BACALHAU EM DATAS - 24
A PRIMEIRA GRANDE GUERRA
Caríssimo/a:
1911 - «1911 fora um ano mau. Queixavam-se as empresas “de que os seus barcos trazem menos que no último ano alguns contos de réis da preciosa salga... Apanharam quase todos os restos de um tufão e tiveram na viagem um mar tormentoso. No regresso, o lugre SOPHIA perdeu um pescador, “o infeliz Cipriano José, natural de Ílhavo”. O capitão Manuel dos Santos Labrincha: “Ia o rapaz a sair das escadas da câmara quando um golpe de mar entrou por aí dentro e mo levou. [...] A câmara ficou com meio metro de água dentro. Os vidros desapareceram, rebentou-lhes com as portas, e lá vai o pobre rapaz sem o poderem salvar [...].” »[Oc45, 88]
1912 - «Em 1912, um ano fraco para a pesca do bacalhau, nasce uma nova sociedade, a “Boa União”, que inicia a construção dos seus armazéns.» [Oc45, 84]
«Em 1912, ao sair para a Terra Nova, o LUCÍLIA, da praça de Ílhavo, “esteve em risco de naufragar. Já fora da barra, amainando o vento, o iate encostou numa restinga do sul, tendo de alijar parte da carga de sal para poder safar-se”. Nesse mesmo ano de 1912, no regresso da Terra Nova, perdeu-se o ATLÂNTICO: ”encostou à praia, ao entrar, e se partiu perdendo-se. A carga, anunciada para vender em leilão, foi arrematada pela firma Pinto Leite, do Porto, à razão de 6$000 réis o quintal”.» [Oc45, 88]
«Tanto a Murraceira como o Cabedelo, Carneiro e outros locais da Figueira da Foz serviram para a construção de lugres bacalhoeiros já no primeiro quartel do século XX, quer pela mão dos Mónica, quer pela mão de outros mestres construtores navais como Sebastião Gonçalves Amaro ou Jeremias Novaes, destacando-se, entre outras, as seguintes unidades: GOLFINHO (1912), JÚLIA IV (1914), GUERRA SEGUNDO (futuro CORÇA e futuro GRANJA – 1919), SARAH (futuro GASPAR – 1919), CISNE (1920), MARIA DOMINGAS (futuro BRETANHA – 1923), SÃO PAULO I (futuro MARIA PRECIOSA – 1925).» [Oc45, 120 n. 14]
1913 - «Em 1913, eram já 38 os navios portugueses na Terra Nova. Aveiro contribui com 6 unidades. Nesse mesmo ano, a empresa Cunha & C.a constrói uma nova seca na Gafanha da Nazaré. No final desse mesmo ano, nasce uma nova empresa para a pesca do bacalhau, para o que adquiriu o lugre LUCÍLIA. Mas o crescimento da frota era lento e irregular.» [Oc45, 84]
1914 a 1918 - «Mas a pesca do bacalhau decaiu com a Primeira Grande Guerra. Depois do Armistício, o Estado disponibilizou algum auxilio aos armadores, assistindo-se a um incremento da pesca do bacalhau e da construção naval associada, que originou um novo relançamento da frota. Esta compunha-se de navios de madeira, de propulsão à vela, construídos maioritariamente nos estaleiros da Figueira da Foz, Aveiro e Viana do Castelo e armando em lugre, lugre-patacho, lugre-escuna, patacho escuna e iate.»[Creoula, 10]
«O período da I Guerra Mundial foi marcado por dificuldades várias, a começar pela irregularidade do volume do pescado, que de resto se fez sentir durante as primeiras décadas do século XX.» [Oc45, 85]
«Alberto Souto, membro da Comissão de Pescarias da Câmara dos Deputados: [...] “[E]nquanto nas Escolas Industriais dos centros piscatórios se não fizer um curso de aquicultura com as competentes demonstrações nos Viveiros Nacionais e nos Laboratórios de Zoologia Marítima, a indústria aquícola em Portugal continuará a ser o que hoje é – o atraso, a rotina e a devastação”. O papel do Estado não podia ser, em seu entender, “apenas o de um fisco avaro e de um polícia severo”.» [Oc45, 85]
Pelas palavras que lemos, ficamos com algumas certezas e muitas dúvidas.
Certamente que estou com Alberto Souto lá isso estou... mas parece que estas “guerras” estão perdidas antes de tempo!
Manuel