O ex-sacerdote e teólogo brasileiro Leonardo Boff, uma das vozes mais críticas aquando da eleição do Cardeal Joseph Ratzinger como Papa, considera que Bento XVI deu "bons sinais" até agora, revelando ter esperanças de que ele volte a ser um "liberal".
Em Abril deste ano, Boff tinha dito que, como cristão, aceitava e respeitava a decisão, fruto da eleição dos Cardeais, mas que seria difícil "amar este Papa, por causa da sua posição em relação à Igreja e ao mundo". Agora, durante um debate na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, admitiu que "a promessa de dialogar com as outras religiões é um dos bons sinais que Bento XVI lançou, porque o fundamentalismo é um problema que marcou judeus, muçulmanos e católicos".
"Imagino que as pressões das mulheres - que são a metade do mundo -, dos divorciados - que devem ser a outra metade -, e de todos aqueles que usam preservativos - que devem ser dois terços -, podem levar o novo Papa a ser novamente o teólogo liberal que já foi no passado", apontou.
Considerando que o Cristianismo é, sobretudo, uma religião do terceiro mundo, Boff disse que "chegou a vez dos bárbaros, das periferias". "O meu sonho é ver Ratzinger com a camisa vermelha, caminhando ao lado dos militantes do Movimento Sem-Terra", declarou.
Leonardo Boff recordou que, em 1969, Joseph Ratzinger o ajudou com dinheiro e com a sua recomendação a uma editora, para publicar a sua tese de doutoramento. "Naquele tempo, eu era seu admirador", confessou.
Fonte: Ecclesia