O ESTADO TEM A OBRIGAÇÃO
DE ESTIMULAR
BOAS VONTADES
Na agenda do Presidente da República continua o tema da inclusão social. Na semana passada avançou com mais um roteiro, desta vez apostando no combate à violência familiar, que tantas vítimas tem feito. Muitas denunciadas pela comunicação social e outras tantas, ou mais, que permanecem ignoradas entre as quatro paredes, por medo ou vergonha. Mulheres, crianças e homens, sobretudo os mais idosos, sofrem as consequências de familiares sem sentimentos. Violência física e psicológica, cuja solução tem de passar pela intervenção de entidades, as mais diversas, estatais e outras, e de pessoas.
Cavaco Silva vai visitar instituições que se têm distinguido no apoio às vítimas de violência familiar e que devem servir de estímulo às comunidades, para que possam assumir mais esta tarefa de apoio a quem sofre as consequências de comportamentos bárbaros de gente sem princípios ou doentes sem capacidade de autocontrolo.
O Presidente da República, decerto assessorado por pessoas e entidades bem informadas sobre o assunto, não deixará de mobilizar vontades para que o problema da violência familiar seja encarado com mais entusiasmo. As vítimas precisam, de facto, de pessoas e de instituições que apostem em novas formas de resposta aos dramas sociais de que vamos tomando conhecimento. Falando apenas de mulheres, em 2005 morreram 50 por causa da violência sofrida em casa.
Sei que há muitas IPSS e Misericórdias, a par de outras associações ligadas ao social, que vão avançando com respostas concretas a estes casos, dramáticos, da violência familiar, nomeadamente com apoios a mulheres e crianças. Mas muitas outras se ficam pelos tradicionais lares, creches, jardins-de-infância e ATL (o que já é muito bom), tornando-se urgente olhar para o lado, na tentativa de descobrir novas carências sociais. Ficar comodamente preocupados apenas com projectos delineados há anos é que não me parece correcto. Claro que, se é verdade que a iniciativa tem de pertencer às pessoas, comunidades e instituições, também é certo que o Estado tem a obrigação de estimular boas vontades e de apoiar quem quer trabalhar em prol de quem mais precisa, nesta linha da violência familiar, como noutras.
F.M.