suspirar!
durante dois anos e foi no início do 1º ano, que conheci o Dr Mário de Almeida. Como político informado e homem de vistas largas, convidou os professores das escolas preparatórias (assim se designavam na altura) para uma visita de reconhecimento ao concelho, alfobre donde viriam os nossos alunos, nas suas trinta freguesias: Arcos, Árvore, Aveleda, Azurara, Bagunte, Canidelo, Fajozes, Ferreiró, Fornelo, Gião, Guilhabreu, Junqueira, Labruge, Macieira, Malta, Mindelo, Modivas, Mosteiró, Outeiro, Parada, Retorta, Rio Mau, Tougues, Touguinha, Touguinhó, Vairão, Vila Chã, Vila do Conde, Vilar e Vilar do Pinheiro -, A nível arquitetónico, Vila do Conde oferece um vasto leque de monumentos a visitar, como o Mosteiro de Santa Clara, a Capela do Socorro, a Igreja Matriz, o Forte de S. João Baptista, a ermida da Senhora da Guia, cuja construção aponta para o século X / XI, casas solarengas, o aqueduto, sem esquecer, claro, a casa onde nasceu e viveu José Régio. Tem cerca de 74000 habitantes. Os 18 km de praias conjugam-se com a ruralidade das freguesias mais a interior, sendo visíveis legados da pré-história, como o Castro de S. Paio, ou a Cividade de Bagunte, exemplares de arquitetura do românico, como a igreja de Rio Mau, as casas e solares rurais e brasonados ou a tradição monástica de Junqueira, Azurara ou Vairão.
Como anfitriã de uma das mais prestigiadas feiras de artesanato, também esta é uma característica marcante em Vila do Conde. Desde a tradição das mantas de trapos, as camisolas de lã, os trabalhos em ferro forjado, a escolha é vasta, com particular relevo para as rendas de bilros, de tradição secular. Na gastronomia, destaque para a doçaria conventual, que a sabedoria das freiras das casas conventuais legou.


Casa de José Régio

No final do passeio, fomos recebidos pelo Dr Mário de Almeida, nos Paços do Concelho, onde nos esperava um gostoso lanche oferecido pela edilidade. Saboreei o lanche, estávamos todos com apetite depois daquela imensa caminhada, na visita aos monumentos. O que eu devorei, verdadeiramente........com os olhos, foi a exposição de rendas de bilros que decorria, na altura Inteirei-me da técnica de confeção daquela arte manual, feita com várias peças de madeira e, trouxe uma para o meu “enxoval”! Que maravilha! Que arte! E, o mais interessante é ser nos meios piscatórios que esta forma de artesanato se desenvolve, como em Peniche, No fim da degustação do lanche, o autarca dirigiu-se aos professores, numa breve alocução e reafirmou a importância vital da cooperação estreita entre a autarquia e a cultura/educação. São os professores os obreiros dos cidadãos de amanhã! Quanto mais apoio tiverem das forças políticas, mais sucesso terão na sua nobre missão e todos ficarão a ganhar. Os docentes aplaudiram, vivamente, aquelas sábias palavras e constataram, na vida quotidiana e rotineira das escolas, que não caíram em saco roto.
Daí, a minha viva admiração por este homem/político, que se demarca daqueles que só contactam com o povo, multiplicando-se em beijos e abraços, na época eleitoral. Fora disso, esquecem quem sofre, duramente, na pele as agruras da vida.
O Dr Mário de Almeida, não procura protagonismo, está no terreno, em qualquer circunstância, para servir o povo.
Devo referir que por todas as escolas por onde passei, sempre houve uma estreita colaboração, entre o poder local e a educação/cultura. Agora, estou na Gafanha......

1 comentário:

  1. Este homem tem-se demarcado pela diferença, independentemente da cor política que apresente. Os autarcas querem-se ao lado do povo, nos momentos bons e nos difíceis. Aqui, não importa o partido, as convicções políticas, importa o lado humano da pessoa. Neste particular, também se destacou pela sua atitude, o autarca de Castelo de Paiva, Paulo....que marcou presença, ao lado do sofrimento so seu povo. Pessoas destas merecem ser escritas com H maiúsculo! Mais do que qualquer reconhecimento político, fica a gratidão e o reconhecimento daquela gente!

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