domingo, 3 de julho de 2005
Um poema de Cabral do Nascimento
ADEUS
Manhãs serenas, pálidos
Dias sem sol, enevoados céus,
Opacas noites de perfumes cálidos,
Vejo tudo isso e digo adeus.
Frutos doirados, flores de estuante viço,
Rochas, praias, ilhéus,
Ondas do mar azul… Vejo tudo isso
E digo adeus.
Que importa que este fosse o meu desejo,
Se o envolve a sombra de pesados véus?
A vida existe para os outros. Vejo
Tudo isso, e digo adeus.
E porque é tarde, e estou cansado, sigo
A estrada do regresso; e quando volvo os meus
Olhos, além, vejo tudo isso e digo:
Adeus!
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