João Paulo II, há 30 anos
1. Com o passar do tempo aprecia-se melhor a grandeza das pessoas. É normalmente assim. O tempo e as memórias ajudam a apurar o verdadeiro significado dos gestos e das palavras. Há 30 anos, a dia 16 de Outubro, iniciava o seu pontificado o homem de Cracóvia. João Paulo II é, indubitavelmente, uma das maiores personalidades da Humanidade do séc. XX. Afirmam-no, também agora que a distancia crítica é maior, gente dos variados quadrantes religiosos e sociopolíticos. Karol Woityla, na sua vida inteiramente doada, ajuda-nos a compreender a grandeza de um homem simples que soube cada dia viver com os pés na terra mas ancorado nas ideias dos “céus”.
2. A abertura do mundo (explicitamente) à era da globalização assinalado em Berlim (1989, queda do Muro de Berlim), a sua visão crítica e ética tanto do comunismo como do capitalismo, o acompanhar os progressos das comunicações (o primeiro Papa global), a mensagem da insistência pela Paz como desígnio e o diálogo ecuménico e inter-religioso como tarefa (Encontros de Assis), entre tantos outros, são factos que elevam João Paulo II; mas importa ir à raiz da sua acção. É a escola do serviço como exercício inalienável (fermento discreto e tolerante) do ser humano, do ser pessoa, do ser cidadão, do assumir uma filosofia e uma religião, do professar fé personalizada, do ser cristão.
3. Não há incompatibilidades entre religiões, sociedades, políticas e sistemas sociais quando se procura, efectivamente, a Verdade da Humanidade. Já as cegueiras unilaterais são o fim… Os sistemas fechados, bloqueadores ou aniquiladores da liberdade de pensar e agir foram desafiados à completa superação pelo homem de fé inteiramente livre que foi João Paulo II. Com o passar do tempo e a percepção de novos fechamentos (e mesmo de neoconservadorismos religiosos) pós-11 de Setembro, os anais da história ditarão em João Paulo II o autêntico profeta a seguir, peregrino da esperança e da paz na (Verdade da) Humanidade.