O vulcão dos bairros-de-lata
1. A mobilidade populacional, na procura de uma vida melhor, foi-se e vai-se concentrando nas cidades. Quantos postais denunciadores das desigualdades mostram as grandes torres ao fundo e as barracas e favelas da pobreza ao perto. A prestigiada revista Além-Mar (já no seu ano 52 – http://www.alem-mar.org/) traz no rosto da última edição (nº 575, Novembro 2008) uma dessas imagens do estendal da pobreza nos subúrbios da grande cidade. O título perplexo diz: Bairros-de-lata, vulcões prestes a explodir. Vem, assim, um complexo conjunto de problemáticas, em difícil conjuntura, desinstalar aqueles que vivem instalados numa concepção de bem-estar só para alguns…
2. O acentuado êxodo rural (do abandono da interioridade), as calamidades naturais que arrastam populações na luta pela sobrevivência, as guerras e perseguições que ainda existem em muitos países do mundo e que geram multidões de refugiados, a grave crise económica e financeira actual que aumenta tremendamente o fosso, o decrescer para a pobreza das classes médias… conjunturas de um renovado (e velho) mapa de preocupações. O avolumar das incertezas, das precariedades, a ausência de oportunidade justas como trampolim para o auto e heterodesenvolvimento trazem para a praça pública das ideias e cidades o desafio da sobrevivência que, no fundo, se transforma numa nova aprendizagem do exercício da subsidiariedade (do ensinar/aprender a pescar) e da solidariedade (do pão e água da sobrevivência diária).
3. Sente-se, também diante da conjuntura de crise financeira (que espelha a crise e a necessidade reguladora de ética mundial), que são necessários novos paradigmas globais de resposta para as novas problemáticas universais. Os múltiplos mecanismos sociais (da ciência às religiões, das economias às políticas) haverão de saber mais construir o fortalecer do “dar as mãos” na busca de inspiradas e humanísticas soluções. Ou teremos de aguardar até às reuniões dos G7, G8, 10… terem de fugir para a lua?!