Na loja de Deus só temos sementes e não árvores
Fui à feira do mundo. Atraído por um slogan, entrei na zona das lojas. Encontrei de tudo, até uma que, em reclame publicitário, reluzia ao longe: “Loja de Deus”.
Cheio de curiosidade, entrei com cuidado e pus-me a observar. Aproxima-se de mim o empregado que, solícito, me pergunta: “que deseja, senhor?”
Eu, que ainda não tinha desejos claros, senti-me cúmplice e disse, a conta-gotas, com humilde simplicidade: “Eu preciso de algo que suavize as minhas necessidades: paciência, sobriedade, atenção aos outros, delicadeza, humor, olhos limpos de preconceitos, coração sem pressas de julgar”.
«Quero felicitá-lo porque acertou em cheio. Aqui temos o que procura e ainda mais» – respondeu, sem demora, despertando em mim uma enorme curiosidade e alegria.
Ia a retirar-se quando lhe disse a quantidade dos produtos que pretendia. Anotou, sorridente, e foi-se.
A minha expectativa era enorme... Os momentos de espera foram longos e sofridos. Era desta vez que alcançaria o que há muito procurava.
Finalmente, vejo por trás da estante a silhueta do funcionário que regressa. Entro em agitação exultante. Aproxima-se de mim com uns saquinhos que continham pequenas quantidades, bem doseadas e arrumadas.
“Mas”… ia eu a perguntar, quando ele me disse com voz clara e ar sorridente: «Na loja de Deus, só temos sementes e não árvores. Ofereço-lhas, de boa vontade, pois aqui tudo é gratuito. O resto é consigo e com a sua família ou colegas de trabalho, com a sociedade e a comunidade cristã a que pertence.
A árvore e os frutos que produz são o símbolo da nossa vida. Hão-de brotar, crescer, amadurecer e serem saboreados com esforço persistente e ambiente favorável. Embora a seiva que lhe imprime tal ritmo e vitalidade ultrapasse a nossa compreensão. Pertence a Deus!»
Agradeci ao Anjo do Senhor o seu sábio conselho e, desde então, vou tentando ser um ramo novo da Árvore da Vida que um dia foi semente em germinação.
Georgino Rocha