Portugal não pode continuar a ser isto!
Confesso, sinceramente, que tenho muitas dificuldades em perceber o que está dentro da cabeça de muitos dos nossos políticos. Devem ter nascido numa família onde ninguém se entendia ou onde era impossível viver com serenidade. Ou então, fora da casa paterna e materna, desenraizados, transfiguram-se e deixam vir lá de dentro, da cabeça, ódios, raivas, complexos, recalcamentos e nem sei que mais. Completamente transtornados, esquecem as razões da missão em que estão investidos, e o fel, escapando-se, boca e olhos fora, em jactos purulentos, atinge toda uma sociedade que não pode rever-se no espectáculo a que ontem assistimos. Uma vergonha!
Em vez de reflectirem sobre o tema da reunião magna do Parlamento, deputados e governantes envolveram-se numa disputa execrável, relegando para terceiríssimo plano a questão da crise económico-financeira que mantém o País à beira da bancarrota.
Zapatero, o primeiro-ministro da vizinha Espanha, disse, em entrevista ao i, na quarta-feira, que “alguns países da União Europeia estiveram à beira da bancarrota”. Tenho para mim que Portugal estaria nessa situação. Estaria, não. Estará, isso sim. E ninguém neste país cuida de se preocupar com essa realidade.
Há políticos que passam a vida a brincar com coisas sérias. Dá vontade de fugir desta gente. Mas como somos portugueses e patriotas, temos de ficar. Ficar para gritar, bem alto, que é preciso descobrir, ou redescobrir, uma forma democrática de acabar com a bagunçada em que nos deixámos cair. Portugal não pode continuar a ser isto!
Fernando Martins