Falar de “poupar” há tempos era lembrar um passado execrado. Chegou a crise, tal como em tempos idos, e “poupar” é palavra de ordem que cada um tem de traduzir a seu modo, sem preconceitos, com os pés no chão e os olhos no futuro, que às vezes é o das próximas horas. Já há um Dia Mundial da Poupança e fazem-se publicações onde abundam conselhos e sugestões. Há gente que ainda não acordou, mas o tempo não vai para distracções. Na minha geração e a seguir, os pais ensinavam a poupar. O pequeno mealheiro fazia parte do modesto património das crianças. Depois dos tempos de uma fartura fictícia, vieram os de uma crise real. A palavra “poupar” ressuscitou e anda aí pelas casas, pelas ruas, pelos mercados, a comandar a vida e as decisões, porque já se percebeu que não basta comprar e gozar. A vida tem prioridades essenciais, e mal vai a quem não o vê, ou teima em não o querer aceitar. Afinal, “poupar” tornou-se uma palavra moderna.
António Marcelino