sábado, 25 de setembro de 2021

Sou um corpo que diz "eu"

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Conta-se que, uma vez, estava um miúdo com a mãe, junto ao cadáver da avó. A mãe explicou ao filho: "Vês? Agora, o corpo vai para a Terra, a alma foi para Deus. Quando eu morrer, o meu corpo vai para a Terra e a minha alma vai ter com Deus. Depois, quando tu morreres, também vai ser assim: o teu corpo vai para o cemitério; a tua alma vai ter com Deus." E o miúdo, aflito, perguntou: "E eu?"
Esta pequena história, na sua aparente ingenuidade, ilustra bem todo o enigma da constituição humana. O pensamento enveredou frequentemente pelo dualismo, que quer exprimir uma tensão vivida: eu sou um corpo que diz eu, mas ao mesmo tempo penso-me como tendo um corpo, pois o eu fontal parece não identificar-se com o corpo. Parece haver no Homem um excesso face ao corpo, experienciado, por exemplo, na possibilidade do suicídio: eu posso matar-me. Mas, por outro lado, eu não sou uma alma que carrega um corpo, à maneira de uma coisa que eu tivesse. Vivo-me desde dentro como sujeito corpóreo, um corpo-sujeito e matéria pessoal. O meu corpo sou eu mesmo presentificado, é a minha visibilização, sou eu próprio voltado para os outros. Numa concepção dualista de alma e corpo, os pais não seriam realmente pais dos filhos, mas apenas de um corpo que transporta ou é transportado por uma alma que viria de fora...

Gafanha da Encarnação - Igreja Matriz

 

Estive, há dias, na Igreja Matriz da Gafanha da Encarnação. Já por lá passei várias vezes e não me canso de apreciar este belo espaço que acolhe os que chegam, convidando-os ao silêncio e à contemplação. Aquele Cristo sai da cruz ressuscitado e salta para o mundo ao encontro de cada um de nós. Está vivo e de braços bem abertos para nos  abraçar e aconchegar.

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

A inteligência e o coração

"Não há inteligência sem coração. A inteligência é um dom, mas o coração tem que a suportar humildemente."

Agustina Bessa-Luís, 
escritora, (1922-2019)


Em ESCRITO NA PEDRA, 
no PÚBLICO

Escolhe a vida, diz Jesus, mesmo que te custe

Reflexão de Georgino Rocha para o Domingo XXVI do Tempo Comum

Qualquer estorvo pessoal que impeça entrar na vida deve ser eliminado. A preocupação de Jesus é que todos estejam livres para aderirem à sua proposta de felicidade, ao seu projecto de salvação, ou, dito com palavras bíblicas, ao reino de Deus.

A escolha da vida é a opção certa. Mesmo que muito custe. Jesus di-lo claramente, aos discípulos recorrendo a exemplos contundentes. E nós vemos situações que o comprovam. Se um membro do corpo humano constitui ameaça séria à vida, tem de ser amputado; de contrário, os riscos de morte podem ser iminentes. A sabedoria popular e as ciências médicas confirmam este modo de proceder: salvar a vida terrena, ainda que se percam bens muito valiosos e apreciados. Quanto mais a vida eterna. Mc 9, 38-43.47-48
O Papa Francisco exorta-nos a que nos lembremos “sempre que construir o futuro não significa sair do hoje que vivemos! Pelo contrário, o futuro deve ser preparado aqui e agora…” E que na “carta encíclica Fratelli tutti/Todos Irmãos, deixei expressa uma preocupação e um desejo, que continuo a considerar importantes: «Passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta. No fim, oxalá já não existam “os outros”, mas apenas um “nós”» (n. 35).

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

ROSSIO - Palmeira vestida

 


No Rossio, em Aveiro, há 10 anos, houve uma iniciativa curiosa. Quem aprecia, pode concluir que a ideia visou proteger a Palmeira do frio ou do calor. A sua altura, um pouco fora do comum, talvez tenha justificado a proteção. Ou não passou de uma forma de tornar mais belo e mais acolhedor o ambiente?

NOTA: O que aconteceu pode ser visto aqui 

As nuvens fascinam-me




As nuvens fascinam-me, vá-se lá saber porquê. Até sabia os seus nomes de cor, mas isso já lá vai. Quando era miúdo, habituei-me a ver os mais velhos a olharem fixamente o céu para depois prenunciarem chuva ou vento, mais hora menos hora. E julgo que a maior parte das vezes acertavam. Ainda me entretinha com amigos a descobrir monstros e outras figuras que as nuvens exibiam para nosso regá-lo. Mas também é verdade que alguns não tinham olhos nem imaginação para ver seja o que for.
Ainda agora não me canso de apreciar as nuvens que se exibem paradas, umas, e apressadas, outras. E com este bailar das nuvens, espetáculo em permanente mutação, num céu azul, consigo, tantas vezes, a serenidade que me enriquece o dia.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

São Jacinto passa para a Vera-Cruz

Efeméride
1856
22 de setembro


O Bispo do Porto, D. António Bernardo da Fonseca Moniz, declarou desistir da jurisdição que até então exercia no território da restinga de areia que, pelo decreto do Governo de Sua Majestade de 24 de Outubro de 1855, passara para as freguesias da Diocese de Aveiro; estava incluída a costa de São Jacinto, que foi transferida para a freguesia da Vera-Cruz (Rangel de Quadros, Aveiro - Apontamentos Históricos, I. fl, 187; João Francisco Teixeira de Pinho, Memórias e Datas para a História da Vila de Ovar, 1959, pgs. 210-211) - J

Calendário Histórico de Aveiro
de António Christo e João Gonçalves Gaspar