O ruído ensurdecedor provocado por algumas intervenções na campanha eleitoral, e mesmo antes dela, esvaiu-se como nuvem de fumo brando. Ouvi de muita gente, preocupada com a situação política, social e económica do país, perguntas inquietantes sobre o que poderia acontecer depois da escolha dos portugueses. E afinal os portugueses escolheram e quando hoje acordei percebi que o clima estava sereno. Nada de grave aconteceu e a vida, quer queiramos ou não, prossegue com os ânimos agora renovados e esperançosos. O dia seguinte, como normalmente acontece, não passa de um dia normalíssimo, com os responsáveis políticos, vencedores e vencidos, a esforçarem-se por arrumar as suas casas, rumo ao futuro.
Os novos governantes já sabem a verdade do que os espera nos próximos quatro anos: ou governam com sabedoria, prudência e sentido das responsabilidades, ou sofrem as consequências, porque o povo, soberano e inteligente, saberá impor a sua vontade e marcar o compasso.
Estamos, realmente, numa democracia representativa, que não se esgota nos partidos políticos nem tão-pouco nas eleições legislativas ou outras. O povo descontente reagirá sempre em conformidade, e a sabedoria e sensibilidade de quem governa estarão na forma como se ouve ou se ignora o povo. E se não o quiser ouvir, nem sentir os seus dramas e inquietações, então que espere pela resposta.
FM