Sem tabaco podemos saborear
melhor a comida e a bebida
melhor a comida e a bebida
Maria Donzília Almeida
Apesar das insistentes campanhas, levadas a cabo por vários organismos estatais e outros, a verdade é que o fenómeno do tabagismo continua a grassar na sociedade portuguesa, de forma preocupante.
Estima a OMS (Organização Mundial de Saúde) que seja a primeira causa previsível, de mortes, a nível mundial, cifrando-se em cerca de 12 mil portugueses por ano.
O tabagismo constitui um grave problema de saúde pública e é importante que passe do âmbito restrito do consultório médico, para o domínio social. É urgente implementar ações de sensibilização e educação para a população em geral.
O tabaco é considerado uma das drogas, socialmente aceites, que como tal, provoca dependência. O cigarro produz monóxido de carbono que bloqueia alguns glóbulos sanguíneos e não deixa o oxigénio circular. Pode ir até seis ou sete por cento em quem fuma muito e é um indicativo do cansaço que o tabaco provoca. Outros componentes do cigarro contribuem para que, um fumador tenha uma probabilidade de contrair um cancro do pulmão 23 vezes superior à de um não fumador.
Para medir os níveis de monóxido de carbono, no sangue, fazem-se testes tão simples, como para medir a alcoolemia, soprando um balão.
No campo da prevenção, é necessário que todos e cada um cumpram o seu papel pedagógico; o pai, que aconselhe e crie referências positivas ao seu filho; o treinador que faça o mesmo ao seu atleta. No âmbito da minha profissão, já tenho assistido a campanhas antitabágicas, no plano curricular de turma e alguns manuais escolares são o veículo para a difusão da prevenção. Ainda me lembro da linguagem expressiva que fazia parte do programa de português, ser exemplificada com a frase, pictoricamente muito sugestiva: pum, pum, cada cigarro mata um!
Nas aulas, sempre que a ocasião se propicia, no âmbito da educação cívica que cabe a todos, alerto os meus alunos, para os malefícios do tabaco e as vantagens em manter uns pulmões sãos e limpos. Numa idade em que a personalidade está em vias de formação e os jovens procuram modelos para se afirmarem, o empunhar do cigarro é a muleta para encobrir timidez, imaturidade, insegurança e uma forma de ser aceite pelo grupo. E... estar sentado num café, com a bica a fumegar e dar uma puxa no cigarro, levado à boca com gestos lânguidos, dá o toque de snobismo de quem se quer impor como gente!
Eu... deixei de fumar (!?), desde que o governo instituiu a nova Lei do Tabaco, que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2008 e proibia que se fumasse em lugares públicos.
Nos restaurantes, podemos, agora, saborear melhor a comida e a bebida, temos os sentidos mais apurados.
Em 2007, um estudo da Sociedade Espanhola de Epidemiologia, demonstrava que um em cada cinco mortos devido ao tabaco era fumador passivo. O tabaco pode trazer prazer e relaxamento aos fumadores, mas a soma de malefícios é muito superior. Com esta nova lei, só fuma quem quer! Já não há lugar a fumadores passivos.
Figuras públicas como: Rosa Mota, Manuel Cajuda, Pinto da Costa e João Pedro Pais têm dado a cara, em campanhas pedagógicas contra o tabaco. Não resultam nem se mostram eficazes, atitudes fundamentalistas, para com os fumadores, como alguns não fumadores, intolerantes e radicais, advogam. Nós, àqueles a quem muito queremos e são fumadores, devemos, carinhosamente dizer: Não fume pelo seu coração!
17.11.2011